Capítulo 70

691 75 38
                                    

Dulce Maria

Despertei pela manhã com o corpo totalmente dolorido pelo sexo da noite passada, Christopher realmente havia se superado. Falando nele, estávamos totalmente entrelaçados, cobertos apenas por um lençol fino e totalmente nus. Fiquei por um tempo velando seu sono e observando aquele homem lindo a minha frente, que agora, estava com seu corpo marcado, assim como o meu, e por um segundo, me senti vitoriosa com isso.

Sem me mexer muito para não acordar Christopher, tentei alcançar meu celular na móvel ao lado de nossa cama. Vi que tinha muitas mensagens ali, inclusive do trabalho, mas como era domingo, resolvi ignorar. Abri minha conversa com Anahí, já que tinha seis mensagens ali, e dei um grito quando vi do que se tratava.

"Poncho me pediu em casamento antes mesmo de eu falar que estava grávida!!!"

"você se prepare para ser a madrinha mais maravilhosa da festa"

"e do meu bebê também"

"Meu Deus, eu estou tão feliz"

"Dulce Maria, para de transar, me dá atenção"

"Mentira, pode transar, vou fazer o mesmo, até amanhã, bebita ❤"

- Meu Deus, Anahí está noiva!! - disse em um grito que acabou assustando Christopher.

- Que susto, Dul! - ele disse enquanto levantava seu corpo e coçava os olhos.

- Era isso que você não queria me contar ontem, né?

- Sim, queria ver sua reação quando ela te contasse. Mas e você? O que estava me escondendo?

- Annie está grávida!

- Que notícia incrível, amor! Uau quem diria que o Poncho não iria vacilar...

- Eu ameacei ele. - disse entre risadas e aproveitei para dar um selinho demorado nele. - Bom dia, mi Chris.

- Bom dia, mi Dul. Nosso dia vai ser cheio hoje, né?

- Sim! Então, vamos, levanta, vamos tomar banho. - ele abriu um sorriso malicioso e pude ver sua ereção matinal pulsar, o que me esquentou na mesma hora, mas não podíamos. - Só banho, Uckermann, ou tomamos separados. - seu sorriso se desfez e eu apenas o beijei rapidamente.

Respondi as mensagens de Annie no mesmo nível de surto que ela, e aproveitei para contar que iríamos ao orfanato hoje, eu estava com bom pressentimento sobre isso e era bom saber que minha amiga me dava total apoio.

Em aproximadamente uma hora, Christopher e eu estávamos prontos, já saindo de casa. Eu estava muito nervosa, não sabia o que nos esperaria, mas sei que era besteira. Pouco tempo depois, chegamos ao local, o orfanato era grande, totalmente colorido e parecia bem organizado.

- Vamos, amor? - ele disse assim que segurou minha mão, quando saímos do carro.

- Vamos.

- Não precisa ficar nervosa, Dul, se acalme, estou feliz em vir aqui apenas para visitar.

- Tudo bem, acho que é besteira da minha cabeça. - ele assentiu e começamos a caminhar até a entrada.

Assim que adentramos o local, fomos recepcionados por uma das monitoras que estavam ali, e como eu havia telefonado antes, elas sabiam da nossa presença. Fomos guiados até o pátio onde várias crianças brincavam, era um espaço grande, com parquinho, brinquedos e livros para todos eles.

Christopher conversava atentamente com a diretora do local, claro que adoção estava nos nossos planos futuros, saber desses processos seria importante. Soltei sua mão quando observei uma linda garotinha brincando sozinha em um cantinho próximo a nós, meu coração se apertou assim que olhei em seus olhos e vi a dor ali presente.

- Oi, tudo bem? - ela apenas assentiu olhando para mim, me agachei para ficar a sua altura mas acabei me sentando em sua frente. - Como você se chama?

- Sophie. - ela era linda, loirinha dos olhos bem azuis, quase como uma piscina e a pele de porcelana, poderia facilmente ser filha da Barbie.

- Por que está brincando sozinha, Sophie?

- Ninguém gosta de mim porque eu sou nova aqui.

- Posso brincar com você? - foi como se eu tivesse falado uma palavra mágica que fizesse seu rosto se iluminar, senti meu coração se apertar com aquilo, Sophie precisava de carinho e não tinha ali.

- Pode, como você se chama?

- Eu sou a Dulce, mas você pode me chamar de Dul. E aquele ali, é o Chris, meu namorado.

- Ele é bem bonito, igual você.

- Ele é sim, e você parece uma princesa, sabia?

- Minha mamãe dizia isso para mim, que eu era a Cinderela.

- Cadê sua mamãe, meu bem?

- Ela e o papai viraram anjinhos, eles cuidam de mim lá de cima agora, mas eu sinto falta deles aqui comigo. - senti lágrimas se formarem em meus olhos, ninguém merecia passar por essas coisas, ainda mais tão novos.

- Mas eles sempre estarão no seu coraçãozinho, e nunca vão te deixar sozinha.

- Acho que sim... - a menina ficou pensativa, então resolvi distraí-la com alguns brinquedos e logo, Christopher se aproximou de nós, sentando ali no chão também.

- Oi, amor, essa é a Sophie e estamos brincando de festa do chá, quer brincar com a gente?

- Claro que sim! - ele abriu um sorriso na mesma hora e pegou alguns brinquedos ali também. Sophie parecia hipnotizada com nós dois, ela se deu bem com Christopher logo de cara, e posso dizer que não queria ter que ir embora dali mais.

Deixei Christopher brincando com Sophie e me levantei dizendo que precisava ir até o banheiro. Os observei de longe e senti algo diferente dentro de mim. Caminhei até a sala da diretora Laura, para conversar com ela sobre a pequena, queria entender o que tinha acontecido.

- Sophie está aqui a duas semanas, aproximadamente, ela estava com os pais dentro de um carro quando o pai perdeu o controle da direção e capotou diversas vezes. Todos eles foram levados ao hospital, a mãe já chegou sem vida, o pai acabou entrando num estado de coma profundo e, após uma parada cardíaca, também faleceu. Sophie ficou bem, ela apenas quebrou um braço e teve alguns arranhões.

- E os avós dela?

- Pelo que fiquei sabendo, os avós paternos já faleceram a muito tempo, e os avós maternos não tinham contato com ela, não aprovavam o casamento da filha e muito menos a gravidez. Quando ficaram sabendo do acidente, apenas a visitaram no hospital e disseram que não iriam criá-la, que não era responsabilidade deles.

- Meu Deus, que horror! Quantos anos ela tem?

- Quatro aninhos apenas, escutou coisas horríveis da avó, realmente ela não merecia isso.

- Olha, Laura, se acontecer qualquer coisa com ela, por favor, me ligue, eu preciso conversar com Christopher antes mas sei que ele não vai se importar. Ela está fragilizada, disse que as outras crianças não brincam com ela, que não gostam dela, o que aconteceu?

- Acredito que seja por ela ser nova aqui, crianças criam uma resistência grande com mudanças, vou ficar de olho, Dulce, fique despreocupada!

- Certo, obrigada. - Me levantei e sai daquela sala com o coração apertado. Essa pequena garotinha de olhos brilhantes já tinha sofrido tanto, só de pensar em alguém fazendo mal a ela, a raiva me consome.

Me aproximei de onde ela estava com Christopher e vi uma das cenas mais bonitas de toda minha vida: Sophie estava sentada na perna dele, observando atentamente o livro a sua frente, enquanto Christopher lhe contava uma história e a fazia rir. Realmente eu precisava fazer alguma coisa sobre isso, me apaixonei por ela em tão pouco tempo, e podia ver o quanto Christopher também sentia o mesmo.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora