MEU EU EM VOCÊ

12. ALANA

A última aula chega ao fim. Junto minhas coisas e vou pra biblioteca.
Percorro os olhos por todo o lugar e não vejo Kalel, decido então esperar lendo. Coloco meus fones e abro meu livro. Por um momento minha mente se enche de pensamentos, sobre Jéssica que não veio a aula hoje e Kalel que nem se quer me cumprimentou quando passei por ele. Ontem, quando estávamos juntos ele estava tão gentil e hoje mau olhou na minha cara, justo hoje que ele estava tão lindo, nem sabia que era capaz de se superar.
- Ei - ele se aproxima por detrás e retira um dos meus fones - Tudo bem?
- Sim - respondo sem olhar pra ele e fechando meu livro.
- Tem certeza ? - ele se senta ao meu lado - Você parece chateada, aconteceu algo?
- Não quero falar sobre isso com você.
- Eu sou seu amigo, pode falar sobre o que quiser comigo.
- Amigo ? - eu o encaro.
- Sim, bom depois de ontem eu pensei...
- Pensou errado! Como pode dizer que é meu amigo se quando passo por você sou ignorada?
- Não é nada disso - ele desvia o olhar - é complicado.
- Sua namorada não deixa você interagir com outras garotas né? Entendi - me ajeito na cadeira - não tem problema, mais dois dias disso - aponto para o trabalho - e acabamos com isso.
- Não por favor... - ele segura uma de minhas mãos - eu gosto de estar com você.
- Chega desse assunto - retiro minha mão por debaixo da dele - temos um trabalho pra concluir.
- Tudo bem.
Ele parece chateado, mas finjo não me importar. Ele disse que gosta de estar comigo mas quando Katarina está por perto eu me torno invisível. Demos prosseguimento ao trabalho e agora faltava muito pouco para terminar, por mim terminariamos hoje mesmo mas Kalel não tinha isso como objetivo. Ele ficou quase o tempo todo mexendo no celular e não prestava atenção em nada que eu dizia e aquilo estava começando a me irritar.
- Será que você pode colaborar pra gente terminar isso hoje ?
- Tô sem cabeça pra isso - ele aponta com a cabeça mas sem tirar os olhos da tela do celular.
- Claro, você não larga esse telefone - reviro os olhos.
- Eu só não estou afim hoje tá bom? - ele responde de forma rispida.
- QUE DROGA! - jogo a caneta por impulso, ela bate na mesa e caí no chão.
- Ei, calma não precisa disso - ele se abaixa pra pegar a caneta.
Passo minhas mãos pelos cabelos os juntando e fazendo um coque no topo da cabeça, coloco meus braços sobre a mesa e deito minha cabeça sobre eles tentando manter a calma.
- Você quer conversar ? - ele acaricia minha nuca e depois meu cabelo.
- Não - minha resposta saí abafada pelo choro.
- Você está chorando? Eu fiz isso?
Não respondo e mordo o lábio pra tentar segurar a avalanche que está prestes a descer pelo meu rosto.
- Por favor olha pra mim - ele implora e eu o encaro - Conversa comigo Alana, eu fiz isso com você?
- Claro que não! - respondo de forma grosseira.
- Eu pensei que.. você disse aquelas coisas e agora está assim - ele passa o dedo em uma lágrima que escorre por meu rosto - Pensei que pudesse ter haver comigo.
- Mas não tem - me levanto, pego o trabalho e começo a caminhar em direção a saída mas sou interrompida quando sinto suas mãos segurarem meu braço. Uma onda de adrenalina percorre meu corpo quando sinto seu toque em minha pele. Meu coração acelerou os batimentos e minha respiração automaticamente ficou ofegante. Ele se aproximou, chegou tão perto que conseguia sentir sua respiração contra meu rosto e por um breve instante pensei que ele fosse me beijar.
- Desculpa - ele se afasta - acho que ultrapassei um pouco o limite.
- N...não, tudo bem.
- Eu quero ficar mais um pouco com você.
- Como assim? - o encarei.
- Almoça comigo hoje ?
- Não é certo ficar saindo pra almoçar com caras comprometidos.
- Caralho, você gosta de jogar isso na minha cara. Não estou te pedindo em namoro ou em casamento, só pra almoçar comigo - ele parece irritado.
- Preciso ir pra casa.
- Tá, eu levo você então, pode ser ?
- Eu pego um ônibus.
- Eu só quero ficar mais tempo com você.
- Você me deixa confusa.
- Acho que não precisa ficar confusa, está bem óbvio não acha?
- O quê?
- Esquece! Vai deixar eu levar você ou não?
- Não, obrigada.
Não permito que ele diga mais nada e me afasto rapidamente. Corro para o ponto pois meu ônibus já está parado esperando alguns passageiros descerem. Entro depressa e me ajeito no fundo do ônibus.