Capítulo 6

1K 104 22
                                    

Dulce Maria


Na manhã seguinte, eu estava dormindo tranquilamente como um anjinho, até por que só trabalharia mais tarde, e estava realmente cansada, até que um som ensurdecedor invade meus ouvidos, minha campainha estava tocando.

Levantei e vesti meu robe, sem me preocupar muito com minha aparência, afinal, não importava quem seria na minha porta, eu iria dispensar e voltar a dormir. Abri a porta e dei de cara com Christopher, usando uma calça de moletom, sem camisa e com uma toalha na mão.

- Christopher, são sete da manhã, o que você quer?

- Posso usar seu chuveiro? Sei que parece inconveniente mas o meu queimou e não consigo trocar agora, preciso estar no trabalho em uma hora. - respirei fundo afim de não ficar desconcertada com a imagem desse homem nu em meu chuveiro.

- Vai lá, usa o do meu quarto, o outro está queimado também.

- Prometo não demorar.

- Tudo bem, já me acordou mesmo.

Vi ele entrar e ir em direção ao meu quarto, senti uma pequena crise de ansiedade bater, sabia que era arriscado deixá-lo entrar, se aproximar de mim e tudo mais, mas já era tarde demais, agora eu só precisava descobrir um jeito de conviver com isso como uma pessoa normal conviveria.

Fui fazer para a cozinha fazer um café, já que eu estava acordada, iria aproveitar a manhã, até por que eu só teria que ir para o laboratório na parte da tarde. Estava longe em meus pensamentos quando ouvi Christopher tossir na porta do cômodo, me assustei levemente, mas nada demais.

- Obrigado por me deixar usar seu chuveiro, Dul, me salvou. - enquanto ele falava, fiquei um pouco desconcertada com seu abdômen sarado, gotas de água respingava do seu cabelo descendo por toda extensão do corpo. Christopher era o tipo de homem extremamente sexy, que não precisava muito para tirar o fôlego das mulheres por aí. Despertei dos meus devaneios segundos depois, percebendo que não ouvi quase nada do que ele havia dito.

- Desculpa, pode repetir? Eu não ouvi.

- Gostou do que viu?

- Cala a boca, idiota.

- Grossa! Eu apenas agradeci e perguntei se você estava bem.

- Estou, apenas com sono, nada demais.

- Certo. - o olhar dele se prendeu totalmente ao meu e eu me senti perdida por um momento, percebi que ele pensou o mesmo, já que me olhava com tanta intensidade. - Eu vou indo, até mais, Dul! - Ele se aproximou e deu um beijo em meu rosto, senti minha pele formigar com o ato mas disfarce bem.

- Até mais, Chris.

- Chris? Ganhei um apelido? Meu Deus estou te conquistando.

- Já até me arrependi! Tchau, Uckermann

- Ei, eu adorei o apelido! Tchau, Dul.

Fechei a porta e suspirei contra ela. Foi tão natural chamá-lo assim que saiu no automático, mas realmente me arrependi no primeiro momento, eu tinha receio que Christopher insistisse tanto quanto Paco, que já me incomodava o suficiente, mas sentia que ele era diferente dos outros, apesar de totalmente cretino.

Me concentrei em tomar meu café da manhã tranquilamente enquanto olhava minhas redes sociais. Vi que Annie tinha postado foto com o ficante dela e resolvi stalkear ele. Poncho era um cara bonito, alto, moreno dos olhos verdes, totalmente o tipo de Anahí, inclusive eles formavam um lindo casal.

Continuei ali distraída mexendo em meu celular, quando chegou uma notificação que disparou meu coração. Christopher havia me encontrado no Instagram e solicitado me seguir. Respirei fundo e ponderei isso, não sabia se era o ideal a se fazer, mas resolvi aceitar. Depois do meu término conturbado com Pablo, eu tinha apagado todas as minhas redes sociais, e só voltei ao Instagram por insistência de Annie, então preferi deixá-lo privado. Segui Christopher de volta e fui olhar suas fotos, ele realmente chamava atenção por onde passava e em suas fotos havia muitos comentários de mulheres.

Deixei isso de lado e fui me arrumar para sair, já que eu tinha perdido um bom tempo olhando a vida dos outros na internet. Como era segunda-feira, eu teria consulta em minha psicóloga após o trabalho, então fiz um lanche extra para comer.

Logo sai de casa em direção ao meu trabalho, não seria fácil encarar Paco depois de ele, mais uma vez, ter me deixado desconfortável, mas ele também era meu chefe, aquilo não poderia afetar meu desempenho no trabalho.

Passei o dia totalmente focada em nossa mais nova pesquisa, Belinda era minha colega nesse novo projeto, e era confortável para mim ter uma amiga trabalhando comigo. Bel e eu fizemos uma bonita amizade desde que eu comecei a trabalhar aqui, eu confiava nela cegamente, apesar de ela e Anahí se estranharem sempre que se vêem.

Ao fim do dia, fui até minha psicóloga. A doutora Camila era incrível comigo, estava acompanhando meu tratamento desde que me separei, e posso dizer que ela e Anahí são as únicas que sabem de tudo que aconteceu.

- Então, você aceitou seu vizinho tomar banho em sua casa e depois segui-lá em rede social?

- Sim, acha que eu não deveria fazer isso?

- Acho que você deveria deixá-lo entrar mais, dá um espaço para ele.

- Não sei se consigo.

- Dul, você está começando a superar seu trauma, finalmente.

- Não sei se ele é a melhor pessoa para isso.

- Ele é um possível amigo, pense assim no momento, não precisa avançar as coisas se não quiser.

- Eu sinto que Christopher é diferente, mas não sei se deveria, talvez ainda haja um bloqueio em mim.

- Bom, você viu quatro anos de um relacionamento em que não podia chegar perto de outro homem, é normal essa sua reação, mas Dulce, você está indo bem, já o deixou invadir seu espaço, não o jogue para escanteio agora.

- Tudo bem, acho que não custa tentar.

- Já deu nosso horário mas sabe que qualquer coisa, é só me ligar.

- Obrigada, doutora.

Saí do consultório e entrei em meu carro, havia algumas mensagens da minha mãe em meu celular, me perguntando como eu estava, resolvi respondê-la que estava bem e que estava saindo da terapia, eu sabia que no fundo, era isso que ela queria saber.

Guardei o celular e fui refletindo o caminho todo sobre essa consulta, realmente tinha sido um avanço muito grande eu conseguir fazer essas coisas nos últimos quatro dias, mas sentia que podia confiar no idiota do meu vizinho, então deixaria essa amizade rolar, ela e Anahí estavam certas, eu precisava me permitir mais e era isso que eu faria a partir de agora.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora