Capítulo 3

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Christopher Uckermann


Já fazia uma semana que aquela mulher morava na casa ao lado. Ao passar dos dias, pude notar ela olhando para cá, sem mais nem menos, então, resolvi brincar um pouquinho com ela, seria legal ter uma diversão a mais, apesar que eu senti que isso não era uma tarefa meio fácil. Tentei chegar nela algumas vezes no bar, mas ela se esquivava de todos os meus flertes.

Dulce era uma mulher bonita e inteligente, eu não sabia muito de seu passado, até por que ela não me contou, mas senti que não era hora de termos aquela conversa. Tentei perguntar a ela um pouco mais sobre sua vida quando estávamos indo para casa, mas ela sempre me respondia de forma seca, ter ela em minha cama realmente seria uma tarefa difícil.

No dia seguinte, fiz minha higiene e minha yoga matinal, esse era um hábito que eu não largava de jeito nenhum desde a adolescência, e como tive problemas de comportamento, esse tipo de atividade me fazia ficar mais calmo e tranquilo.

Vi que minha vizinha estava na janela de seu quarto, já que ficava uma de frente para a outra, então, resolvi mexer um pouco com ela, ontem ela estava muito bêbada, talvez não estivesse bem.

Quando ela resolveu me dar atenção, notei que estava com o rosto inchado e molhado por lágrimas, senti uma ponta de curiosidade misturada com pena, que se foi a partir do momento que ela foi grossa e fechou a cortina na minha cara. Aquela baixinha era esquentada demais, um desafio para mim, mas eu não iria desistir fácil assim. Mas já que ela não me dava atenção nesse momento, resolvi ir atrás de Natalia, que sempre me satisfazia quando eu precisava, depois eu pensava na ruivinha baixinha que morava ao lado.

Dulce Maria


Eu tinha me esquecido de certa forma o quão doloroso as lembranças do passado poderiam se tornar. Ver nossas fotos ali de momentos relativamente felizes estavam me destruindo. Ouvi um barulho vindo da porta, sabia que Anahí havia chego, mas não me mexi, apenas esperei que ela viesse até aqui.

- E aí, Maria? Acabei de ver seu vizinho gostoso entrar em casa com uma vara pau, isso vai ser interessante de.... - Annie parou de olhar assim que olhou para mim. - Dul, o que aconteceu?

- Eu estava limpando o apartamento e encontrei essa caixa com as lembranças do meu relacionamento com o Pablo.

- Amiga, achei que a terapeuta tinha mandado você jogar fora.

- Eu joguei... uma parte. Dói muito, Annie. Tanto olhar quanto a possibilidade de jogar tudo isso no lixo. Foram anos de relacionamento...

- Anos de um relacionamento abusivo em que todos tentaram abrir seus olhos. - ela me interrompeu. - queremos o melhor para você, e o Pablo com certeza não é esse melhor.

- Eu tenho consciência disso. - suspirei fundo e a olhei - quando foi que eu me perdi?

- Você estava apaixonada, cega de amores, achava que ele era o cara certo para você e cedeu todas as suas vontades. Isso é mais comum do que você pensa.

- Eu sei, não queria me sentir assim, eu ainda acho que o amo.

- Dulce, você não o ama, você ama a ideia do Pablo, a ideia do relacionamento "perfeito", que na verdade era perfeito apenas para ele, você não precisa disso.

- Acho que me acomodei mesmo, como eu aceitei tudo aquilo por tanto tempo?

- Um dia você vai achar a resposta, agora, vamos jogar tudo isso no lixo, rasgar todas as fotos e cartas e você vai ver como vai se sentir melhor.

- Tem razão, acho que preciso mesmo fazer isso.

- Ruivinha, eu sempre tenho razão, agora vamos, levanta daí, lava o rosto, abre essa cortina e... - Annie puxou a cortina para abri-la e arregalou os olhos totalmente estática no lugar, rapidamente, as cortinas foram fechadas novamente.

- O que foi, Anahí?

- O gostosinho aqui do lado está mandando ver na boneca de cerâmica, nem para fechar a janela antes ele teve tempo pelo jeito. - abri uma pequena fresta da cortina e dei uma leve espiada, mas logo parei, senti uma pontada no coração, mas deixei isso para lá, como sentir isso de alguém que eu mal conheço?

- Para de cuidar da vida dos outros, me ajuda com isso, vai.

- Ai que rabugenta, está com ciúmes, é?

- Ciúmes, Anahí? Dele? Acorda, por favor, faz cinco minutos que eu estava chorando pelo meu ex.- menti para ela, não aguentaria lidar com esse drama agora.

- Tem razão, até por que acho que você precisa recuperar todos os seus traumas antes de se aproximar de homens novamente.

- Isso com toda certeza.

Ficamos ali a tarde toda, Annie tentava me animar, dizendo que era uma nova fase da minha vida, mas eu só sentia dor, mas sei que tinha um fundo de decepção comigo mesma ali. Já fazem mais de seis meses que terminamos e aquilo ainda me corrói e me machuca como eu jamais senti.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora