Capítulo 15

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Leia ouvindo Por Besarte, de Lu

Christopher Uckermann

Ter chego em casa e ver que a de Dulce estava totalmente apagada, me deu uma sensação ruim, quase que um mal pressentimento. Esse final de semana, a vi em sua forma mais vulnerável, senti meu coração destroçar em vê-la tão fragilizada, minha vontade era cuidar de Dulce pelo resto da vida.

Meus sentimentos em relação à ela estavam cada vez mais confusos. Sabia que havia uma atração física entre nós dois, mas percebi que ela não estava em um bom lugar emocionalmente falando, então não queria se aprofundar nisso. Ou me via como um irmão, não sei. Como eu disse, confuso. Dulce despertava em mim os sentimentos mais primitivos possíveis, só de pensar em alguém fazendo mal a ela, me dava nos nervos.

Quando chegamos da Universidade, Dulce estava muito nervosa e me pediu para deixá-la sozinha, pois ela queria dormir, e assim fiz. Sai de sua casa e fui para academia, precisava espairecer minha cabeça e nada melhor que focar no trabalho para isso. Trabalhei duro o dia todo mas minha cabeça estava longe, estava nela. E como ela estava. Como ela se sentia.

Resolvi mandar uma mensagem à ela apenas para saber se estava tudo bem assim que cheguei, fiquei preocupado por um instante, mas saber que ela estava na terapeuta, me relaxou na mesma hora, e ela ter me chamado para jantarmos juntos, com certeza me deixou muito feliz.

Fui tomar um banho enquanto Dulce não chegava em casa. Ela havia me avisado que demoraria cerca de meia hora, então fiquei tranquilo. Sai do chuveiro, coloquei uma roupa confortável e passei meu perfume favorito. Posso dizer que estava bonito mesmo de moletom, eu era um homem vaidoso, gostava de me cuidar e odiava sair desleixado, mesmo que fosse para ir apenas na casa da vizinha. Sai dos meus pensamentos quando vi uma notificação chegar em meu celular.

- Chris? Cheguei!

- Oi, Dul! Estou indo aí 😉

Bloqueei a tela, resolvi pegar um vinho na pequena adega que eu tinha ali, e sai. Eu estava nervoso em vê-la novamente, precisava saber que ela estava bem, para eu ficar bem. Parei em frente à sua porta, respirei fundo e toquei a campainha. Sem demorar muito, Dulce abriu a porta com um lindo sorriso no rosto, me fazendo sorrir também.

- Oi, Chris! Entre.

- E aí, Dul? - entrei e dei um beijo em sua bochecha, vi que ela fechou os olhos, parecia aproveitar esse momento, me fazendo sorrir.

- Uau, está cheiroso...

- Para você, meu bem. - dei uma piscadinha e a vi corar.

- Sei, vem, vamos comer, estou faminta.

- Trouxe um vinho para nós.

- Surpreendentemente, eu havia comprado um vinho para nós também. - rimos juntos.

- Podemos tomar os dois, o que acha?

- Preciso trabalhar amanhã, Uckermann, vamos com calma.

- Certo, abriremos esse e o outro tomamos depois.

- Sim!

Dulce havia preparado a mesa de centro da sala para comermos, confesso que gostei disso, me sentia muito confortável ali. Sentamos no chão e começamos a comer. Pude perceber o quão leve ela estava, e isso me tranquilizava, queria vê-la bem novamente.

- Dul? - ela me olhou com aqueles olhos marcantes assim que a chamei. - Como você está? Como foi sua consulta?

- Estou bem, a doutora Camila me ajudou muito hoje, principalmente a me tranquilizar e dizer que eu não fiz nada de errado e que não precisava sentir peso na consciência em denunciar Paco.

- Calma, o cara foi um filho da puta com você, e você estava com peso na consciência? - ela suspirou e desviou seu olhar do meu, percebi a batalha interna que ela estava travando ali.

- Bom, sim... Sei que não deveria, mas não consigo deixar de me sentir assim, Chris. Só de pensar que por isso ele vai ser mandado embora do trabalho me dá uma angústia enorme.

- Você realmente não é um ser humano desse mundo. Nunca vi ninguém com um coração tão bom quanto o seu. - Ela voltou a me encarar com um semblante confuso em seu rosto. - Dulce, você não fez nada, Paco fez suas escolhas, e tudo que fazemos tem uma consequência. Se ele estivesse realmente preocupado com seu trabalho, ele não teria feito nada disso. Além do mais, se ele fosse um homem de verdade, não faria isso com uma mulher, você está no seu direito, e não fez nada de errado.

- Acho que sim... Aliás, obrigada por estar comigo nisso, não sei se teria conseguido se tivesse sozinha. Sei que te prejudiquei no trabalho também, me perdoe.

- Não precisa agradecer, Dul. Muito menos se desculpar. Já disse que sempre estarei aqui. - Ela assentiu e sorriu fraco, sei que esse assunto não era fácil para ela.

Voltamos a atenção para a televisão, onde passava um programa de música, enquanto bebiamos mais uma taça do vinho. Vez ou outra comentávamos algumas coisas e nessa descobri que Dulce e eu tínhamos um gosto musical totalmente diferente, afinal eu gostava de rock, e ela do pop.

Na medida que íamos bebendo, fomos nos soltando, acho que ela estava nervosa com algo, mas não saberia dizer com o que. Dulce era quase que um enigma para mim, confesso que queria decifra-la melhor, ao mesmo tempo, sentia que ela nem sempre fora assim, provavelmente algum gatilho passado havia despertado esse lado dela, mas eu não perguntaria nada, apenas esperaria ela me contar.

Saí dos meus pensamentos quando percebi o quão intensamente Dulce me olhava. Seu olhar era quente, quase poderia ver um desejo ali. Eu já estava alto do vinho e sei que ela também estava. A vi arrastar seu corpo para próximo do meu, roçando nossos braços levemente. Respirei fundo mas não desviei meu olhar do dela, parecia que eu estava preso.

- Chris?

- Dul?

- Eu sonhei com você nesta tarde. - Dulce me pegou totalmente de surpresa com essa confissão, meu peito se encheu de alegria na mesma hora. Me virei para ela e me aproximei um pouco mais.

- E o que você sonhou? - Pude notar que o olhar de Dulce revezava entre meus olhos e minha boca, aquilo estava me matando e eu já sabia o que ela havia sonhado.

Me pegando totalmente de surpresa, Dulce colou nossos lábios em um beijo. Pedi passagem para deslizar minha língua pela dela, agarrei sua cintura com uma mão e levei a outra em seu cabelo, enquanto ela abraçava meu corpo e fundia ainda mais nossas peles. Nosso beijo era calmo e intenso, seus lábios eram macios e o contato de nossos corpos grudados me deixava arrepiado. Após longos minutos, o ar se fez escasso e nos separamos. Percebi que Dulce estava prestes a falar algo, então, colei nossas bocas antes de ela pronunciar qualquer palavra, sendo retribuído por ela na mesma hora, eu precisava sentir seu gosto mais uma vez antes que tudo isso ficasse estranho entre nós.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora