MEU EU EM VOCÊ

79. ALANA

Duas semanas se passaram desde a última vez que eu e Kalel nos falamos. Tenho tentado seguir meu namoro com o Alex, meu pai ainda não sabe, apenas sabe que eu e Kalel não estamos mais juntos e que ele vai se casar com sua amiga de infância. Me lembro de quando Kalel veio até minha casa contar a ele o que houve, ele ficou maluco e disse um monte. Eu permaneci em meu quarto não queria ver ele.
Até mudei meu horário de faculdade só pra evitar nossos encontros. Alex não gostou muito mas entendeu e essa também foi a forma que encontrei de passar menos tempo com ele. Juro que tenho tentado me apaixonar por ele mas não consigo, parece que depois do Kalel meu coração não aceita mais ninguém e no fundo eu sei que ele sabe mas insisti em ficar comigo.
Ao mudar meu horário da faculdade, acabei perdendo meu emprego e agora trabalho de bico com a família da Jéssica na organização de casamentos. O que é uma ironia absurda vendo que o casamento do meu amor acontece hoje a noite e estarei lá para ajudar na ornamentação.
- Tem certeza que quer ir? - Jéssica me encara - eu converso com a minha mãe e arrumamos outra pessoa.
- Não vou deixar ela na mão amiga. Além do mais até ela arrumar alguém que saiba todo o trabalho e eu já sei.
- Mas amiga, é o casamento do Kalel.
- E?
- Eu sei que você ainda ama ele.
- Quem disse?
- Tá escrito bem na sua testa garota - ela revira os olhos.
- Vamos mudar de assunto ok?
- Tá bom - ela se ajeita no banco da passageira - já estamos bem perto agora. Você não sente que seu coração vai saltar do peito não?
- Claro que não - minto e viro a esquerda - já pedi pra mudar de assunto.
- E o namoro com o Alex? Vai empurrar com a barriga até quando?
- Até eu me apaixonar por ele - reviro os olhos.
- Você sabe que isso não vai acontecer né?
- Jéssica o que deu em você hoje garota? - digo irritada - umas perguntas chata.
- Tá bom vou ficar calada agora.
- Obrigada.
Aumento o som e sigo dirigindo. Ainda não tenho carteira mas sei dirigir pois meu pai me ensinou e como a mãe de Jéssica não poderia ir agora para o evento eu e ela tínhamos que ir na frente para começar a organização.
Mais alguns minutos e lá estávamos.
Paro o carro em frente aquela casa enorme que me trás tantas lembranças. Respiro fundo e toco a campainha. A empregada responde pelo interfone e em seguida o portão se abre. Pegamos tudo que era necessário para a decoração em umas quatro viagens indo e voltando da Fiorino.
Olho ao redor e não vejo nenhum rosto conhecido.
- Eles devem estar se preparando - Jéssica me encara.
- Tá falando de quem?
- Como você se faz ein garota - ela da uma gargalhada e começa a pegar as flores.
- Alana? - Uma voz conhecida me chama - é você?
- Ah, oi Jô - abro um sorriso sem graça.
- Que saudade - ela praticamente pula em mim e ambas caímos na grama - como você está? Sei que você tem me evitado por motivos óbvios, mas estou com saudades poxa - ela da um tapa em meu braço.
- Jô - dou uma gargalhada - eu precisava manter um pouco de distância por causa do seu irmão me desculpa.
- Ele é um idiota, fazendo todo esse circo pra aquela imbecil - ela revira os olhos e se levanta - ele sabe que você está aqui? - ela se levanta e depois estica a mão e me ajuda a ficar de pé.
- Não, claro que não - respondo rápido - ele está aqui? - olho ao redor.
- Na verdade não, acho que foi pro trabalho.
- Mas hoje é o casamento dele.
- Ele não quer se casar Alana.
- Bom - mudo de assunto - essa é a Jéssica, minha amiga - aponto para ela.
- Prazer - ela a abraça - me lembro de você da festa do meu irmão, você estava né?
- Ah sim, eu estava. Agora me lembrei - Jéssica sorri.
- Bom, queria papear com você mas preciso agilizar tudo aqui antes que os noivos cheguem - sinto uma pontada no peito ao dizer essas palavras.
- Eu poderia oferecer a minha ajuda, mas eu realmente não quero participar disso. Inclusive estou de saída.
- Mas é o casamento do seu irmão...
- Mas não é com você e eu sei que por mais que ele finja não é isso que quer. Ele é meu gêmeo e eu o conheço melhor que ninguém - ela me abraça - eu ainda espero que vocês se acertem.
Abro um sorriso um pouco triste pensando naquelas palavras e sabendo que não vamos nos acertar e que depois de hoje será o nosso fim pra sempre.
Observo Josephine se afastar e logo em seguida volto ao trabalho.
O arco de flores já está praticamente pronto. O tapete vermelho estendido com maestria pelo jardim e as cadeiras estão devidamente ajeitadas de ambos os lados.
Subo na escada para ajeitar os últimos detalhes das flores na parte de cima do arco quando ouço a voz de Kalel. Meu corpo inteiro se estremece e quase me desequilibro.
Estou de costas e me recuso a olhar pra trás a última coisa que preciso agora é encontrar aqueles olhos verdes. Meu coração bate forte e minha respiração fica irregular.
Tento me manter concentrada mas o som da voz dele tira todo o meu juízo.
- Jéssica? - ele grita.
- Vai lá Jéssica - eu cochicho.
- Não - ela responde baixo enquanto sorri para Kalel.
- Por favor, ele vai vir aqui e vai ver que sou eu. Não faz isso comigo.
- Que saco - ela resmunga e começa a se afastar de mim indo em direção a Kalel.
Eles conversam algo que não consigo ouvir por conta da distância.
- Preciso sair daqui - digo a mim mesma e desço a escada com cuidado para não chamar a atenção.
Pego meu celular e confiro a hora. O casamento está marcado para as 21h e já são 20h.
- Ele tinha que aparecer logo agora - Bato com a mão em minha testa e adentro a grande casa.
- Meu Deus estive aqui a tanto tempo que nem se quer me lembro aonde tem um banheiro aqui em baixo - olho ao redor e vejo uma porta aberta - deve ser ali - pego o celular e mando mensagem para a Jéssica.
"Quando terminar o seu papo cabeça com Kalel me avisa que eu volto estou aqui dentro da casa procurando um banheiro"
Entro no cômodo e percebo que mais parece uma biblioteca que um banheiro. Olho ao redor e fico encantada com a quantidade de livros. Começo a andar pela sala olhando livro por livro. Estou de costas para a porta quando a ouço se fechar.
- Desculpa eu só estava procurando o banheiro - quase pulo e me viro lentamente para ver quem é.
- Aqui não parece bem um banheiro.
Meu coração se acelera de uma forma tão intensa que parece que vou ter um treco. Kalel está bem na minha frente, seus cabelos loiros estão ainda mais compridos do que da última vez que o vi. Ele está vestindo um terno preto com uma camisa social branca e a gravata preta.
- Eu já estava de saída - abaixo a cabeça - e por que não está surpreso em me ver? - paro um pouco pra refletir - Jéssica - cerro os dentes e caminho em direção a porta furiosa.
- Espera - ele segura minha mão - uma aliança de compromisso Alana?
Então você está mesmo com aquele imbecil - ele revira os olhos - vocês já transaram?
- Oi? o quê? - meu rosto cora - isso não é da sua conta.
- Ok, desculpa fui invasivo.
- Me solta preciso voltar - o encaro.
- Você está tão linda - ele acaricia meu rosto.
- Pelo amor de Deus Kalel, não faz isso você vai se casar em menos de uma hora.
- Vou, mas é você quem eu amo.
Ele se aproxima cada vez mais de mim e minhas pernas se enfraquecem. Quero correr pra bem longe dele mas meu corpo não me obedece então permaneço no mesmo lugar. Ele acaricia meu rosto e encosta sua testa na minha - eu daria tudo pra ser você a noiva que vou encontrar no altar hoje.
- Kalel...
- Shh - ele pousa o dedo indicador em meus lábios - me escuta - ele implora - você precisa saber que ...
- Tá ouvindo? - o interrompo - parece a voz da Katarina e da sua mãe.
- Sim - ele arqueia uma de suas sombrancelhas - elas estão vindo pra cá.
- O que? pra cá? Aqui? onde estamos?
- Sim.
- Meu Deus e agora - me afasto e ando de um lado para a outro - se pegarem a gente aqui sozinhos vão fazer o maior barraco. Vão ligar pra mãe da Jéssica e eu vou perder meu emprego.
- Calma - ele olha ao redor - Ali - ele aponta para um armário enorme.
- Sério? - o absevo com as mãos na cintura.
- Ou você pode sair pela porta da frente e bater um papo com elas - ele sorri.
- Idiota - reviro os olhos.
Ele me puxa pela cintura rapidamente e ambos entramos lá dentro enquanto ele fecha a porta - O que você está... - ele tampa minha boca com sua mão.