Capítulo 59

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Dulce Maria

Comecei a retomar meus sentidos um tempo depois, não conseguia me recordar muito bem o que tinha acontecido, a última coisa que me lembro foi de ter algo sendo pressionado em meu rosto, como que ninguém viu aquilo? Eu estava em um local público, razoavelmente lotado, como tinha passado despercebido?

Tentei me mexer mas sem muito sucesso. Eu estava deitada no chão, com as mãos e os pés amarrados por correntes, minha cabeça doía mais que o normal, meu corpo parecia que tinha levado uma surra, mas pelo menos não tinha sangue em minha pele. Após um tempo tentando, consegui me levantar e ficar sentada, com as mãos presas a minha frente e as costas encostada em uma parede fria e suja.

Ali repassou um filme em minha cabeça, só queria saber quem tinha feito isso comigo, quem era capaz dessa maldade, mas eu já tinha meus palpites. Logo minha mente vagou direto para Christopher e Anahí, eles deveriam estar morrendo de preocupação comigo, e a última coisa que eu queria era deixá-los assim. Sai dos meus pensamentos quando vi a porta de ferro do local ser aberta, arregalei os olhos em surpresa vendo quem passava por ela.

- Paco?

- Oi, Dulcinha. Como está?

- Muito mal, graças a você. Por que você fez isso comigo? - Eu já tinha meu rosto molhado por lágrimas, mas não era tristeza, era raiva.

- Você feriu meu ego, sabia? Sabe o esforço que eu fiz para não denunciar seu namoradinho e o namoradinho daquela loira aguada? Fora que você me prejudicou na Universidade, Dulce Maria, eu estava à anos naquele cargo, foi só você chegar e arruinar minha vida.

- Você fez isso sozinho...

- Não se você tivesse calado a boca. - a porta se abriu novamente e mais duas figuras saíram dali, senti meu coração parar e meu corpo inteiro travar assim que meus olhos bateram em Pablo e Muriel passando por ela.

- Olha se não é minha ruiva favorita, senti sua falta, meu amor. - Pablo disse se aproximando de mim. - Gostou dos meus recadinhos em seu celular?

- Eu deveria ter desconfiado, seu filho da puta! E você, Muriel? Se rebaixou tanto assim? Não tem amor à vida?

- Eu só quero acabar com a sua raça, sua vagabunda. Você roubou o Christopher de mim depois de eu conseguir tirar todos do nosso caminho, eu vou matar você, e viver feliz com ele, Pablo está apenas me ajudando já que somos movidos pelo ódio por você. - engoli seco e fechei os olhos, ela havia prejudicado Christopher também, eu deveria ter levado sua ameaça mais a sério.

- Vamos lá para fora, depois voltamos. - Paco disse indo em direção à saída.

- Vamos. - Pablo se agachou a minha altura e olhou em meus olhos, pude ver a maldade neles, carregado de ódio e raiva. - E você, sua vadia, só sai daqui morta. - Ele se levantou, deu meia volta e saiu, sendo seguido por Muriel.

Ali eu me pus a chorar e a rezar, pedi à Deus para não deixar Christopher e Annie perder as esperanças em mim, eu tinha tanto a viver, tantos sonhos a realizar, não era justo eu passar por aquilo, depois de ter superado tantas coisas, inclusive o pior relacionamento da minha vida.

Pude notar que algumas horas tinham se passado, no cômodo em que eu estava, tinha apenas uma pequena janela, no alto da parede, com certeza estava em algum lugar isolado, por que não se ouvia barulho de nada, nem de carros. Muriel entrou no quarto com uma bandeja de comida e água, eu estava com fome, mas também sentia enjoo e nojo de toda essa situação.

- Trouxe comida para você, coma!

- Eu não quero, não confio em vocês.

- Pablo quer te matar, Maria, mas não envenenada... E eu que fiz, não está ruim. - ela diminuiu o tom de voz, quase mostrando um arrependimento de estar no meio daquilo.

- Muriel? Por que está fazendo isso?

- Pelo Christopher, claro, eu o amo, nosso destino é viver juntos para sempre. - Essa mulher não estava bem, podia notar o desespero em seu olhar,

- É isso que ele quer?

- Não, mas a culpa é sua, você entrou no meio da nossa história e eu não vou permitir isso mais.

- Mas antes de mim, ele ficava com outras...

- Mas ele nunca se apaixonou antes. - aquilo acertou direto em meu coração, ela ainda tinha sentimentos por ele, talvez intensos demais, mas não tinha culpa por isso, pela história deles. - Além do mais, ele é apenas meu, e de mais ninguém, antes eu não me importava de vê-lo com outra, mas desde que você chegou, o mundo dele parou, então me sinto na obrigação de te tirar do meu caminho.

- Não acha que ele vai ficar decepcionado demais com você? Se me ajudar, ainda pode ter o respeito e talvez a amizade dele, mas do contrário, ele só vai te odiar, é isso que você quer?

- Não... - ela disse em um sussurro, como se estivesse repensando em suas atitudes. - Você não vai me enganar, Dulce Maria, conheço bem seu tipo. - ela retomou a postura na mesma hora, para não demonstrar que eu havia a desarmado.

- Não estou te enganando, Muriel, quero seu bem... - ok, agora eu estava a enganando, mas eu estava desesperada, precisava dar um jeito de sair dali.

- Esqueça, você vai sair do meu caminho, por bem ou por mal... pena que realmente será por mal. Ninguém mandou ser uma intrometida.

- Muriel, vamos! Pare de conversar com ela! - Paco entrou já puxando ela pelo braço, com uma expressão de raiva e tensão em seu rosto. Muriel me olhou mais uma vez e logo saiu acompanhada dele, me vi sozinha e tentada a comer aquilo em minha frente, ela me pareceu sincera quando disse que não me mataria envenenada.

Mexi o mínimo possível daquele prato apenas para que eu pudesse permanecer consciente, bebi um gole daquela água e logo larguei também, podia sentir meu estômago queimar com cada coisa que eu ingeria ali.

Levei meus pensamentos novamente às pessoas que amo. Rezei para que Anahí tivesse dado essa notícia a meus pais de uma forma calma, meu pai principalmente, que já tinha o coração fraco e uma idade um pouco mais avançada. Naquela noite, sonhei com todos eles, me abraçando e me resgatando desse verdadeiro pesadelo.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora