9.KALEL

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Caramba, ela conseguia ser linda até quando estava comendo. Estava tentando não dar na cara de que não conseguia desviar meus olhos dela, o que era uma missão quase impossível, mas consegui. Voltei a traduzir os textos e ela se juntou à mim.
O tempo estava passando rápido de mais, por mim ficaria a tarde toda com ela, a ouvindo rir e resmungar sempre que solto uma piadinha desviando o foco do nosso trabalho, mas isso não iria acontecer, não hoje.
- Bom, acho que já deu por hoje certo? - levanto os braços em uma boa espreguiçada - amanhã a gente continua ou se preferir podemos ir pra minha casa - arrisco.
- Sua casa ?
- Sim, por que não?
- Acho que não confio em você o suficiente para ir à sua casa - ela estreita os olhos - sabe, muita intimidade e isso nós não temos - ela se levanta - Te vejo amanhã?
- Claro.
É só o que consigo responder quando ela se levanta e junta os papéis espalhados pela mesa. Faço o mesmo e fico de pé, ela se aproxima e eu a abraço por impulso, não sei por que fiz isso, na verdade eu sei, queria saber como era tocar a pele dela mesmo que fosse através de um abraço. Sinto que ela se aconchega  em meu peito e apoio meu queixo sobre sua cabeça. Essa é a melhor sensação que já senti em toda minha vida, sinto seu corpo se amolecer em meus braços e então a seguro firme para impedir que ela caía.
- Tá tudo bem ? - ela se afasta e eu acaricio seu rosto afastando uma mexa de cabelo.
- Sim - sua voz falha - foi só um mal estar - ela se endireita - fome talvez.
- Mas você acabou de comer. Tem um buraco negro aí? - aponto para sua barriga.
- Fome de comida idiota. Por um acaso já é quase uma da tarde - ela responde de maneira ríspida.
- Verdade - passo a mão pelo cabelo que caí sobre minha testa - Eu nem tinha percebido. Amanhã prometo trazer algo que te dê mais sustância, quero dizer, que nos dê mais sustância - desvio meu olhar do dela - Quer que eu leve você em casa - tento mudar o assunto.
- Não precisa, eu pego o ônibus.
- Tem certeza ? Você pode desmaiar no caminho ou até mesmo no ônibus.
- Não vou - ela sorri - Já estou melhor. Até mais - ela se vira pra ir embora mas eu a impeço segurando seu braço com delicadeza.
- Se importa de me avisar quando chegar em casa ?
- Vou te avisar como? Nem tenho seu número.
Passo a mão em volta de sua cintura chegando bem próximo dela torcendo para que ela não se afaste e muito menos que brigue comigo por ser tão ousado. Pego seu celular no bolso de trás da sua calça e anoto meu número - Bom agora você tem - abro um sorriso - Te vejo amanhã.
Me afasto e vou até o estacionamento pegar meu carro.
Entro, me ajeito, coloco a chave na ignição e por fim solto o ar que só percebi agora que estava segurando.
Eu cheguei tão próximo dela, queria poder beijar aqueles lábios rosados mas ela ficaria puta se eu fizesse isso. Abro um sorriso ao me lembrar de como ela amoleceu em meus braços, não quero criar coisas mas tenho certeza de que não foi por falta de comida sei disso porque também senti algo diferente quando a toquei é como se segurasse o mundo em meus braços não queria ter que solta lá nunca mais. Preciso me aproximar mais, preciso saber se ela sente o mesmo, talvez eu devesse arriscar e beija la da próxima vez, não, ela pode me odiar por isso. Meu celular toca, vejo o nome de Katy na tela e decido não atender. Preciso dar um fim nisso que tenho com ela pra poder estar com a Alana, ela jamais aceitaria ficar comigo sabendo que ainda existe algo entre Katy e eu. A questão é, como dar fim a isso e começar aquilo?
Estou confuso de mais. Pego meu celular e ligo pro Erick que atende no terceiro toque.
"E aí cara?"
"E aí"
"Vai fazer o que hoje?"
"Até então, nada. Por que, tem algo em mente?"
"A gente podia sair pra tomar umas preciso relaxar"
"Pensei que a Katy é quem te deixava relaxado"
"Cala a boca idiota"
"Calma, brincadeira. Tô dentro, te busco as 20h"
"Beleza"
Desligo o celular e vou pra casa.

MEU EU EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora