MEU EU EM VOCÊ

45. ALANA

Recosto minha cabeça na janela evitando olhar em sua direção, sei que de tempos em tempos ele me olha como se quisesse dizer algo mas não dou nenhum tipo de liberdade para que isso aconteça até que ele interrompe nosso silêncio.
- Quer ir ao shopping almoçar ou prefere ir a um restaurante?
- Perdi a fome.
- Você precisa se alimentar meu amor.
- Sem essa de meu amor, ainda não engoli aquele seu papo furado.
- Alana, me desculpa ok?
- Você deveria pedir ao Pedro também por ter agido feito um babaca.
- Ele não! O cara é louco com você e você acha que não tenho o direito de surtar ?
- Ele não é louco por mim – o encaro – só veio a pedido do meu pai pra tentar me convencer a terminar com você e voltar pra casa, você demorou, ele me chamou pra almoçar.
- E você vai terminar comigo?
- Estou aqui não estou?
- Mas está brava comigo.
- Se eu fosse terminar eu teria ido com ele antes mesmo de você chegar. Não quero mais falar sobre isso, estou exausta.
- Tudo bem. Vamos pra casa então, se sentir fome posso fazer algo pra você.
Não respondo, apenas recosto minha cabeça na janela enquanto seguimos para casa, a forma como ele diz até parece que é nossa casa, nosso cantinho mas não é verdade e nem sei se tenho maturidade pra isso. Preciso encontrar um emprego e um lugar pra morar, o mais rápido possível, amanhã irei me encarregar disso. Mais alguns minutos e chegamos. Kalel desce depressa afim de abrir a porta pra mim mas sou mais rápida. Abro, desço e caminho em direção ao chalé sem dizer nenhuma palavra sequer. Ele não diz nada, apenas me observa e me segue até entrarmos. Passo pela sala e deixo meu celular por lá em seguida vou direto pro quarto, guardo minha mochila tiro os sapatos e me deito na cama. Poderia sair para procurar um emprego hoje mesmo, mas estou exausta, cansada de mais pra qualquer coisa que seja.
- Você vai continuar me ignorando?
- Eu estou cansada Kalel..
- Quer que eu te deixe sozinha?
- Por favor – ele se levanta pra sair – pode pegar meu celular em cima do sofá por favor ?
- Sim.
Ele saí do quarto e eu fico a sua espera, mas algo está errado ele está demorando e isso faz com que meu estômago revire. Me levanto e vou até a sala, quando chego ele está com o meu celular em suas mãos, parece estar lendo algo e sua cara não é das melhores.
- QUE PORRA É ESSA ALANA ? – Ele grita.
- O quê? – caminho em sua direção.
- Está merda!
ele me entrega o telefone e então vejo, é uma mensagem de Alex.
Oi gata, minha entrevista acabou e deu tudo certo. Bom, aparentemente eles irão precisar de mais alguém eu indiquei você e passei seu telefone. Eles devem te ligar marcando uma entrevista. Espero que consiga, será um prazer trabalhar ao seu lado pequena.
- Você estava lendo as minhas conversas ?
- Por que esse cara tem seu número? Por que você está procurando um emprego?
- Ele tem meu número porque eu passei pra ele – minto – e sobre o emprego, não sei se você percebeu mas, pra eu morar em qualquer lugar que seja irei precisar pagar e sem emprego fica difícil.
- Já falei que você pode ficar aqui.
- Você vai me sustentar por um acaso?
- Vou!
- Está de brincadeira comigo né? – dou uma gargalhada – não preciso que me sustente.
- Bom, eu meio que já estou, já que você está aqui ...
- O quê? - o encaro - Quer saber, vou embora, não preciso que fique jogando isso na minha cara.
- Não estou jogando na sua cara.
- Sim, você está – passo a mão pelos cabelos – Meu pai tinha razão.
- O quê? NÃO! – ele se aproxima e segura minha mão.
- Me solta – tento me desvencilhar – estou cansada desses seus surtos.
- Você só dá corda pra gente que te quer, olha a mensagem desse cara.
- Pelo amor de Deus Kalel o mundo não gira ao meu redor, nem todo mundo me quer e mesmo que quisesse estou com você cara.
- Desculpa eu só não quero perder você.
- Então para de agir assim, se não vai acabar me perdendo.
- Vem cá.
Ele estende a mão em minha direção, sou um pouco relutante mas acabo cedendo. Ele me abraça e beija minha testa.
- Eu fico louco só de imaginar você com outra pessoa.
- Não tem porque imaginar nada disso. Eu estou aqui com você.
- Eu sei, me perdoa?
- Está tudo bem – me afasto – preciso de um banho.
- Quer que eu vá com você?
- Hoje não.
- Posso te ajudar a relaxar - seu olhar é malicioso.
- A gente não pode resolver as coisas com sexo Kalel.
- Não é resolver é só liberar a tensão - ele se aproxima.
- NÃO! - Eu colo o a mão em seu peito evitando sua aproximação.
Kalel segura minha mão e a beija, sinto minhas pernas bambearem ao seu toque e tenho disfarçar.
- Você vai gostar, prometo - Ele beija meu pescoço ignorando o espaço entre nós.
- Não - minha voz saí como um gemido.
- Você tem certeza? - ele desce a mão por minha calça apertando minha boceta - sei que você vai gostar.
- Você é doente - eu o encaro - acabamos de brigar e você está pensando em sexo.
- Sim, estou pensando em te foder naquele banheiro até toda a minha raiva desses dois idiotas passar.
Sinto um arrepio quando ele diz essas palavras. Gosto quando ele fala dessa forma, mesmo que ele nunca tenha me perguntado eu sei que ele sabe e por isso faz.
- Kalel... - Me sinto totalmente entregue mas logo me recomponho - Não, ainda estou muito puta com você.
- Ah  ok - ele se afasta - O quê preciso fazer pra você me perdoar?
- Parar de agir feito um idiota já é bom começo.
- Quando se trata de você eu não consigo controlar meu ciúmes. Não suporto homens rodearam você com segundas intenções.
- As vezes só querem ser meus amigos mesmo e você quem cria toda essa história na sua cabeça.
- No fundo você sabe que não é bem assim.
Respiro fundo - Já chega desse assunto. Não quero mais brigar - me aproximo e beijo seus lábios e vou para o quarto.
Entro pego a toalha e corro para o banheiro.