Capítulo 29

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Dulce Maria

- Então, de onde você tirou essa moto? - eu disse me sentando no banco da cozinha, enquanto Christopher mexia nas panelas fazendo algo indecifrável para comermos, mas mesmo assim com um cheiro delicioso.

- Meu pai me deu essa moto quando eu fiz 18 anos. Desde a morte dele eu não pegava nela, a deixava guardada na garagem da academia.

- Por que pegá-la só agora?

- Não posso deixar meus traumas do passado me dominarem mais, Dul, estou cansado disso.

- Acho que sim... - suspirei e abaixei a cabeça, isso era algo que eu mesma fazia.

- Desculpa, Dul. - ele disse após arregalar os olhos.

- Não precisa se desculpar, Chris. Eu deveria fazer o mesmo, só não consigo totalmente ainda... Mas estou tentando, já somos amigos e até transamos, achei que nunca mais seria capaz de me aproximar de homem.

- Tudo tem seu tempo, pequena. Fico feliz em saber que te faço bem a ponto de você querer ficar perto de mim. - ele sorriu para mim, me fazendo ter a mesma reação. Me aproximei dele e o abracei por trás, dando um leve beijo em suas costas, e o senti beijar meus dedos.

- Obrigada por isso, e por me trazer com você também, acho que eu também precisava.

- Prometo te trazer mais aqui, tá?

- Sim! É lindo aqui!

- Fico feliz que tenha gostado. - ele se virou de frente para mim e me deu um beijo. - Pode me ajudar?

- Claro que sim, o que quer que eu faça?

Christopher foi me dando uns comandos e fui ajudando ele. Logo, colocamos a mesa e sentamos para comer, em meio de risadas e um clima extremamente descontraído.

Após o jantar, Christopher me mostrou a casa e onde cada coisa estava, me fazendo totalmente confortável e a vontade com o lugar. Tomamos um banho juntos e transamos mais uma vez, era inevitável estar perto dele nu e não me sentir totalmente molhada. Após isso, nos sentamos na cama para assistirmos um filme, mas senti Christopher extremamente incomodado.

- Chris, o que você tem?

- Nada, por que?

- Você está estranho.

- Não estou... Dul, só tem esse quarto, prefere que eu durma na sala?

- Por isso está assim? - olhei para ele e pude ver confusão em seus olhos. - Christopher, transamos e já dormimos juntos várias vezes, claro que você não vai dormir na sala. - sua expressão aliviou e ele passou o braço por meu ombro, me puxando de encontro ao seu corpo.

- Tudo bem...

- Não tem o menor problema em dormimos juntos, Uckermann. Já disse que me sinto confortável com você, fique tranquilo, ok?

- Só fiquei inseguro, Dul. Gosto de você mas não faria nada que te deixaria desconfortável...

- E quando eu me sentir, prometo que te falo, não fique assim, somos melhores amigos, você pode me dizer qualquer coisa.

- Eu vou, juro que não queria me sentir assim.

- Eu sei, mas é normal, você sabe apenas uma parte da minha história, é natural ficar assim.

- Acho que sim. - Christopher respirou fundo e me abraçou ainda mais forte, deu um beijo no topo da minha cabeça e eu me apoiei em seu peito desnudo, logo senti ele se deitar mais na cama, me levando com ele, em seguida, caímos no sono.

No dia seguinte, tateei o colchão e o senti vazio, abri meus olhos lentamente e me sentei na cama. Após um tempo ali, na mesma posição, resolvi levantar, fiz minha higiene matinal e fui atrás de Christopher, que se encontrava na cozinha, preparando o café da manhã completamente distraído, fiquei encostada no batente da porta o observando, até ele perceber minha presença ali.

- Bom dia, Dul. - ele abriu um lindo sorriso assim que olhou em minha direção, me aproximei e lhe dei um selinho.

- Bom dia! O que está fazendo?

- Nosso café da manhã, sente-se na mesa, vou levar as coisas para lá.

- Nossa, eu estou sendo muito mimada, vou ficar mal acostumada. - ele nada respondeu, apenas abriu outro sorriso maravilhoso em seu rosto.

Nos sentamos na mesa e começamos a tomar nosso café da manhã, percebi Christopher tenso e talvez até ansioso, suas pernas tremiam e ele estava mais quieto que o normal.

- Chris? O que você tem? Achei que tínhamos combinado de sermos totalmente sinceros um com o outro.

- Preciso te contar uma coisa mas não sei como você vai reagir, além disso, preciso de um favor...

- Me conte, está me deixando nervosa com essa sua ansiedade.

- Se lembra daquela mulher em minha casa aquele dia? - assenti com a cabeça olhando em seus olhos. - Nós fomos casados.

- O que? - Arregalei os olhos na mesma hora e ele segurou em minhas mãos.

- Calma, Dul. Nós não temos mais nada a uns anos. Mas, Muriel não vale nada, ela está tentando tirar tudo de mim, mais uma vez.

- Meu Deus, Christopher! Como assim "mais uma vez"?

- É uma história longa e dolorosa para mim, logo te contarei, mas o que eu preciso é de um favor, não seu, mas de Anahí.

- Quer que ela seja sua advogada?

- Acha que ela aceitaria? Não sei se ela gosta muito de mim...

- Chris, claro que sim, Annie adora você, ela só é protetora comigo, e posso te dizer que ela é uma excelente profissional.

- Graças a Deus, pode falar com ela?

- Claro, mas qual é o processo?

- Muriel está processando a academia por danos físicos, disse que se machucou por um erro de um dos professores, o que é total mentira.

- Como tem tanta certeza?

- Temos câmeras que ficam ligadas 24 horas por dia, ela se machucou propositalmente e estava sozinha, ela quer dinheiro de mim e não vai ter.

- Entendi. Por que você ficou com medo da minha reação?

- Não sei, não quero que me veja como um desleixado que não sabe o que faz, Muriel me tira a razão, Dul, não sabe como me arrependo de ter casado com ela.

- Tarde demais para isso, mas eu jamais te julgaria, Chris, por que está tão inseguro em relação a mim? - ele olhou em meus olhos e vi algo diferente ali, algo tinha mudado, e um medo súbito se instalou em meu corpo no mesmo momento.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora