MEU EU EM VOCÊ

23. KALEL

Combinei de ir beber com meus amigos, não estava mais aguentando ficar em casa remoendo tudo que havia acontecido mais cedo. Chegamos ao barzinho olho por todo lado e meus olhos encontram os olhos azuis pelos quais me apaixonei, mas logo ela desvia para outra pessoa e quando vou ver quem é, sinto a raiva me consumir. Não controlo meus pés, eles caminham em direção a mesa em que os dois se encontram, não sei como isso pode acabar bem, mas não sou forte o suficiente para ignorar.
- O quê vocês estão fazendo aqui? - minha voz está carregada de fúria.
- Kalel? - Pedro se assusta ao me ver tão perto.
- Claro que sou eu idiota.
- Calma cara, não precisa falar assim.
- Vocês não responderam - o ignoro.
- Estamos conversando não está vendo ? - ela responde de forma ríspida.
- A gente pode ter um minutinho lá fora Alana? Você se importa Pedro? - tento manter a calma.
- Não podemos. Eu não vim aqui com você, vim com ele. Então, vou ficar aqui mesmo.
- Por favor Alana.
Meu olhar fica ainda mais pesado e pelo pouco que me conheço estou a ponto de explodir se ela não sair daqui comigo.
- Ok - ela se levanta - eu já volto - ela passa a mão pelos ombros de Pedro para acalma lo.
Arqueio uma de minhas sobrancelhas vendo aquela cena. Ela sabe como me provocar e faz isso de propósito. Caminhamos até o lado de fora do bar, após certa distância a puxo pelo braço.
- QUAL O SEU PROBLEMA? - altero meu tom de voz.
- Você está gritando comigo? - ela cruza os braços em frente os seios - Porque se estiver eu não vou falar com você nem que me implore de joelhos.
Respiro fundo e me afasto um pouco - Você tá ficando com ele ?
- Não - ela se apressar em dizer.
- Então por que vocês estão aqui?
- Pra acertar as coisas sobre o que aconteceu ontem.
- Comigo você não quer acertar nada né? Eu vi como você estava rindo pra ele, quase um convite pra mais um beijo.
- Você está se ouvindo? Por que não tem lógica isso que você está falando. Eu e o Pedro temos um passado não nos odiamos, então é normal que estejamos nos divertindo juntos - ela se aproxima - e outra, tentamos sim resolver sobre ontem mas você preferiu agir como uma criança e me deixou sozinha naquele café.
- Porque eu me declarei e você nem se importou.
- Eu me importei sim! Fiquei surpresa eu não esperava aquilo tá bom.
- Não, não tá bom por que agora você está aqui com ele e não comigo.
- Você não me ligou e nem mandou mensagem depois do café, ele sim.
- Ah desculpa se não sou seu cachorrinho e vou abanando o rabo sempre que você deseja.
- Você é ridículo.
- E você é a garota mais fácil que já vi na vida. Katarina tem mais modos que você quando se trata de homens.
Sei que peguei pesado ao comparar ela com Katy mas minha raiva falou mais alto. Eu liguei a madrugada toda e só dava caixa postal, fui até sua casa no meio da madrugada, me declarei, mas nada disso parecia ser suficiente pra ela.
- ENTÃO POR QUE AINDA ESTÁ FALANDO COMIGO? - ela grita e se afasta com lágrimas nos olhos. Quando percebo Pedro já está ao lado dela segurando uma de suas mãos.
- Está tudo bem por aqui? - ele questiona.
E na mesma hora não acredito no que meus olhos veem. Ela o beija bem na minha frente. Sinto como se ela estivesse pisoteando meu coração sem dó nem piedade.
Não consigo mais me controlar, se eu não por essa raiva pra fora vou explodir.
- QUE PORRA É ESSA? - grito indo  direção aos dois.
Pedro se afasta imediatamente e me encara.
- Calma Kalel, isso é tudo um mau entendido - ele estica os braços como se pudesse me deter.
- Calma o caralho.
Estou cego de raiva quando vou pra cima dele com tudo mas Alana é mais rápida e fica entre nós.
- Pra encostar nele vai ter que passar por mim primeiro.
Meus olhos não carregam mais raiva e sim sofrimento e frieza. Sinto como se minha alma tivesse saído do corpo e vagasse por aí. Sei que não fui gentil ao dizer aquelas coisas mas ela beijar ele na minha frente foi covardia.
- Quer saber? Vão se foder vocês dois. Vocês se merecem mesmo.
Volto pra dentro do bar cheio de ódio. Ela não deveria ter feito aquilo, sei que poderia ter agido melhor mas ela também não colaborou para que isso acontecesse. Meus amigos me olham curiosos esperando por uma explicação que não pretendo dar.
- O quê estão olhando?
- É estranho, a gente nunca te viu agir dessa forma - Erick fala.
- Todo mundo tem seus dias ruins e hoje aparentemente é o meu. Viemos aqui pra beber ou o que?
Chamo o garçom e peço uma dose de whisky, logo depois mais uma, e mais uma. Quero beber até esquecer o que sinto por aquela garota.
Quanto mais a hora passava mais eu bebia.
- Você não acha que está exagerando? - Erick se aproxima.
- Você não acha que está sendo um chato? - retiro seu boné e o coloco em minha cabeça.
- Vem, vou levar você pra casa - ele se levanta e vem em minha direção.
- Você poderia me levar até a Alana?
- Mano, ela beijou outro cara na sua frente, não acho que seja uma boa ideia.
- Sabe por que ela fez isso? - levanto o dedo indicador como se apontasse algo - porque ela me ama.
- Ela te ama e demonstra isso beijando outro cara?
- Pra me provocar é isso que ela sempre faz - Enrolo um pouco as palavras - Aquele Pedro não serve pra ela, eu sirvo e ela sabe por isso foge de mim. Ela tem medo de se entregar pra mim - me levanto - Opa! - me seguro em Erick para evitar a queda - Ela ainda vai ser minha garota.
- Claro que vai - ele sorri.
- Tá rindo de quê idiota?
- Não estou rindo.
- Eu vi ein, eu vi.
- Vem, vamos embora.
- Pra ver a Alana?
- Não cara, pra casa.
- Você é um chato - mostro o dedo do meio e logo em seguida perco os sentidos.