17. ALANA

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17. ALANA

O último dia dessa semana louca de faculdade. Me levanto ao som do despertador, vou ao banheiro fazer minha higiene matinal volto ao quarto, visto uma camiseta preta, uma jaqueta de couro e uma calça jeans escura. Calço meu allstar, junto meus cabelos em um rabo de cavalo e desço para tomar café.
A mesa não está posta como de costume, meu pai sempre acorda mais cedo e ajeita nosso café da manhã, mas hoje ele não fez isso. Coloco minha mochila sobre a cadeira e começo a preparar o café da manhã.
Me sento na mesa e começo a me alimentar. Assim que termino confiro a hora no celular de novo, se meu pai demorar um pouquinho mais chegarei atrasada.
- Bom dia filha - ele aparece ofegante ajeitando o paletó.
- Boa tarde quase - abro um sorriso.
- Eu dormi mais cama hoje - ele pega um copo e o enche de café.
- Eu percebi.
Meu celular vibra em minha mão e desbloqueio para ver o que é.
Era uma mensagem de Kalel.
"Estou esperando você aqui fora"
- VOCÊ O QUÊ? - quase grito olhando para tela do aparelho.
- Falou comigo filha?
- Não pai, é outra coisa aqui.
"Como assim me esperando?" - respondo a mensagem.
"Vem logo, vamos nos atrasar"
Me levanto da mesa - estou indo pai.
- Eu vou levar você, deixa eu só pegar minhas chaves - ele olha por toda parte.
- Não precisa.
- Se for de ônibus vai chegar bem atrasada.
- Eu chamei um uber - minto.
- Tá bom filha. Desculpa mesmo, não sei o que houve.
- Talvez as duas garrafas de vinho, não sei.
- Pode ser - ele sorri sem graça.
- Bom, vou nessa - beijo seu rosto e saio apressada.
Desço as escadas correndo e logo estou em frente ao carro. Ele destrava as portas e eu entro.
- Pensei que não fosse descer nunca - ele sorri e liga o carro.
- Precisava avisar meu pai que não iria com ele hoje - coloco o cinto.
- Você disse que iria comigo? - ele parece surpreso.
- Não, claro que não. Disse que ia de uber, mas qual o problema de falar que iria com um amigo da faculdade?
- Ele iria querer saber que amigo é esse.
- Com certeza iria - abro um sorriso - mas qual o problema? Você tem medo de "pais"?
- Claro que não - ele sorri - seu pai é legal.
- Como sabe disso se você nem o conhece?
- Bom, ele criou você e você é incrível, então eu deduzi.
- Talvez eu tenha puxado minha mãe.
- Eu espero que tenha puxado seu pai.
Caímos na gargalhada - Por que veio me buscar em casa?
- Sei lá, só queria te dar uma carona.
- Tá bom eu acho.
- Quer passar na padaria antes pra comer algo?
- Não, estou bem. Obrigada.
- Tem certeza? Podemos comprar um lanche pra mais tarde, já que você vive com fome.
- Cala a boca - abro um sorriso e bato em seu braço - eu nem como tanto assim.
- Só devorou os chocolates ontem em minutos.
- Meu corpo precisava de açúcar.
- Claro que precisava - ele sorri.
Mais algumas conversas e logo estávamos na faculdade. Hoje não teríamos nenhuma aula em comum, então nos despedimos e cada um foi pra um lado.
As horas passaram mais rápido que esperava e logo estava indo para a biblioteca terminar o trabalho extra. Amanhã era sexta e não teríamos aula devido ao feriado, me sinto aliviada porém triste ao saber que não verei Kalel.
Chego a biblioteca e Kalel já está concentrado na tarefa.
- Terminando sem mim? - me sento ao seu lado.
- Só estava adiantando um pouco, aquele dia fiquei bem atrasado. Aposto que pra vc falta bem pouco pra terminar.
- Verdade, falta.
- Pode terminar se quiser, logo, logo eu acabo aqui.
- A gente começou juntos então vamos terminar juntos - abro um sorriso e retiro meu trabalho da  mochila.
                                            ***

- Bom, acho que acabamos - Kalel suspira esticando as pernas e os braços.
- Sim - digo com a voz baixa.
- Que foi?
- Nada - olho para baixo.
- Você mente mau sabia - ele passa o braço em volta da minha cadeira e aquele quase toque me deixa em alerta.
- Só que nossos momentos juntos depois da aula chegaram ao fim.
- A gente pode se ver sempre que você quiser.
Eu o encaro - Não creio que isso vá acontecer.
- Por que?
- Sei lá, uma intuição talvez.
- Pois está errada. Aliás, pensou sobre ir a minha festa?
- Ainda tenho um dia pra pensar.
- Na verdade, como sexta é feriado, vamos fazer amanhã mesmo.
- Eu não sei - faço uma careta.
- Prometo que te busco e te deixo em casa.
- A questão não é essa.
- O que é então?
- Eu não conheço ninguém além de você.
- Talvez Jéssica vá.
- Tem falando com ela? - o encaro.
- Não, mas Erick sim. Estão meio que se conhecendo.
- A gente não está se falando - o tom na minha voz muda.
- Sinto muito, vocês vão se resolver. Talvez até lá na festa mesmo.
- Katarina vai?
- Acho que sim.
- Ah.
- Ei, vamos por favor.
- Amanhã eu decido.
- Como você é difícil - ele revira os olhos.
- Só quando eu quero.
Ele passa a língua pelos dentes em meio a um sorriso e pressiono minhas pernas para diminuir a pressão que sinto lá em baixo.
- Bom, acho que já vou indo né - me levanto rápido esbarrando na mesa fazendo com que ela saia do lugar e faça um barulho bem alto.
- Eu levo você.
- Não precisa, eu vou correr - me enrolo nas palavras.
- Correr? Pra casa? - ele dá uma gargalhada.
- Não, pro ponto. Vou correr pro ponto eu quis dizer - respondo sem graça.
- Eu posso te levar não tem problema.
- Sério não precisa - pego minha mochila e saio apressada.
Meu Deus o que foi isso que acabei de dizer? Aquele sorriso me deixou desorientada como é que ele consegue ser tão lindo e sexy até nos menores detalhes?!
Chego no ponto e logo meu ônibus passa. Me sinto aliviada por não ter que dividir o carro com Kalel na hora de ir embora, meus hormônios estavam a flor da pele e não sou capaz de confiar em mim mesma agora.
Namorei Pedro por dois anos e sempre gostei dele mas nunca me senti da forma que me sinto quando estou com Kalel.
Ele me deixa mole quando se aproxima de mais, meu coração acelera e sinto meu corpo ser atraído até o dele. Se eu soubesse que com ele acontecia o mesmo, certamente o beijaria como se o mundo fosse acabar. Sinto aquela pressão lá embaixo novamente e aperto as pernas uma contra a outra. Só de pensar nele meus hormônios ficam borbulhando dentro de mim. Já aconteceu com Pedro mas não ao ponto de querer me entregar a ele, com Kalel é diferente. Preciso tirar ele da cabeça, isso vai acabar me deixando louca.

MEU EU EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora