Capítulo 43

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Christopher Uckermann

Não sei se tinha feito bem. Realmente não sei. Quando vi Dulce beijando aquele cara, meus instintos mais primitivos foram despertados, queria puxa-lá e fazê-la minha, como nunca tinha feito. Mas não fiz, a deixei nos braços de outro, entendia que algo ruim tinha sido despertado nela, gatilhos sem fim, mas eu não podia mais esconder meu passado. O que me matou, sem dúvidas, foi seu sorriso debochado, quando ela ainda estava com aquele cara. Não aguentava mais, sai como um tiro da boate, Poncho me encontrou no meio do caminho e disse que viria comigo.

Agora, estava aqui, eu, escutando a conversa dele com Anahí, pensando se tinha feito bem em dispensar Dulce. Ela mexia comigo de uma forma intensa, não conseguia pensar direito com Dulce por perto, até seu cheiro me distraía, mas acabou, só me restou as lembranças.

- Uckermann, acorda cara!

- O que você quer, Poncho? - Eu disse revirando os olhos.

- Você estava quase babando, com certeza pensava na Dulce, não é?

- Como você é chato quando quer, cruzes.

- Não negou, estava pensando nela? - ele deu um sorriso irônico e cruzou os braços.

- Sim. - suspirei. - Que inferno de mulher, eu juro, Poncho, juro que Dulce foi a última mulher que mexeu assim comigo, eu nunca mais me apaixono.

- Lógico, ela é a mulher da sua vida, claro que será a última.

- Não diga besteiras.

- Não são besteiras, acorda pra vida, cara!

- Mas o que?

- Eu estava conversando com Anahí...

- É, eu escutei o mel. - eu disse o interrompendo e recebendo um tapinha em minha cabeça.

- Dulce quer te contar o passado dela, foi um grande esforço apenas para te ligar, ela quer que vocês fiquem bem.

- Bom, uma pena, agora quem precisa de um tempo sou eu...

- Por que você é tão teimoso?

- Ah, eu sou teimoso? Me diz uma coisa, como se sentiria vendo Anahí, a mulher na qual você é apaixonado, beijando outro? Sorrindo debochadamente para você? Me diz! - Eu já tinha aumentado meu tom de voz, aquela conversa ia me tirar do sério.

- Certo, já entendi. - ele suspirou e passou as mãos no rosto. - Se te conforta, o tal cara que a Dulce estava beijando, é gay, eles eram melhores amigos nos tempos de escola, ela só queria te enciumar por te ver falar com outra.

- Que droga, Poncho! Isso não me conforta! O que essa maluca quer de mim? Ela quer me enlouquecer? Porque está conseguindo!

- Calma, Christopher. Ela também está confusa, se você está assim, imagina Dulce, que tem que lidar com gatilhos, ansiedade, mensagens anônimas a ameaçando...

- O que? Isso voltou? Meu Deus! - o interrompi mais uma vez, a preocupação tinha tomado conta da minha raiva. Como ela estava? Isso era frequente? Ela respondia? Tantos questionamentos me invadiram.

- Sim, Anahí me disse que Dulce a mostrou. Pelo menos duas por semana. Isso tem afetado muito ela. - passei as mãos no cabelo e suspirei, não queria que ela passasse por isso, apesar da nossa atual situação, eu só queria protegê-la.

- Eu vou conversar com ela, ok? Só... não hoje, não ainda.

- Tudo bem, sei que ela vai respeitar seu tempo.

- É...

Poncho mudou de assunto mas eu continuei absorto em meus pensamentos. Não aguentava mais essa situação, depois de Muriel, me blindei justamente por isso, não sabia lidar com decepções amorosas, eram dolorosas demais para mim, e após a morte de Luca, eu passei a não lidar bem com a dor.

Peguei meu celular rapidamente para olhar como estavam as coisas. Havia ali algumas mensagens de Christian me perguntando como eu estava, apenas respondi que estava bem, para ele não se preocupar, não queria ser um estorvo para meus amigos. Abri o Instagram e ali tinha uma foto de Anahí com ela em seu stories. Ela parecia abatida, até tinha cara de choro, provavelmente Annie tinha a forçado a tirar, aquilo apertou meu coração.

Resolvi fazer uma boa ação no dia, eu tinha surtado e ela provavelmente escutou, não queria ser o causador de sua angústia ou de sua dor, isso é demais para qualquer um.

- Vamos conversar em breve, ok? Só não estou pronto ainda.

- Tudo bem, no seu tempo.

- Obrigado.

Assim, simples e seco. Nem parecia Christopher e Dulce de dois meses atrás, os que sempre estavam flertando, fazendo piadas e rindo, meu coração apertou mais. As lembranças que eu guardava com ela eram incríveis, as melhores. Éramos imbatíveis juntos, mesmo que apenas como melhores amigos, mesmo que apenas eu tenha me declarado, mesmo que apenas eu estivesse...envolvido.

Preferi colocar esses pensamentos e lamentações de lado, agora não adiantava mais, a merda já estava feita, o olhar decepcionado de Dulce também estava gravado em minha memória, tão quanto o olhar desesperador. A verdade é que minha mente era traiçoeira, sempre me levava a ela.

Olhei para Poncho sentado no outro sofá e suspirei, estava alugando meu amigo até demais, mesmo que Anahí não estivesse com ele no momento, sabia que ele se entediava e preferia fazer algo.

- Poncho, vamos sair?

- Christopher, está me chamando para um encontro? - joguei a almofada nele nesse momento e o xinguei rindo.

- Não, né.

- Poxa, achei que meu sonho ia se realizar.

- Cala a boca, idiota. Vamos, vai.

- Tudo bem.

Nos arrumamos e fomos a uma choperia no centro da cidade, não queria pensar em mais nada além de relaxar. Chegamos e logo sentamos, pedi uma cerveja, assim como Poncho, e logo avistamos dois rostos conhecidos se aproximando.

- E aí? Como vocês estão? - Christian disse se aproximando, ao seu lado, o cara que beijou Dulce. Não pude evitar de fazer uma careta assim que o vi, mas deixei isso de lado. - Esse é o Justin... - o senti que queria complementar a informação, provavelmente traria o nome dela à tona, e por isso, deixou de lado.

Nos cumprimentamos e convidamos Christian e Justin para se sentar com nós. Aquela seria uma distração interessante, desde que não entrasse no assunto a ser esquecido. Eles nos contaram que, após Anahí e Dulce terem saído da boate, ficaram conversando e acabaram se beijando, e agora, iriam se conhecer melhor. Parte de mim ficou feliz por Christian, ele já havia passado poucas e boas, merecia ser feliz. A noite foi divertida, me dei bem até com Justin, ele acabou nos contando sobre seu intercâmbio e como foi para entender sua sexualidade, de certa forma, senti que ele realmente se daria muito bem com Christian, eles eram perfeitos um para o outro.

Já estava ficando bem tarde quando resolvemos ir embora. Poncho me pediu para deixá-lo em sua casa e assim, o fiz. Fiquei sozinho com meus pensamentos, pensando em como eu iria resolver minha situação. Conhecer Justin me fez bem, percebi que ele também havia ficado confuso com a atitude de Dulce, talvez até desconfortável, mas no fim, só queria entender o que se passava na cabeça dela...

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora