" - Eu vou matar você sua vadia!
- Não por favor eu imploro.
- Cala a boca - ele me dá um tapa na cara - você gosta disso? - passa a mão por meu seio?
- Para por favor - as lágrimas escorrem por meu rosto descontroladamente.
- Sabe, quando você me pede pra parar eu fico ainda mais excitado - ele sussurra em meu ouvido.
- Não, não, não, não.
- Eu sei que você gosta - ele rasga meu vestido.
O empurro e saio correndo rumo a porta da cozinha mas quando entro volto ao mesmo lugar, como se estivesse andando em círculos. Olho ao redor e vejo Humberto rindo da minha cara.
- Vai há algum lugar querida? - ele mantém um sorriso sinistro no rosto.
Volto a correr diretamente pra porta da cozinha e volto pro mesmo lugar.
- Você não pode fugir de mim - ele diz de forma tranquila.
Olho pra janela que fica acima da minha cama e parece ser a única forma de fugir desse doente.
Sem pensar duas vezes corro em direção a janela e me jogo contra ela a fazendo ficar em pedacinhos.
Olho meus braços e estão cheios de cortes e sangue por toda parte.
- Não, não, não - analiso meus braços.
- Eu disse - ele leva a mão ao meu pescoço e o aperta - você não pode fugir de mim!"
- Nãããão! - dou um grito e acordo ofegante. Levanto os braços na altura dos olhos assustada. Demoro um pouco pra perceber que aquilo não passou de um sonho.
- Alana? - Kalel se levanta assustado e se aproxima - tá tudo bem?
- Não - grito e paro minhas mãos evitando que ele se aproxime depois as levo até a cabeça - Não! - grito novamente.
- Tá bom eu não vou me aproximar de você mas me diz o que houve.
- Eu não posso fugir dele - meus olhos se arregalam e passo as mãos pelo rosto - preciso sair daqui - me sento e coloco os pés pra fora da cama ficando de pé.
- Ainda não Alana - Kalel corre até mim e me segura pelas mãos mas eu as recolho rapidamente.
- Não encosta em mim - grito e me encolho no canto do quarto.
Sei que no momento pareço uma louca mas não consigo deixar que ele me toque. A lembrança ainda é muito viva na minha cabeça. Não me lembro de tudo mas me lembro daquele homem me batendo e rasgando minha roupa.
Me sinto vulnerável e tudo ao meu redor me deixa assustada. Meu coração bate num ritmo acelerado e minha respiração parece irregular. Kalel me olha com os olhos marejados quero poder abraça-lo dizer que nada disso é culpa dele mas só de pensar no toque dele em minha pele sinto falta de ar. Me sentia assim antes mas era uma sensação gostosa, agora é como se fosse morrer ao seu toque.
- Alana me diz como posso ajudar você - ele se aproxima cuidadosamente mas mantendo uma distância segura.
- Fica longe de mim - não sei por quê disse isso. Quero ele perto de mim mas não consigo deixar ele se aproximar.
- Isso vai ajudar você de alguma forma? - faço que sim freneticamente com a cabeça - ok, prometo não me aproximar de você, mas deixa eu pelomenos ficar aqui com você mesmo que de longe?
Não consigo dizer não, na verdade agora não consigo dizer mais nada.
Estou quebrada de mais. Nunca pensei que tais coisas poderiam acontecer comigo. E se eu nunca mais for a mesma garota de antes? Feliz, cheia de sonhos e vontades.
E se... eu não conseguir mais permitir que Kalel se aproxime? Será que ele me esperaria ou lutaria por mim?
Me sinto confusa e exausta. Escorrego pela parede do quarto de hospital e o choro me domina. Kalel anda de um lado para o outro e o desespero é evidente. Em seus olhos posso ver a dor e mesmo assim não consigo me aproximar.
Não sinto nada além de decepção. Me sinto vazia como se tudo que houvesse dentro de mim fora arrancando durante aquela madrugada.
Sinto uma necessidade enorme de sumir, desaparecer e não sei ao certo onde isso pode me levar.
Olho para Kalel e o observo quando se afastae e saí pela porta do quarto totalmente desorientado.
Alguns minutos depois Kalel volta acompanhado de uma enfermeira que imediatamente se aproxima de mim.
- Olá querida, como está se sentindo? - sua voz é doce e me trás paz.
- Acho que morta - respondo sem demonstrar nenhuma emoção.
O silêncio domina o quarto após a minha resposta e Kalel dá um soco na parede quebrando a calmaria que ressoava ali.
- Isso tudo, é minha culpa - ele grita e observo o sangue escorrer por seus dedos.
- Senhor se controle estamos em um hospital caso tenha se esquecido - ela o alerta.
- Preciso sair daqui - ele passa a mão pelos cabelos deixando um rastro de sangue.
- Você precisa se acalmar - ela se aproxima - me deixe ver isso aqui? - ela segura sua mão e observa o dano causado pela pancada - vai precisar de pontos.
- Eu não vou dar ponto em nada - ele recolhe sua mão - preciso sair daqui, não aguento é de mais pra mim - ele chora descontroladamente.
- Me acompanha até lá fora por favor? - a enfermeira pede.
Ele faz que sim com a cabeça e ela faz um sinal para que nos deixe a sós e Kalel obedece.
Nós o observamos enquanto ele saí e ela se aproxima de mim me estendendo a mão. Me recluso com medo de que seu toque também queime a minha pele mas estranhamente me sinto mais à vontade com ela.
Estico minha mão e seguro a sua firme. Ela estende a outra e me ajuda a me levantar e a caminhar novamente até a cama.
- Você vai ficar bem, seus exames não acusaram nada - ela ajeita meu travesseiro - aquele rapaz, seu namorado acredito - ela me encara - ele está desesperado, mas não se sinta pressionada a nada. Tudo no seu tempo. Você passou por momentos difíceis e agora está reagindo a eles. É normal a forma como está se sentindo, mas vai passar com a ajuda certa ok? - Não digo nada, apenas concordo com a cabeça - Você deve receber sua alta daqui a pouco. Então descansa tá bom - ela confere a medicação - agora vou lá conversar com ele. Qualquer coisa você pode apertar esse botãozinho aqui que venho correndo - ela da uma piscadinha e saí do quarto.
Não pretendo voltar a dormir porque não quero sonhar mas ficar acordada também me faz lembrar. Olho para o teto daquele quarto branco e tento me acalmar e pensar em outras coisas que não seja aquilo que vivi nas últimas horas. Queria que minha mãe estivesse aqui, ela com certeza saberia o que fazer pra me deixar tranquila.
O que meu pai diria se soubesse o que houve comigo? Não pretendo contar mas acho que no fundo gostaria que ele soubesse. Isso é informação de mais pra ele se bem o conheço vai se culpar pelo resto da vida e achar que fracassou como pai. Mas a culpa não é dele, talvez seja minha por não conseguir entender que ele merece seguir em frente e ser egoísta ao preferir sair de casa do que tentar dar uma chance pra felicidade dele.

VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU EU EM VOCÊ
RomantikAlana é uma menina do interior que acaba de se formar no ensino médio e logo vai começar a faculdade, pra isso ela e seu pai precisam se mudar para uma nova cidade com novos amigos e desafios. O que ela não imaginava é que nesse novo colégio ela enc...