54. ALANA

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Termino de me recompor quando a Beatriz entra no vestiário e me assusto.
- Desculpa, não queria assustar você - ela diz abrindo seu armário.
- Não, tudo bem - fecho o meu e pego minha mochila.
- Acabei de esbarrar com um cara gato ali fora. Estava procurando o banheiro masculino e veio parar atrás do galpão você acredita?
- É mesmo? - respondo tentando manter a serenidade.
- Sim.
- Ah - é só o que consigo responder - estou indo tchau.
- Tchau.
Saio quase que correndo do vestiário e assim que saio avisto o carro de Kalel, mas ele não está. Olho de um lado pro outro a sua procura e não o vejo. Me escoro na porta e começo a mexer no celular esperando que ele apareça.
- Oi linda - ele destrava as portas pelo dispositivo em sua chave.
- Pensei que estaria aqui quando saísse - digo o observando se próximar.
- Tive que me recompor linda aí fui no banheiro - ele sorri e abre a porta pra mim.
- Obrigada - entro, me ajeito no banco do passageiro e o observo se sentar ao meu lado - você é louco - abro um sorriso.
- Por você meu amor - ele se inclina pra me beijar.
Kalel liga o carro e em menos de dez minutos estamos em casa.
Ele abre a porta e da passagem para que eu entre primeiro. Assim que passo pela porta me jogo na cama.
- Está cansada meu amor? - ele se senta ao meu lado e acaricia minhas costas com as pontas dos dedos.
- Bastante.
- Quer que eu te faça uma massagem?
- Quero, mas primeiro vou tomar um banho - me levanto da cama de forma arrastada.
- Tá com fome? Posso fazer algo enquanto você toma banho.
- Não tem nada pra fazer, ainda não tive tempo de comprar - pego a toalha.
- Quer que eu peça algo então?
- Não, eu tô bem. Só preciso de um banho e dormir.
Caminho para o banheiro, retiro minha roupa e permito que água quente relaxe todo o meu corpo.
Termino o banho e me troco por lá mesmo.
- Ah, pensei que fosse se vestir aqui - Kalel se levanta e me abraça por trás beijando meu pescoço.
- Sei quais são suas intenções - digo enquanto tiro o excesso de água dos meus cabelos com a toalha.
- Não vou mentir, bem que eu te queria de novo mas sei que está cansada - ele massageia meus ombros - Vi seu pai hoje.
- E aí? - tento demonstrar o mínimo de interesse possível.
- Ele sente sua falta Alana - ele faz uma pausa - e acabei contando que você está trabalhando e alugou uma kitnet.
- Por que fez isso? - o encaro.
- Porque ele te ama e está preocupado - ele beija minha testa - acho que deveria ligar pra ele.
- Não sei...
- Ele é o seu pai amor, você não pode ignorar ele pro resto da sua vida.
- Mas ele já tem alguém, não precisa de mim.
- Amor - ele me segura pelos ombros - ele merece recomeçar e é óbvio que precisa de você, sempre vai precisar.
- Vou ver...
- Promete que vai ao menos pensar sobre?
- Tá - digo me afastando pra pegar a escova de cabelo.
- Conversei com o meu pai hoje também.
- Sobre?
- Nós - sua voz é firme - ele veio com aquela mesma conversa de sempre mas fui firme. Eu não vou deixar você.
- Eu não quero ser um problema na sua vida e caso eu venha ser, prefiro terminar tudo - o encaro.
- Não diz isso nem brincando - ele corre até mim e me abraça pela cintura - eu não vou me afastar de você só porquê eles querem.
- Mas pode interferir no seu futuro - o encaro.
- Meu futuro só existe se tiver você. Eu disse isso pra ele e acho que ficou bem esclarecido pois ele disse que tudo bem.
- Ele disse isso? - minha cara é de surpresa.
- Sim, eu também estranhei mas não me importo, se for fingimento vou continuar com você eles querendo ou não.
Kalel me abraça e sinto uma pontada no meu peito. Não quero de forma alguma ser um peso na vida dele ou a pessoa que fez com que ele perdesse tudo. Eu o amo mais que tudo mas jamais aceitaria ser o motivo de sua "desgraça" financeira.
Me aninho em seus braços e me sinto segura de tudo que tenta nos separar, me sinto bem, eu mesma. Queria que tudo fosse mais simples, que a família dele entendesse que eu o amo e o dinheiro não importa pra mim. Se eu pudesse ter a chance de mostrar isso à eles...
- Daqui duas semanas vou ter que ir na casa da minha vó no interior - ele faz uma pausa - queria que você fosse comigo, mas tenho que preparar ela primeiro por que ela tem o mesmo pensamento dos meus pais.
- Tudo bem, eu entendo - o encaro - daqui duas semanas também é aniversário do Rick e eles vão comemorar lá na lanchonete.
- Você quer ir?
- Não sei...
- Vamos! A visita vai ser a tarde a noite apareço por lá.
- Tudo bem - me viro e caminho até a acama.
- Está chateada por eu ir? Porquê se estiver eu não vou.
- Não de jeito nenhum é a sua família - me deito - só estou cansada.
Ele se deita ao meu lado e me abraça - Vem cá, vou te fazer dormir.
Ele acaricia meus cabelos fazendo com que eu caía num sono profundo.

MEU EU EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora