Capítulo 18

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Dulce Maria

Após conversar com Christopher, fui para minha casa repensando em tudo que havíamos dito um para o outro. Uma parte de mim estava feliz por saber que ele se sentia atraído por mim, por que eu também me sentia assim, era só físico e não tinha mal algum nisso, e também não faríamos nada a respeito.

Logo que entrei em casa, Anahí chegou. Íamos jantar com a minha mãe hoje, já que meu pai estava viajando a trabalho e ela dizia estar com saudades das "filhas". A relação de Annie com minha família era incrível.

- E aí, Barbie?

- Oi, ruivinha. Senti saudades!

- Eu também, Annie. Você sumiu essa semana.

- As coisas estão corridas no escritório, mal tenho tempo para respirar.

- Eu imagino, no laboratório também estamos assim.

- Me conta as novidades! Não nos vemos desde domingo.

- Acabei de voltar da casa do Christopher, nós conversamos e nos resolvemos.

- Uau, finalmente. Ele disse por que teve aquela reação? Fala sério, foi só um beijo.

- Foram dois beijos, Anahí. - Arregalei os olhos na mesma hora que percebi o que tinha dito. - Não que isso importe.

- Sei... Mas e aí?

- Ele admitiu que sente uma atração por mim, e sinceramente eu também sinto por ele, mas seremos apenas amigos.

- Amigos que enfiam a língua um na boca do outro...

- Anahí!! - a repreendi na mesma hora e senti meu rosto esquentar, a vi revirando os olhos e rindo.

- Ai, Dulce, vocês já se beijaram mesmo, o que que tem repetir ou fazer coisas a mais? Aposto que ele transa gostoso. - a esse ponto, eu provavelmente já estava roxa.

- Sério, Anahí, chega!

- Você pensou nisso, né? Dulce Maria Saviñon não negue.

- Chega, vou me trocar para que a gente saia.

- Uh, Dulce está com vergonha, sei que quer admitir, não adianta negar.

- Você é insuportável às vezes, sabia?

- Sim, e não vou sossegar até você admitir.

- Tá, talvez eu tenha pensado nisso. - vi Anahí abrir um sorriso enorme. - Mas só pensei, não vamos fazer nada, pode tirar esse sorrisinho do rosto.

- Veremos até quando você vai resistir. - suspirei fundo e fitei o chão.

- Annie... Você sabe que não é fácil assim... Se fosse em outras circunstâncias, eu já teria tido iniciativa para isso. - Ela suspirou e me abraçou de lado.

- Eu sei, eu só quero que você fique bem, evolua no seu tratamento, mas tudo tem seu tempo.

- E eu tenho certeza que isso vai passar, por enquanto eu só não consigo..

- E não tem problema, sua prioridade agora é você. Mas não se esqueça que não tem nada demais você ficar excitada com Christopher, ou querer prazer, isso é normal, Dul.

- Eu sei, preciso tirar esses pensamentos de que isso é "errado" da minha cabeça.

- Sim, eu odeio tanto o Pablo por ter enfiado essas asneiras na sua cabeça, bom e por todo o resto também. Filho da puta.

- Não precisamos falar dele. Agora deixa eu me trocar, Anahí, estamos atrasadas e dona Blanca odeia atrasos.

Entrei para meu quarto e logo fui me trocar. Tirei meu moletom e coloquei uma calça jeans, uma camiseta e uma jaqueta, já que com certeza faria frio a noite. Avistei Christopher pela janela, ele também estava se arrumando, e pelo pouco que vi, ele estava lindo. Sai dos meus pensamentos ao ouvir Anahí pigarrear atrás de mim, me assustando levemente. Me virei para ela e resolvi não falar nada sobre.

- Vamos, Annie?

- Vai continuar fugindo do que você está querendo, né?

- Não sei do que você está falando. - Eu disse saindo do quarto e indo pegar a chave do carro.

- Sei. Vamos vai.

E assim, finalmente saímos. Durante o caminho todo, Anahí não voltou a falar sobre Christopher e eu agradeci por isso, afinal estava ficando desconfortável com o assunto, e ela pareceu perceber. Pouco tempo depois, chegamos e entramos, minha mãe nos recebeu com um sorriso no rosto e um abraço apertado.

- Oi, mamãe! Como você está?

- Oi, minha filha! Estou bem! Annie, quanto tempo não te vejo!

- Ai, tia, estou trabalhando tanto.

- Vocês duas não descansam, trabalham demais.

- Mamãe, sempre isso...

- Dulce, eu quero seu bem, filha. Quando você vai me dar um genro que preste?

- Ih tia, está difícil...

- Anahí! - mais uma vez a repreendi. - Não estou pronta para isso ainda, vocês sabem.

- Não se feche, Dulce. Às vezes, as pessoas aparecem quando a gente menos espera. - e nesse momento, Anahí me olhou como se dizia "eu falo".

- Chega, chega. Quem sabe mais para frente? Por enquanto, não.

Encerramos esse assunto e fomos jantar. Minha mãe conversava animadamente com Anahí e eu não conseguia me concentrar na conversa, apenas em tudo que havia escutado hoje. E se eu desse uma chance a Christopher? O que poderia acontecer? Não queria me envolver emocionalmente mas ele também não, e isso não tinha nada de errado. Talvez eu pensaria melhor sobre isso.

- Dulce!

- Ai, Annie! Não grita, que susto.

- Você que estava no mundo da lua aí.

- Não estava não.

- Pensava em que, hein Dulce? - agora foi a vez de minha mãe me alfinetar.

- Nada demais. Só algumas coisas do trabalho. - menti.

- Se desliga disso, Maria.

- Eu vou. Não era nada demais, na segunda-feira eu resolvo.

- Tudo bem.

Ficamos mais um tempo ali e algumas horas mais tarde, resolvemos ir embora. Annie iria para a casa de Poncho, então pediu um uber para ela, já eu, entrei em meu carro e segui meu caminho sozinha, apenas ouvindo algumas músicas que tocavam na rádio. Quando cheguei em casa, percebi o quão cansada estava. Tomei um banho, coloquei meu pijama e resolvi olhar a lua mais uma vez, essa noite eu dormiria tranquila, finalmente.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora