30. ALANA

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Aquelas palavras me atingem com mais força do que eu esperava. Não digo nada, apenas o observo sair e a solidão me invade. Sinto lágrimas quentes escorrer pelo meu rosto. Subo pro meu quarto,me deito sobre a cama fico parada por um tempo remoendo aquelas palavras até cair no sono.
O dia amanhece, os raios de sol batem forte em minha janela mas são as batids fortes na porta que me fazem levantar.
- Filha, você não vai a faculdade hoje? Já são 06:30.
- Droga! - resmungo e corro pra pegar a toalha, tiro a roupa que não tirei ontem, me enrolo e corro para o banheiro - Vou, só estou um pouco atrasada.
Tomo banho lavo meus cabelos o mais rápido possível e volto para o quarto. Me visto correndo, uma calça jeans preta justa e uma blusa preta da banda nirvana. Ela é maior que eu bate quase no meio das coxas mas não me importo. Calço meu allstar e seco o cabelo de qualquer maneira, os penteio pego minha bolsa e desço.
- Não vai tomar café? - Meu pai grita quando abro a porta.
- Como na rua.
- Quer que eu leve você?
- Não, vou de uber.
Bato a porta e saio as pressas já chamando o uber. Ele demora cerca de 7 minutos para chegar.
Entro na primeira aula atrasada, peço desculpas ao professor e todos me olham quando me sento.
- Você atrasada?
- Dormi mais que a cama hoje.
- Tá tudo bem ? - Jéssica pergunta - Você está péssima.
- Só cansada.
- Tem certeza ?
- Sim.
Não rendo conversa, não queria contar tudo a ela pois certamente iria começar a chorar de novo e não quero isso. Meus pensamentos estão voltados pra noite de ontem que foi tão perfeita até terminar daquela forma. Não posso permitir que isso me atrapalhe mesmo que seja nos meus pensamentos.
A primeira aula chega ao fim, Jéssica puxa uma cadeira e se senta ao meu lado.
- Tem certeza que você esta bem ?
- Tenho, já disse - respondo de forma mais ríspida.
- Ok, não precisa ficar brava, só estou preocupada.
- Não fique.
Pego meu telefone e começo a mexer em todas as redes sociais possíveis para me distrair até o próximo professor chegar. Jéssica me conta sobre seu final de semana com o Erick e eu mal escuto apenas concordo e pergunto algumas coisas pra ela não perceber minha falta de interesse. A próxima aula é de inglês, me sinto mais animada pois gosto muito dessa aula. Jéssica volta para seu lugar e enquanto me ajeito na cadeira ouço a voz de Kalel, meu corpo estremece digo a mim mesma que não preciso nem se quer olhar mas sou teimosa de mais e acabo por olhar em sua direção e lá está ele ao lado de Katarina é claro.
- O que significa aquilo?- Jéssica cochicha pra mim.
- Significa que o casal perfeição está de volta.
- Mais e vocês?
- Não tem vocês Jéssica, nunca teve.
Ela entende e decide não questionar mais sobre. Voltamos a aula e tudo ocorre normalmente, mesmo com o coração apertado eu consigo chegar até o final da aula sem sair correndo ou coisa do tipo. Minha cabeça dói, meu estômago embrulha toda vez que ela o abraça ou ri de algo que ele diz. O sinal pro intervalo toca e saio rapidamente sem olhar pra trás. Pego meu telefone conecto meus fones e me afasto de todo aquele tumulto mas não é o suficiente, quando olho pra frente vejo Kalel e seus amigos se aproximarem de onde estou, só pode ser brincadeira.
- E aí Alana? - Erick me cumprimenta.
- E aí - respondo sem desviar o olhar do meu celular.
- Blusa maneira, também gosto dessa banda.
- Essa banda é horrível- Katarina se aproxima.
Decido ignorar - É uma banda legal.
Erick está com as mãos em volta da cintura de Jéssica, eles formam um lindo casal, me sinto feliz por ela, mas chateada por saber que agora ela anda com eles - Bom, vou nessa.
- Aonde você vai? - Kalel questiona.
- Acho que não é da sua conta - abro um sorriso cínico.
- Ela está certa Kalel - Katarina passa os braços em volta de seu pescoço e para na sua frente - Não é da nossa conta.
Ela me olha de cima embaixo, depois se volta para ele e o beija. Aquilo foi a gota d'água para que eu saísse de perto. Ouço Jéssica me chamar mas continuo a caminhar. Preciso respirar, meu coração parece que vai sair pela boca. Como ele pôde fazer aquilo comigo? Não consigo voltar, quero sair dessa faculdade o mais rápido que puder.
Começo a caminhar sem rumo e no caminho encontro um estúdio de tatuagens e piercing me sinto tentada a entrar, meu pai certamente me mataria, mas sou maior então posso fazer o que quiser.
Entro sem pensar de mais e fico pensando se quero um piercing ou uma tatuagem. Depois de um tempinho pensando decido por colocar um piercing no septo. Entro pequena sala com uma maca e me sento sobre ela. O tatuador estereliza o material que será usado e eu o observo com cuidado.
- Você é maior de idade certo?
- É claro que sou.
Ele sorri, seu sorriso é lindo e seu piercing nos lábios chama minha atenção.
- Vai doer um pouco.
Ele se posiciona na minha frente manuseia a agulha de forma cuidadosa e fura rapidamente. Aperto a maca com força devido a dor que se instalou. Maldita a hora que tive essa ideia idiota.
- Você pode lavar com água e sabão. no início ele não vai se mover direito devido ao sangue que as vezes gruda por isso você deve limpar e girar aos poucos. Cuidado com comidas quentes elas dificultam a cicatrização.
- Ok, entendi.

Dou um sorriso e ele me entrega um espelho para que eu veja como ficou

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Dou um sorriso e ele me entrega um espelho para que eu veja como ficou.
E apesar de ser diferente eu acabo gostando. Pago a ele e vou embora.
Quando chego em casa meu pai se assusta com a mudança repetina.
- O quê é isso no seu nariz Alana?
- Um piercing? - arqueio uma de minhas sobrancelhas.
- Por que?
- Sei lá, só queria mudar um pouco.
Ele suspira - Ok. Quer conversar sobre ontem?
- Não - coloco minha mochila no sofá - o que está fazendo em casa tão cedo?
- Ganhei uma folga do meu chefe, fiz muitas horas extras desde que ele viajou.
- Ah - é só o que respondo.
- Então - ele me analisa - Você é o Kalel?
- Você o conhece?
- Bom, ele esteve aqui ontem né.
- Claro - abro um sorriso ao lembrar da briga que protagonizados nessa madrugada - não quero falar sobre ele ou sobre o que aconteceu ontem.
- Tudo bem não vou insistir.
- Obrigada.
Pego minha mochila e subo para meu quarto, me jogo na cama e não consigo conter as lágrimas ao me lembrar de que Katarina e Kalel estão juntos novamente. Eu sabia que não podia confiar nele, sabia que não deveria me envolver com ele mas o que sinto falou mais alto e ignorei tudo o que me dito. Agora estou aqui destruída emocionalmente enquanto ele se diverti com ela.
Nos dois dias seguintes não vou a faculdade, ainda não me sinto pronta. Digo a meu pai que não me sinto bem, ele insisti em saber o que tenho mas digo apenas que preciso de tempo. Eu realmente não estava bem, não conseguia encarar nada do que estava acontecendo.
Hoje é o dia da excursão não quero ir mas sei que vale muitos pontos e não quero ficar de recuperação em história.
Arrumo minha mochila com algumas peças de roupa, escova, shampoo, condicionador essas coisas.
Tomo um banho e não molho os cabelos, estão bonitos assim.
Decido vestir um cropped branco simples de manga comprida, uma saia cintura alta preta xadrez que vai até um pouco acima dos joelhos e calço meu coturno preto. Vou até o espelho, minha cara está horrível, passo uma base bem natural, faço um delineado, uma máscara de cílios e um lip tint para deixar meus lábios vermelhos natural.
- Uau, você está linda.
- Obrigada pai - dou um sorriso tímido - Você pode me levar hoje ?
- Claro, só vou terminar meu café, aliás, você não quer se sentar e comer comigo, faz tempo que não fazemos isso.
- Tudo bem.
Me sento e tomamos café, sem muita conversa.

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