O dia amanhece e a luz invade a sala me fazendo despertar, coço os olhos e olho para ele.
- Bom dia - digo me sentando - Você Está acordado a quanto tempo?
- Tem um tempinho já. Bom dia linda - ele beija meus lábios.
- por quê não me acordou?
- Você estava tão tranquila dormindo, não queria interromper.
- Quantas horas ?
- Agora são 10:00h da manhã.
- Dormi muito - dou um pulo do sofá me recordando de que não passei a noite em casa - meu pai vai me matar.
- Calma, não vai.
- Ele vai sim - procuro por minha calça.
- Eu posso falar com ele se quiser.
- Não, ele vai surtar se souber onde passei a noite ou melhor com quem - faço um coque no cabelo.
- Você quer que eu te leve agora ?
- Você se importa?
- Queria ficar mais tempo com você - ele acaricia meu braço.
- Eu também meu amor.
- Então fica, prometo resolver isso depois.
- Melhor não, eu e ele não estamos no melhor momento. Ter passado a noite fora foi a gota d'água eu tenho certeza disso.
- Tudo bem meu amor, eu levo você. Eu pedi café da manhã, toma comigo pelo menos.
- Tudo bem.
Nos sentamos a mesa, havia frutas, biscoitos, leite, pão e café.
- Não sabia exatamente o que você gostava de comer então fiz um mix de coisas.
- Que gracinha - aperto sua bochecha.
- Então, você e seu pai ?
- Não estamos nos entendendo muito bem.
- Por que?
- Ele está se relacionando com uma mulher - digo enquanto levo uma uva a boca.
- Você está com ciúmes?
- Não, só acho desrespeitoso com a minha mãe.
- Desrespeitoso? - ele me encara.
- Sim.
- Mas o que tem de mais ele estar com outra mulher? Sua mãe não morreu quando você tinha onze anos?
- Sim mas outra mulher? Ele não poderia esquecer dela tão rápido.
- Não acho que ele tenha esquecido ela, só acho que como homem ele tem suas necessidades e o direito de recomeçar.
- Não acredito que está falando isso - o repreendo.
- Amor, ele merece recomeçar.
- Perdi a fome, pode me levar agora? - me levanto.
- Calma, senta.
- Não, quero ir embora.
- Eu só dei a minha opinião.
- Você não pode opinar sobre o que não sabe.
- Desculpa.
- Tudo bem - digo saindo da cozinha indo em direção a porta da sala.
Ele se levanta sem dizer mais nada e juntos vamos para o carro estacionado logo a frente do chalé.
Fizemos todo o percurso em silêncio, estava chateada de mais e pensando no quanto meu pai falaria na minha cabeça por passar a noite fora. Chegamos a minha casa e algo chamou a minha atenção.
- Aquilo é uma viatura no seu prédio?
- Eu acho que sim - me curvo pra frente tentando ver o que está acontecendo.
Desço do carro no instante em que Kalel estaciona. Ele também desce e me observa enquanto atravesso a rua correndo e entro no prédio.
Meus olhos estão arregalados e sinto uma onda de adrenalina percorrer meu corpo com medo de algo tenha acontecido, subo o mais rápido que posso para o apartamento onde moro, abro a porta e dou de cara meu pai conversando com dois polícias. Ele olha em minha direção e vejo a raiva em seus olhos.
- AONDE VOCÊ ESTAVA? - ele grita e caminha até mim.
- Bom, acho que terminamos por aqui - um dos policiais diz.
- O quê houve? - tento manter a calma.
- Obrigado por virem e desculpa tomar o tempo de vocês.
Os policiais concordam com a cabeça e saem do apartamento.
- O quê houve Alana? Eu estava louco de preocupação.
- Precisava chamar a polícia pai?
- Precisava porque você não deu nenhum sinal de vida. Eu liguei pra você mas só dava caixa postal.
- Meu celular estragou.
- E você não podia ligar pra avisar que estava viva?
- Você está exagerando.
- ESTOU? - ele volta a gritar - AONDE VOCÊ ESTAVA ATÉ AGORA? E NEM ME VENHA COM ESSA DE FESTA POR QUE ESSAS FESTINHAS NÃO DURAM ATÉ MEIO DIA.
- Ela estava comigo - Kalel entra e se aproxima de nós.
Meu desespero era tanto que nem percebi que ele veio atrás de mim.
- Eu bebi além da conta e Kalel me ajudou.
- EU NÃO TE CRIEI PRA ISSO.
- Isso?
- Passar a noite com um homem como uma qualquer.
- Ei, pega leve. A gente acabou adormecendo e só acordamos hoje pela manhã - Kalel o interrompe.
- E não podiam mesmo ligar avisando?
- Para de bancar o preocupado. Ontem a noite você não tinha nenhuma preocupação quando resolveu passar a noite com aquela mulherzinha.
Ele está me fuzilando com os olhos quando me da um tapa na cara. Sinto meu rosto queimar e as lágrimas escorrem sem nenhum controle. Kalel por sua vez segura meu pai pela gola da camisa.
- Você está ficando louco?
- Me solta moleque, ela fez por merecer.
- Seu idiota!
Kalel da um soco na cara do meu pai fazendo seu lábio inferior sangrar. Eu o seguro e tento puxa lo para trás ficando entre os dois evitando que a situação piore ainda mais.
- Parem vocês dois! - grito aos prantos.
- Saí da minha casa agora seu moleque! - ele grita limpando o sangue dos lábios - e você Alana, vai pra casa da sua avó, não quero você com esse cara.
- N..Não eu não vou. Tenho uma faculdade pra concluir lembra?
- Você vai mudar de faculdade. Você não era assim, não ia a festas e agora dorme até fora de casa.
- E daí? Eu sou maior eu posso fazer o que bem entender.
- Não enquanto estiver debaixo do meu teto.
- Você não pode fazer isso comigo.
- Se não largar esse moleque vai ter que arrumar outro lugar pra ficar.
- Você não pode fazer isso com ela - Kalel nos interrompe - com a gente.
- Já mandei parar de falar - ele aponta o dedo para Kalel - a escolha é sua Alana - ele me desafia.
Fico paralisada quando um vazio domina meu corpo. Nunca pensei que pudesse chegar a essa situação com o meu pai e agora eu não sei o que fazer. Eu e Kalel acabamos de nos acertar e não quero perder lo mas o meu pai está me pressionando com essa chantagem ridícula. Quero correr, me afastar de tudo o mais rápido que eu puder. Tenho dificuldades pra respirar e Kalel percebe. Ele se aproxima e passa a mão carinhosamente por minhas costas tentando me acalmar e meu corpo estremece com o seu toque. Ele segura minha mão e me abraça pela cintura.
- Eu vou entender se quiser ficar, podemos dar um jeito nisso - ele fala próximo ao meu ouvido.
- Me leva daqui - digo sem desviar os olhos de meu pai.
- Tem certeza?
- Sim, só vou pegar umas roupas e o meu material, acho melhor você esperar lá fora.
- Você vai ficar bem aqui com ele?
- Sim.
Meu pai está parado boquiaberto com o que acabei de falar ele não tem nenhuma reação. Espero até ter certeza de que Kalel já está do lado de fora pra subir as escadas. Entro no meu quarto olho no espelho pra conferir se meu rosto não está roxo nem nada do tipo, logo em seguida pego minha mala e começo a juntar algumas coisas, o essencial até eu decidir o que fazer. Ouço passos pesados subirem as escadas e sei que meu pai está vindo. Respiro fundo e continuo o que estou fazendo mesmo sabendo que ele me observa escorado na porta.
- Pra onde você vai ?
- Não importa já que é você quem está me obrigando a sair.
- Esse garoto não presta pra você.
- Como pode ter tanta certeza?
- Ele te levou sabe se la Deus pra onde, você dormiu fora e não teve a mínima preocupação em avisar
- É sobre isso então? Uma noite fora?
- Olha Alana, sua mãe nunca fez isso, passar noite fora de casa com um homem que nem era seu namorado. Nem comigo ela fez...
- Eu não sou a minha mãe - o encaro.
- Eu sei, estou tentando dizer que ...
- Eu não quero saber pai. Você fez uma escolha e eu outra.
Fecho minha mala a coloco no chão, pego minha mochila e vou em direção a porta.
- Você vai se arrepender Alana de sair de casa por conta de um namorico que não vai dar em nada.
- E você por me perder.
Após dizer isso eu saio, não olho pra trás mas sei que ele não vai tentar me impedir. Apesar de agora não estar mais chorando, estou um caos por dentro. Preciso arrumar um emprego e um lugar pra ficar, minha cabeça está a mil.
Quando chego no portão, Kalel está encostado no carro de cabeça baixa. Ele me olha, seu olhar é triste e confuso. A luz do sol bate em seu rosto fazendo com que fique ainda mais lindo.
Ele se aproxima pega minha mala, abre a porta de trás do carro e a coloca lá com todo cuidado. Eu abro a porta do passageiro e me afundo no banco. Ele se senta ao meu lado, me olha com cuidado, acaricia meu rosto e segura meu queixo me obrigando a encara lo.
- Ei, vai ficar tudo bem.
- Não, não vai - Volto a chorar descontroladamente.
- Não chora por favor, eu tô aqui meu amor. A gente vai dar um jeito eu prometo - Ele limpa minhas lágrimas.
- Tudo bem - Respiro fundo e solto devagar.
- Vamos pra minha casa, você pode ficar lá quanto tempo precisar.
- Não, sua casa não. Sua mãe...
- Tudo bem, vamos pro chalé então.
Faço que sim com a cabeça e ele liga o carro.

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MEU EU EM VOCÊ
RomanceAlana é uma menina do interior que acaba de se formar no ensino médio e logo vai começar a faculdade, pra isso ela e seu pai precisam se mudar para uma nova cidade com novos amigos e desafios. O que ela não imaginava é que nesse novo colégio ela enc...