MEU EU EM VOCÊ

8. ALANA

Assim que terminei meu breve diálogo com Kalel fui pra minha próxima aula. Saí tão rápido que em segundos já estava em sala. Me sentei, tirei o caderno e apoiei meus cotovelos sobre a mesa e o rosto em minhas mãos. Minha mente estava à mil, Jéssica, fazer o trabalho com  Kalel depois do horário, será que ele queria passar um tempo comigo? Meu Deus que ideia é essa, claro que só pode ser coisa da minha cabeça. Um sorriso nasceu em meus lábios ao pensar sobre isso e da minha capacidade de criar uma fanfic com o garoto mais lindo dessa faculdade que também é comprometido com a garota mais irritante.
Foco Alana, você precisa focar na aula. Digo pra mim mesma e volto a prestar atenção na aula de Semântica.
- Bom, faltam cinco minutos mas vocês já estão liberados - o professor anuncia.
Junto minhas coisas e decido ir para a biblioteca. Estou quase lá quando ouço alguém falar ao pé do meu ouvido.
- Pronta?
Dou um salto e sinto um arrepio percorrer meu corpo - que susto garoto! - o encaro - Cadê a Katarina? - olho ao redor pra conferir se ela não está por perto.
- Foi embora, ela não tem trabalho extra pra fazer - ele sorri.
- Ah sim, isso explica seu comportamento - reviro os olhos.
- Isso não tem nada haver com o meu comportamento - seu semblante muda pra sério.
- Tudo bem - abro um sorriso carregado de sarcasmo.
Mais alguns passos e lá estávamos nós sentados um ao lado do outro prestes a começar o trabalho.
Pego toda aquela papelada e ele faz o mesmo, posiciono em cima da mesa e começo a analisar os textos e as questões.
- Por onde vamos começar? - ele me encara.
- Pelo começo?
- Você é grossa, engraçadinha e o que mais ?
Faço uma careta e tiro um dicionário da bolsa - Podemos começar traduzindo os textos.
- Tudo bem, me deixa ver - ele pega a primeira página e começa a ler em voz baixa.
Fico admirando enquanto ele traduz o texto, tinha tanta facilidade, poderia afirmar que nem de dicionário precisava. Ele sussurrava o texto e eu me peguei encarando seus lábios. Uma vontade louca tomou conta de mim, sinto que poderia jogar todo aquele material pra longe e beija lo aqui mesmo como se não houvesse amanhã. Seu cheiro que me embreagava, o som da sua voz baixinha repetindo as palavras que encontrava estava me fazendo perder o controle.
- Estou indo bem? - ele me olha.
- Si..sim - minha voz quase não saí - nem parece que é ruim nessa matéria, não sei por quê está aqui.
- Na verdade, eu pedi a ela para me dar esse trabalho.
- Oi? - questiono arregalando os olhos - quem pediria pra fazer trabalho extra?
- Eu - ele sorriu - precisava disso.
Seu olhar era intenso de mais quando proferiu as últimas palavras.
- Disso o quê? - Sorri nervosa.
- Do trabalho - ele volta sua atenção para o dicionário.
- Ah, claro - suspirei - pergunta idiota - digo pra mim mesma.
- Pensou que fosse o que?
- Nada - voltei minha atenção para as folhas a minha frente - Aí - apoio minhas mãos sobre a barriga.
- Tudo bem?
- Estou com fome - deito minha cabeça sobre a mesa.
- Imaginei que isso pudesse acontecer - ele pega a mochila e retira uma sacola a colocando sobre a mesa.
- Salada de fruta ?
- Sim, como iríamos ficar até mais tarde eu comprei na hora do intervalo prevendo exatamente isso. E eu te devo uma lembra ?
- Hã?
- Aquele dia em que acabei derrubando a sua..
- Ah, eu disse que não precisava - meu rosto cora.
- Bom, agora parece que sim.
- Verdade - abro um sorriso - Obrigada, mas e você, não está com fome ?
- Não, estou de boa.
- Tá.
Dei de ombros e comecei a comer a salada que estava incrivelmente gostosa.