- O dia está lindo né? - olho para o céu azulado quase sem nuvens.
- Está sim meu amor - Kalel beija meus lábios.
- Queria ficar assim com você pra sempre sabia, só nós dois - abro um sorriso.
- Seria perfeito se eu não tivesse que ir.
- Ir aonde? Tá maluco? Temos o dia todo só pra nós - abro um sorriso.
Ele sorri de volta - Desculpa mas eu preciso ir - ele começa a desaparecer - não se esqueça eu te amo e sempre vou amar.
- Kalel? - tento agarra-lo - por favor fica aqui, por favor.
- Seja feliz minha menina.
- Não! - grito mas em vão ele simplesmente desaparece.Abro e fecho meus olhos bem devagar - Onde estou? - minha voz quase não saí.
- Ei senhorita? - alguém bate de leve em meu rosto - está me ouvindo?
Olho ao redor e vejo cores vermelhas e azuis piscando porém muito embaçadas - O que.. o que aconteceu?
- Sabe me dizer o seu nome? - O homem de branco se aproxima e me ajuda a sentar.
- Alana, Alana Antonelli.
- Você se lembra da sua idade?
- Tenho dezoito anos.
- Se lembra do que houve aqui?
- Eu estava com o Kalel e ... - as imagens vem como flesh em minha mente - KALEL - grito e me levanto de uma só vez mas acabo caindo novante nos braços do homem de branco voltando a desmaiar.Acordo aos poucos e agora estou em um quarto que me parece bem familiar. Olho em meus braços e posso ver o acesso ao soro, sei bem onde estou. Olho para o lado e vejo que meu pai me observa com atenção.
- Filha - ele se aproxima - graças a Deus você acordou.
- O que.. o que aconteceu? - pergunto com dificuldade - minha cabeça dói - apoio as mãos na cabeça.
- Vou chamar o médico.
Ele se levanta e logo volta acompanhado de um médico alto e charmoso.
- Olá Alana, como se sente? - ele aponta algo com uma luz na ponta e estica meus olhos.
- Dor de cabeça - digo quase sem voz - alguém pode me contar o que houve, eu não me lembro. Como vim parar aqui?
- Isso é normal doutor? Eles disseram que ela não estava no acidente, como pode não se lembrar?
- O trauma foi muito estressante pra ela, por isso ela não vai se lembrar assim de imediato. Mas os exames estão todos ok.
- Que acidente? - firmo a voz e também meu corpo.
- Posso falar doutor? É seguro?
- Pode sim, vamos ver como ela reage.
- Você e o Kalel estavam na estrada e ele sofreu um acidente mas você não estava no carro com ele.
- Meu Deus, Kalel - levo as mãos ao rosto - onde ele está? Por favor, me diz que ela está vivo - começo a chorar - eu não posso perder ele, por favor, por favor.
- O estado dele é um pouco crítico - o médico fala com cuidado - tivemos que fazer uma cirurgia de emergência pois os pulmões dele estavam comprometidos.
- Meu Deus - o desespero toma conta de mim.
- Mas ocorreu tudo bem, agora só depende dele.
- Como assim depende dele?
- Não podemos fazer mais nada. Tudo que podíamos nós já fizemos, só depende dele lutar pra viver.
- Eu preciso ver ele - me levanto de uma só vez e me desequilibro.
- Calma filha, você precisa se recuperar - meu pai me segura.
- Olha pra mim pai, eu estou bem não tenho um arranhão se quer enquanto o Kalel está ... - faço uma pausa e caio no choro - eu preciso ver ele agora - quase grito.
- Alana? - Alex entra no quarto.
- Agora não Alex, eu preciso ver o Kalel, será que algum de vocês pode me levar até lá?
- Eu levo - Alex se manifesta - tá tudo bem, fica calma eu vou levar você.
- Tira isso de mim - começo a arrancar todos os acessos.
- Você vai se machucar - o médico se aproxima e me ajudar a retirar um por um.
Fico de pé e encaro Alex, seu olhar carrega tristeza e eu sei que ele sabe o quanto amo Kalel e que quando ele voltar irei correndo pros seus braços, mas ele não me julga por isso, muito pelo contrário ele segura minha mão, me abraça e logo em seguida me leva até o andar onde Kalel se encontra.
Ao chegarmos lá, me deparo com Josephine e seus pais. Jô parece inconsolável e eu não me contenho quando corro pra abraça-la.
- Ele não acorda Alana - ela chora sem parar - e se ele não voltar?
- Ele vai voltar Jô, confia - eu a aperto.
- Ele vai voltar - Alex passa a mão pelas costas de Jô afim de acalma-la.
- O que você está fazendo aqui? - a mãe de Kalel se aproxima.
- Eu.. eu vim ..
- Cala a boca mãe - Josephine fala em um tom ameaçador - você não tem o direito de falar assim com ela, porque toda essa merda é culpa sua.
- Não fale assim comigo Josephine Villela.
- Eu falo como eu quiser - ela a desafia - você não vai impedir a Alana de ver o Kalel.
- Se ela ficar eu saio - ela cruza os braços.
- Pai, tira ela daqui - Josephine o encara.
- Vamos querida - ele diz de forma gentil.
- Você está compactuando com isso? - ela grita e o encara.
- Cala a boca e vamos logo.
Ele a pega pelo braço e ambos caminham em direção ao elevador.
- Desculpa eu não queria criar problemas.
- Você nunca foi o problema Alana, minha mãe foi e olha como terminou? - ela volta a cair no choro - ele precisa de você, eu sinto que só você pode trazer ele de volta.
- Posso entrar? - digo apontando para o quarto.
- Pode, por favor entre.
- Quer que eu vá com você ? - Alex se manifesta.
- Não, fica com ela por favor - quase imploro.
- Tudo bem - ele sorri e se aproxima de Josephine.
Abro a porta com cuidado e o que vejo me assusta. Kalel está todo cheio de fios e acessos pelo corpo, um tubo está enfiado em sua boca. Em seu rosto e mãos posso ver alguns ematomas e machucados. Meu coração fica apertado e não posso conter as lágrimas. Quase vou ao chão quando o vejo naquele estado. "Preciso ser forte por nós dois" digo a mim mesma e caminho até a beira de sua cama.
- A culpa é minha - seguro sua mão - eu fui uma idiota por não ficar com você. Poderia ter dado certo e eu tive medo, fui covarde e agora veja como você está - o observo - preciso de você aqui comigo Kalel. Não sei viver em um mundo onde você não existe. Eu me caso com você, podemos ter quantos filhos você quiser, mas não muitos ok? - abro um sorriso e acaricio o seu rosto - volta pra mim meu amor, luta por você, por nós - seguro firme sua mão mas ele não se mexe - prometo nunca mais me afastar de você e quando ficar ruim de novo vamos passar por tudo juntos, mas por favor volta pra mim - eu imploro.
- Alana? - Alex pousa sua mão em meu ombro.
- Alex... - o encaro - a quanto tempo ele está assim? - passos as mãos pelo rosto a fim de secar as lágrimas.
- Tem pouco mais de doze horas.
- Eu fiquei todo esse tempo dopada?
- Sim, toda vez que você voltava, você meio que surtava e apagava o médico achou melhor te deixar dopada por um tempo.
- Ah - é só o que consigo responder e logo me lembro das coisas que acabei de dizer ao Kalel - você.. você ouviu as coisas que eu disse?
- Sim, eu ouvi.
- Desculpa Alex mas eu não posso mais ficar com você - o encaro e retiro a aliança o entregando - eu amo o Kalel e acho que vou amar em todas as vidas que eu vier. Sempre vamos nos encontrar é como se ultrapasse toda linha do tempo.
- Eu entendo e sempre soube disso Alana. No fundo eu achava que poderia me amar, mas sempre soube que nunca me amaria mais do que ama ele.
- Me desculpa por te magoar.
- Tá tudo bem, eu acho que sei o que você sente pelo Kalel - ele me observa.
- Como assim?
- É a segunda vez que vejo Josephine, a primeira confesso que senti algo mas estava bêbado e cheio de adrenalina então pensei que fosse alucinação, mas quando entrei no hospital e dei de cara com ela novamente, tive certeza que eu senti algo.
- Uau, espera - faço uma pausa - você vai namorar a minha ex cunhada? - abro um sorriso sem graça.
- Não sei se vou namorar ela - ele sorri - mas eu espero que ele volte pra você e eu sei que vai, porque ele te ama mais que a própria vida. Se não for por ele, pode ter certeza que vai ser por você - ele me abraça e eu retribuo.
- Obrigada Alex por tudo.
- Eu quem agradeço por ter o privilégio de ter vivido momentos únicos com você garota. Agora vou sair, a Jô quer entrar.
- Tudo bem.
O observo sair e me aproximo novamente de Kalel que continua igual.
- E se ele não acordar mais? - Josephine questiona e se aproxima.
- Ele vai Jô, acredita! Bom, vou deixar você sozinha com ele. Já volto - mantenho a voz firme.
Saio do quarto e corro para o banheiro e desmorono lá mesmo, talvez nem eu acredite nas minhas palavras quando digo que ele vai voltar. Eu o machuquei, assim como as outras duas mulheres que ele também amou. Sua melhor amiga e sua mãe.
Nunca tinha visto Kalel tão transtornado mas se nem eu fui capaz de salvar ele, talvez ele não queira mais estar aqui.
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MEU EU EM VOCÊ
RomanceAlana é uma menina do interior que acaba de se formar no ensino médio e logo vai começar a faculdade, pra isso ela e seu pai precisam se mudar para uma nova cidade com novos amigos e desafios. O que ela não imaginava é que nesse novo colégio ela enc...