Capítulo 12

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Dulce Maria

- Christopher! - Instantaneamente ao me ouvir, ele parou de deferir socos à Paco, que a essa altura já estava com a cara completamente ensanguentada.

- Dul, você está bem? - ele veio até mim e me abraçou forte, ali em seus braços, me permitir chorar.

- Amiga, vem, vamos para casa! - Annie veio perto de nós e passou as mãos nas minhas costas.

- Fique com o Poncho, eu levo ela para casa, Anahí. - apenas ouvi Christopher murmurar, falar mais algumas coisas com Anahí e logo estávamos do lado de fora da boate. Tratei de me acalmar e parar de chorar, logo me afastei dele olhando-o em seus olhos.

- Chris, obrigada por me defender e cuidar de mim.

- Sempre, Dul. Fico feliz em ter chego a tempo. - apenas assenti e o abracei de novo, o contato de nossos corpos me tranquilizava de uma maneira surreal. Ficamos um tempo assim e só aí que percebi que estávamos encostados em seu carro. Algo em minha cabeça deu um estalo de repente.

- Você conhecia o Poncho?

- Estudamos juntos no ensino médio, acredita? Ele me reconheceu quando cheguei no bar e começamos a conversar, aí ele disse que estava saindo com uma mulher e apontou para a pista, quando olhei vi você e Anahí. Não acredito que depois de tanto tempo, o reencontrei, éramos inseparáveis na época de colégio.

- Uau, que mundo pequeno!

- Nem me fale! Mas, como você está? Conhece aquele cara?

- Estou mais calma, aquele cara é meu chefe, acredita?

- Dulce, isso é muito sério! Você vai denuncia-lo, né?

- Sim, juro que não queria mas não vejo outra saída mais...

- Como assim? Dul, o que mais ele fez?

- Ficava de flertes comigo, uns olhares estranhos, me deixava desconfortável...

- E por que você nunca denunciou?

- Porque eu gosto do meu trabalho, Chris. Gosto de todos no laboratório e é apenas isso.

- Isso é muito sério, Dul, você não pode deixar as coisas chegarem a esse ponto.

- Eu sei, mas é muito complicado para mim, Chris. Prometo que vou a reitoria da Universidade amanhã mesmo.

- Quer que eu vá com você? Para te apoiar.

- Faria isso?

- Claro que sim, basta você me dizer o que quer, e eu te dou. - ele disse em tom de brincadeira mas sei que era verdadeiro.

- Cuidado com o que promete, Uckerzinho. - eu disse em um tom sarcástico. Christopher me puxou pela cintura e me abraçou, novamente deitei a cabeça em seu peito e suspirei.

- Sinto muito por isso, Dul, de verdade. E, por favor, se algum dia eu fizer alguma brincadeira com você que te deixe desconfortável, me avise, não faço mais, te prometo.

- Chris, você é o único homem que me deixa realmente confortável, eu tive um receio no começo, principalmente depois do que vivi...mas eu confio em você, não se preocupe.

- Eu vou fazer o possível para nunca quebrar sua confiança, Dul! Te prometo isso.

- Obrigada por ser tão bom comigo!

- Não me agradeça, é o mínimo...Vamos, vou te levar para casa.

Logo entramos em seu carro e fomos para casa. Durante o caminho, me permiti chorar em silêncio, Christopher parece ter percebido pois entrelaçou nossas mãos fazendo uma leve carícia com o polegar. Assim que chegamos, Chris estacionou em sua garagem e desceu do carro, deu a volta e abriu a porta para mim. Entrelaçamos nossas mãos novamente e caminhamos até a porta de minha casa.

- Está melhor?

- Não muito. - respirei fundo e fitei o chão. - Chris?

- Fale, meu bem.

- Você pode passar a noite comigo? Eu não...queria ficar sozinha.

- Tem certeza? Não acha que ficará mais confortável com Anahí?

- Acho mas não quero estragar a noite dela, você é minha única escolha.

- Seu amor por mim aquece meu coração. Sorte sua que eu vivo de migalhas. - ele fingiu drama, me fazendo rir.

- Dramático. - revirei os olhos e me virei para destrancar a porta.

Entramos em minha casa e disse à ele para ficar a vontade, fui até meu quarto e logo entrei no chuveiro. Ali, chorei desesperadamente, me sentia suja, tive as piores sensações que poderiam existir, entre elas, a violação por terem me tocado sem meu consentimento. De novo. Aproximadamente meia hora depois, sai do banheiro, talvez até um pouco mais leve. Fui até meu quarto, coloquei uma roupa confortável e logo, caminhei para a sala onde Christopher estava.

- Tomou banho?

- Sim, aproveitei que você estava no banheiro e fui em casa rapidinho. Ouvi seu choro, como você está?

- Mais leve pelo menos. Precisava de um banho para tirar toda aquela sensação horrível.

- Não vamos mais falar disso, está bem? O que acha de vermos um filme?

- Vamos! Mas antes, tenho que falar com Annie.

- Já avisei a ela, Dul, não se preocupe. Ela queria vir até aqui mas já a tranquilizei.

- Ah então vocês são amigos agora?

- Com ciúmes, meu bem?

- Acorda, Christopher!

Me aninhei em seu corpo e colocamos um filme de comédia besteirol, Christopher sabia bem como me distrair e como me deixar confortável com sua presença, parecíamos compatíveis, me espantava mas não de um jeito negativo. Logo, adormeci em seus braços, senti meu corpo sendo carregado, Christopher me colocou em minha cama, me deu um beijo na testa e disse algo que não consegui entender. Percebi que ele estava se afastando, então segurei em sua mão.

- Chris?

- Oi, Dul? Achei que estava dormindo.

- Deita aqui comigo?

- Mesmo?

- Sim, por favor?

- Claro que sim, Dul.

Assim, Christopher se deitou ao meu lado, e logo arrastei meu corpo para perto do seu. Confesso que dormir sentindo seu cheiro com certeza me tirou os pensamentos ruins da minha cabeça. Naquela noite, sonhei com Pablo, com coisas ruins, e Chris me ajudou, me acalmou e segurou minha mão quando eu estava desmoronando.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora