Capítulo 10

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Dulce Maria

No dia seguinte, pontualmente às sete da manhã, minha campainha soou alto em meu quarto. Me levantei rapidamente, coloquei meu robe e fui atender a porta. Eu já sabia que era Christopher e estava animada sobre fazer exercícios com ele todas as manhãs, ele me fazia bem.

- Bom dia, Chris! - eu disse assim que abri a porta, ele estava lindo até de moletom.

- Bom dia, Dul. - ele se aproximou, deu um beijo em minha testa e entrou, senti meu corpo arrepiar com seu toque, mas resolvi ignorar. - Te tirei da cama?

- Sim, literalmente.

- Vai trocar de roupa, vou fazer um café da manhã para nós.

- Eu vou ficar mal acostumada assim, Uckermann.

- Vai logo, Maria! - ele disse sorrindo para mim, não pude deixar de fazer o mesmo.

Entrei para o quarto, fiz minha higiene matinal, coloquei uma roupa confortável e logo, voltei para a sala. Christopher havia estendido os tapetes de yoga no chão da minha sala, e pelo cheiro que estava no ambiente, sei que ele estava fazendo algo delicioso na cozinha. Encostei no batente e observei ele cortar algumas frutas em cima da pia.

- Está a muito tempo aí? - ele disse me despertando dos meus pensamentos.

- Não, acabei de chegar. O que está fazendo?

- Cortei frutas agora, fiz um cafezinho, ovos mexidos com queijo e torrada.

- Meu Deus, como eu vou comer isso tudo?

- Ué, e você come o que de manhã?

- Uma maçã, geralmente no carro, estou sempre atrasada.

- Já vi que vou ter trabalho. Dulce Maria, não sabe que o café da manhã é a refeição mais importante do dia?

- Em minha defesa, eu sinto muito sono. Se você não estivesse aqui, eu estaria dormindo.

- Preguiçosa. Vem, vamos comer.

Sentamos na mesa e comemos tranquilamente. Christopher cozinhava muito bem, até o café dele era incrível e o cheiro delicioso abriu meu apetite. Sei que comparar pessoas era errado, mas era impressionante como ele e Pablo eram diferentes, em uma semana, nunca fui tão bem tratada na vida.

Após comermos, fomos para a sala e Christopher foi me guiando na yoga. Confesso que tive uma resistência no início e um pouco de dificuldade de me soltar, mas ele me ajudou e me deixou confortável o suficiente para conseguir relaxar. Fizemos meia hora de yoga e encerramos, e o que muitos não sabem é o quanto isso pode cansar, mas posso dizer tranquilamente que é revigorante.

- O que achou disso? - Christopher me perguntou enquanto sentávamos no sofá.

- Amei, Chris! Deveria ter começado antes até.

- Que evolução! Estou orgulhoso. - ele disse sorrindo e lhe dei um tapinha no ombro.

- Besta! - nossos olhares se encontraram e paramos de falar nesse momento. Respirei fundo e tentei me concentrar em seus olhos, e não em sua boca, que parecia extremamente convidativa nesse momento. - Eu sei que já agradeci, mas obrigada por tudo isso, acho que era uma das coisas que eu estava precisando, principalmente depois de tudo.

- De tudo?

- É, quem sabe um dia eu te conto.

- Sem pressa, Dul! Não faça nada fora do seu tempo, certo? - Assenti levemente hipnotizada por aquele par de olhos castanhos. - Agora eu preciso ir, tenho que chegar na academia em meia hora.

- Certo, eu tenho que ir para o laboratório também! - Eu disse enquanto levantavamos e íamos em direção à porta. - Até amanhã, Chris!

- Tchau, ruivinha, até amanhã! - ele saiu e assim que fechei a porta, soltei um suspiro, gostava dele e da forma que ele me tratava, seus flertes não me deixavam desconfortável ou me incomodavam, pelo contrário, parecia ser algo natural entre nós.

Fui para o chuveiro tomar um banho rápido, já que logo eu teria que sair de casa para trabalhar. Assim que sai do banheiro e cruzei o quarto para entrar em meu closet, passei em frente à janela e avistei Christopher, ele falava ao telefone e parecia extremamente irritado, não poderia deixar de conversar com ele depois, Chris estava cuidando de mim, eu poderia fazer o mesmo com ele...

Resolvi deixar isso para depois já que estava com pressa, então logo saí em direção ao trabalho. Assim que cheguei, já entrei em uma pesquisa frenética, segundas eram sempre dias corridos no laboratório, ainda mais agora que estávamos desenvolvendo vacinas, o que dava um trabalhinho a mais, mas sinceramente, era o que eu mais gostava de fazer.

Durante todo o dia, tive que desviar das investidas e dos olhares de Paco. Eu odiava toda essa situação, a forma que ele me olhava, me lembrava muito de Pablo, e não posso negar o quanto isso me assustava. Belinda sabia como eu me sentia com isso e sempre me ajudava, eu agradecia a Deus por ela, e eu confiava muito em nossa amizade, até por que nunca tive motivos para desconfiar.

Mais tarde, assim que deu meu horário, sai do trabalho em direção ao consultório da doutora Camila. Estava pronta para saber o que fazer em relação à Christopher, mas também, precisaria entender o porquê de me sentir assim em relação à Paco.

- Então, vocês passaram o sábado juntos e agora vão se exercitar todas as manhãs? Isso é interessante para seu progresso, Dulce.

- Não acha muito estranho a forma como eu consigo deixá-lo se aproximar? Me parece tão...correto.

- Não é estranho, ele conseguiu quebrar algumas barreiras em você. Já se viu em um relacionamento com ele?

- Que isso, doutora, claro que não! Somos amigos.

- Vou mudar a pergunta, então. Já sentiu desejo por ele? Vontade de tê-lo? - parei para pensar em como Christopher me prendeu apenas com o olhar, como sua boca parecia gostosa e como um simples beijo na testa, me deixou arrepiada. - Pela demora, nem precisa me responder, já sei que sim.

- Não consigo entender isso, nos conhecemos à uma semana, mesmo ele sendo extremamente intrometido, não faz sentido eu me sentir atraída por ele.

- Dulce, isso pode ser apenas sexual, já parou para pensar nisso? À quanto tempo não transa?

- Bom, desde que me separei.

- Pode ser apenas isso, e não tem nada de errado em você se entregar, o ser humano também precisa de prazer carnal.

- Acho que tenho receio de me apegar, ou ele se apegar, e tudo ficar....complicado.

- E Paco? Você sempre diz que ela flerta com você...

- De um jeito grotesco, meio que desesperado até, como se eu fosse um objeto.

- Acha que conseguiria ceder à ele?

- Acho mais fácil eu acabar cedendo para Christopher, Paco faz eu me sentir violada.

- Sabe que você pode denunciar, certo? Ele está te importunando, você não precisa aguentar isso.

- Eu sei, mas estou lidando bem, Belinda me ajuda muito.

- Fico tranquila por tê-la por perto, pelo que você diz, ela é uma boa amiga, assim como Anahí.

- Com certeza!

Conversamos mais um tempo e logo acabou a sessão, então fui para casa. Naquela noite, não tive sinais de Christopher mais, sua casa parecia estar vazia e uma ponta de preocupação surgiu em meu peito, ele poderia saber se cuidar, mas uns conselhos de vez em quando, não é demais.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora