75. ALANA

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- Está quase na hora de irmos embora - Alex se escora no balcão enquanto eu o limpo.
- Ufa - dou um suspiro - preciso da minha casa.
- Posso levar você?
- Não precisa se incomodar Alex. Vou de ônibus mesmo.
- Não incomoda você sabe né?
- Eu agradeço mas melhor eu ir de ônibus mesmo.
- Então, podemos comer em algum lugar depois do serviço o que acha?
- As 23h da noite?
- É, um podrão ou um jantar chique - ele sorri - basta você dizer - Minha barriga ronca e ele escuta - até a sua barriga quer que você vá.
- Você não vai desistir enquanto eu não aceitar né?
- Ééé não vou.
- Tá bom Alex podemos ir mas você paga ok?
- Estou te convidando é óbvio que irei pagar. Bom, vou ali limpar aquelas mesas pra ver se o tempo passa logo pra sairmos daqui.
- Tá vai lá.
Termino de limpar o balcão vou ao banheiro e em seguida vou pra cozinha ajudar a organizar as coisas lá.
As hora passam rápido e quando dou por mim já estamos fechando a loja. Entro no vestiário e uma vaga lembrança de Kalel atormenta meus pensamentos. Pego o celular na esperança de ter recebido qualquer mensagem vinda dele mas não tem nada. O dia foi tão produtivo que não tive nem tempo de pensar, mas agora sentada aqui terminando de me trocar e mexendo no celular toda aquela dor vem á tona. Abro o Instagram na expectativa de ver qualquer coisa, mas o perfil dele não tem nenhuma nova publicação nem as nossas fotos ele apagou. Passo por todas elas e as lágrimas enchem meus olhos mas eu impeço que elas escorram. Não satisfeita resolvo clicar onde as pessoas marcam ele nas fotos e por alguns instantes vou ao inferno e volto ao ver aquela foto.
Katarina postou uma foto na qual mostrava um anel incrivelmente lindo em seu dedo anelar e o que me destruiu foi a legenda.
"Enfim noiva. Eu te amo Kalel"
Não consigo mais conter as lágrimas e me entrego ao desespero de saber que o meu amor vai se casar com outra. Tudo o que vivi horas mais cedo me acertam com força e eu desabo.
Ouço batidas na porta e agora gostaria que houvesse uma passagem secreta da qual eu pudesse entrar e simplesmente sumir, mas não tem e preciso encarar a vida do jeito que ela é.
- Já estou saindo - digo com voz de choro.
Me levanto e caminho até o espelho afim de lavar o rosto e em seguida passo uma base pra tentar disfarçar toda essa tristeza estampada em meu rosto.
Termino de dar os últimos retoques, pego minhas coisas e saio.
- Pronta? - Alex me surpreende.
- Ah, eu .. - respiro fundo - não estou no clima.
- Você viu a foto não viu?
- Você viu?
- Sim - ele me encara - Alana, ele poderia fazer a história de vocês tomar outro rumo, mas ele escolheu esse e isso só prova que não merece você ou o seu amor.
- Alex, eu jamais aceitaria ficar com o Kalel tendo uma criança em jogo. Ele vai ser pai e eu não posso competir com isso.
- Olha, vamos sair pra você distrair a cabeça ok?
- Eu perdi a fome Alex.
- Eu sei, mas você acha melhor ir pra casa e ficar remoendo tudo que aconteceu hoje?
- Não - desvio o olhar.
- Então vem comigo -
Ele estende a mão em minha direção e me pego pensando em sua proposta. Não quero ir pra casa ter que encarar meu pai me enchendo de perguntas sobre o pior dia da minha vida. O encaro novamente e decido segurar sua mão. Juntos vamos para o estacionamento.
- Uma moto? - me pego olhando o veículo de duas rodas.
- Você não gosta? - ele retira os capacetes que estavam presos a moto.
- Tenho um pouco de medo.
- Prometo pilotar bem devagar - ele sorri - toma.
Ele me entrega o capacete - Por que você anda com dois capacetes ein?
- Ah, eu estava pensando em chamar você pra sair desde mais cedo então na dúvida sobre você aceitar ou não eu acabei trazendo.
- Entendi - Faço um coque no cabelo e coloco o capacete.
Alex monta na moto e eu subo logo em seguida. Ele liga a moto e automáticamente o agarro pela cintura.
- Alana, eu pre..ci..so res..pi..rar - sua voz falha.
- Ah desculpa - afroxo os braços.
- Garota o que você não tem altura tem de força - ele da uma gargalhada.
- Idiota - reviro os olhos - vamos antes que eu mude de ideia.
- Você é quem manda.
Ele fecha o capacete e saímos pelas ruas a procura de um lugar pra comer. Rodamos por um tempo até encontrar um trailer de cachorro quente ao lado de uma pracinha que está muito movimenta por sinal.
Ele estaciona a moto e eu desço totalmente desajeitada ele me enalisa e ri da minha falta de jeito.
Me afasto um pouco retiro o capacete e o analiso enquanto ele desliga, retira a chave da moto e em seguida tira o capacete.
Seus cabelos automaticamente caem sobre seus ombros. Eles estão bagunçados porém lindos, até mais bonito que o meu.
Ele está com uma jaqueta de couro, uma calça skinny preta e um corturno. Sua aparecencia chama a atenção das adolescentes que estão por perto e eu entendo ele é um gato estilo badboy.
- Eu tô bem arrumado? - ele chama minha atenção.
- Está claro. Por que a pergunta?
- Você está aí me encarando - ele sorri sem graça enquanto joga o cabelo de lado.
- Não estou encarando você.
- Está sim - ele se aproxima - vem vamos comer.
E aquela é a minha deicha para não ter que explicar a ele que estava admirando sua beleza.
Fazemos nossos pedidos nos sentamos na praça e em menos de trinta minutos já estávamos desfrutando daquela perfeição.
- Cara, isso tá muito bom - digo após morder mais um pedaço.
- Pela sua cara está mesmo - ele sorri - tô brincando, tá ótimo. Espera - ele aproxima sua mão do meu rosto - não se mexe.
- Aí meu Deus, é um bicho?
- Shhh - ele passa a mão próximo ao meu lábio retirando com suavidade um pouco de molho que estava ali criando uma tensão intensa entre nós - prontinho.
- Não precisava... eu... desculpa - digo sem graça.
- Tá se desculpando por que?
- Eu não sei isso foi tão... - dou um suspiro.
- Eu poderia tirar com a minha boca mas você não permitiria - ele solta de uma só vez e eu coro.
- A noite tá linda né? - Olho meu celular - quase meia noite. Preciso ir embora. Meu pai deve estar preocupado.
- Ah, claro - ele sorri - Só vou pagar nosso lanche e já podemos ir.
Ele se levanta acerta nossos lanches e logo montamos na moto para ir embora.
Passados alguns minutos e lá estávamos na porta do meu prédio.
Desço da moto e logo em seguida ele faz o mesmo.
- Obrigada pela noite Alex, foi muito bom - Entrego o capacete a ele que se recusa a pegar.
- Fica com ele, caso queira que eu te busque amanhã - ele se recosta na moto e cruza os braços.
- Tem certeza?
- Tenho sim.
- Tá bom então - abro um sorriso - vou entrar agora tá? É tchau - digo totalmente sem jeito e me viro para ir embora quando ele me segura pela cintura me trazendo pra perto de seu corpo.
- Pode se despedir direito mocinha eu não mordo - ele sussurra ao pé do meu ouvido.
- Ah, claro - me viro para ele e o abraço - até amanhã Alex.
- Eu sei que não é legal falar disso agora mas depois dos últimos acontecimentos eu gostaria que você ao menos pensasse.
- Pensar no que?
- Em nós. Só preciso de uma chance pra te fazer feliz - ele acaricia meu rosto.
- Eu ...
- Não precisa responder agora, apenas pense ok?
- Tá bom eu acho.
- Tenha uma boa noite - Ele se aproxima mais do meu rosto, beija minha bochecha e sinto meu rosto queimar - Eu realmente sou louco por você garota.
Abro um sorriso amarelo e me afasto delicadamente dele fazendo apenas um aceno com a mão totalmente sem graça.
Sei que ele não vai desistir fácil, mas também sei que não posso usar ele pra esquecer o Kalel. Ele não merece isso.

MEU EU EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora