34. ALANA

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Começamos a caminhar juntamente com a turma. Kalel e Katarina estavam um pouco mais a frente. Ele estava totalmente diferente de alguns minutos atrás, nem parecia o mesmo.
- Você está bem? Parece distante.
- Estou bem Alex, Só não queria ter me perdido da galera.
- Ficamos preocupados, o professor disse que por mais que não pareça aqui é perigoso.
- Eu sei, quase me afoguei.
- Como?
- Eu escorreguei e caí na água mas o Kalel me ajudou.
- Ainda bem que não estava sozinha.
- É..
Caminhamos por mais algum tempo e em seguida fomos para uma cachoeira que havia por lá. Me sentei um pouco afastada apenas observando a galera se divertindo e pulando na água.
- Oi - Jéssica se aproxima.
- Oi
- Posso? - Ela aponta para um lugar ao meu lado.
- Claro.
- Você está estranha, parece triste.
- Está tão óbvio assim?
- Sim. O quê houve? Quer conversar sobre?
- Kalel, sempre ele.
- O quê foi dessa vez ?
- O mesmo de sempre, ele se declara eu tento fugir, a gente se beija, parece que vai ficar tudo bem e aí tudo vira do nada.
- Apesar de não demonstrar ele também parece chateado.
- Eu sou muito otaria.
- Não diz isso amiga.
- Como não? Ele sempre faz isso e eu tô cansada.
- Então não fala mais pra ele, sabe, coloca um ponto final nisso tudo ou pede ele pra se decidir logo.
- Você acha que eu deveria fazer isso?
- Claro, seja direta com ele.
- As vezes acho melhor deixar pra lá.
- E ficar essa coisa mau resolvida?
- Bom, ele ter saído abraçado com a Katy depois de vocês nos achar deixa claro que estamos resolvidos.
- Bom, você é quem sabe.
- Cadê ele falar nisso? - Olho ao redor.
- Voltou pro ônibus, disse que estava com dor de cabeça e precisava dormir - ela se levanta - Vem, vamos entrar um pouco na água.
- Não quero, tô bem aqui.
- Tem certeza?
- Tenho sim.
- Bom, se precisar me chama, conversa comigo eu tô aqui pra ajudar você, ou tentar pelo menos.
- Obrigada.
Ela agradece com um sorriso doce e vai em direção a água. Fico remoendo seus conselhos e dizendo a mim mesma que era melhor deixar pra lá, mas meu coração me pede pra tentar uma última vez. Me levanto, olho ao redor pra ver se alguém está olhando e saio de fininho.  Quando chego ao ônibus paro na porta, respiro fundo e entro. Kalel está sentado no penúltimo banco com um boné preto tapando os olhos, o banco inclinado e fones de ouvido. Extremamente sexy, mordo o lábio inferior ao ver aquela cena me imaginando em cima dele o beijando. Mas logo limpo meus pensamentos, não vim aqui pra isso.
- Kalel... - Eu o chamo baixinho.
Ele se assusta mas logo em seguida se recompõe enquanto me olha nos olhos e retira o fone dos ouvidos.
Seus olhos estão frios como naquela hora em que Alex me abraçou.
- Preciso falar com você.
- Pode falar Alana, estou ouvindo.
- Por que você me diz uma coisa mas age totalmente ao contrário?
- Como?
- Estávamos bem, aí a galera chegou e você mudou.
- Eu mudei? - ele dá uma gargalhada - Aquele emo ridículo chegou te abraçando e você retribuiu.
- É isso? Por isso você saiu abraçado com a Katarina ?
- Você não me leva a sério.
- Eu... - olho pra baixo e começo a esfregar uma mão na outra.
- Foi o que eu imaginei.
- Ela te beijou bem na minha frente. Doeu e nem por isso te tratei com indiferença.
- Eu a afastei. Já você, retribuiu de imediato.
- Você está falando como se tivéssemos algo.
- E não temos? O que foi aquilo lá na gruta?
- Olha, eu não posso mais fazer isso. Comigo você é de um jeito, mas perto de outras pessoas me ignora.
- Eu não faço isso.
- Sim, você faz e eu estou cansada desse seu joguinho.
- Eu fui na sua casa, nós saímos eu queria você como minha namorada mas no primeiro desentendimento você me chutou.
- Falando assim parece que o que aconteceu foi pouca coisa.
- Não que tenha sido, mas a gente resolve as coisas conversando e não se afastando.
- Bem, agora isso não importa mais porque você e Katarina estão juntos novamente, isso se é que terminaram mesmo alguma vez.
- Está duvidando da minha palavra Alana ?
Ele se levanta e aproxima de mim. Posso sentir toda a raiva que ele emana em seus olhos.
- E por que acreditaria?
- Porque eu amo você e nunca mentiria ou tentaria enganar você. Mas você não acredita, nunca acredita.
- Eu acreditei, fui humilhada pela sua mãe e no dia seguinte tive que ver você beijando a Katarina. Você queria que eu agisse como?
- Com mais maturidade.
- Então agora eu sou imatura é isso? Meus olhos se enchem de lágrimas mas não permito que desçam. Engulo o nó que se forma em minha garganta e antes que ele responda eu o interrompo - Quer saber, chega disso. Eu cansei! Você quer ela? Fique com ela.
- Eu quero você porra!
- Então por que não fica comigo logo? Porque complica ?
- Por que você está sempre fazendo algo que me tira do sério. Aquele novato te conheceu hoje e já tem toda intimidade que eu demorei semanas pra ter.
- Intimidade? Foi só um abraço.
- Eu vi a forma que tocou você, ele tem interesse. Vocês são parecidos, os mesmos gostos, ideias - ele se vira de costas pra mim e eu o toco para que volte a me olhar mas isso não acontece - Não! - ele se desvencilha do meu toque me fazendo afastar - eu não suporto ver outro cara tocando você mas você insisti em deixar, sempre deixa.
- EU NÃO FIZ NADA, PELO AMOR ...
- Você nunca faz nada, e eu sempre o errado.
- Deixa pra lá.
- É melhor deixar mesmo.
- Te entrego a sua blusa na segunda feira, preciso lavar ela.
- Pode ficar.
- Não, eu não posso.
- Não vou pegar de volta. Semana que vem tento me transferir, eu preciso ficar longe de você.
- Não faz isso.
- Por que ? Por que eu não devo fazer? - Ele me encara com os olhos vermelhos e marejados.
- Porque... bom, eu...
- Você? - ele arqueia uma de suas sobrancelhas e se aproxima.
- Eu amo você e não quero que você se afaste.
Digo por impulso e ele fica paralisado me encarando e então percebo o que acabei de falar. Não acrescento mais nada apenas abaixo a cabeça evitando o contato visual mas não demora muito até que ele levante meu rosto carinhosamente fazendo com que eu o encare.
- O quê você disse ?
- Desculpa, eu..
- Não pede desculpas, só fala de novo por favor.
- Eu te amo Kalel. Tentei ignorar esse sentimento mas não dá, mão consigo.
Ele abre um sorriso e me envolve em seus braços, aquele é o lugar que me deixa mais confortável e também vulnerável. Eu o amo, não quero perde lo por orgulho ou por causa de outras pessoas. A gente se entende de um jeito louco mas se entende. Simplesmente não posso mais negar o que sinto, quero viver esse amor não importa como. Ele me afasta com cuidado, me olha nos olhos e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e me beija. O beijo se encaixa perfeitamente. ah como eu amo aqueles lábios.
- E agora? - Pergunto o abraçando novamente.
- Bom, você aceita namorar comigo?
- Quê mais assim? Do nada?
- Não é exatamente do nada né Alana.
- Mas como isso vai funcionar hoje? Se você falar com a Katarina e ficarmos juntos ela vai surtar.
- Eu sei.
- E então?
- Olha, quando estivermos em casa eu explico tudo a ela.
- Ela vai pra sua casa depois daqui ?
- Sim, minha mãe convidou ela pro jantar.
Reviro os olhos e sinto meu estômago embrulhar - Tudo bem.
- Ei, é você, só você. Katy e eu não temos nada, então só vou conversar com ela para que não aconteça mais nada que nos separe de novo - ele me abraça forte - e o emo?
- Não fala assim dele Kalel...
- Você gosta dele?
- Como você mesmo disse eu acabei de conhecer ele, por favor...
- Ok, esquece, mas se ele chegar perto de mais, quebro a cara dele.
- Isso não vai acontecer.
- Pro bem dele espero que não mesmo - ele sorri e se senta - senta aqui comigo?
- E se alguém aparecer?
- A gente improvisa.
- Não sei, melhor voltar.
- Vem garota.
- Tá bom.
Me ajeito ao seu lado e recosto minha cabeça em seu ombro enquanto passo os dedos por sua barriga.
- Você ficou ainda mais linda com esse piercing.
- Você achou? Pensei que nem tivesse reparado - abro um sorriso.
- Tá maluca? Fiquei impactado. Minha garota rebelde.
- Não sou rebelde - abro um sorriso.
- Ah você é.
Eu me afasto e o observo - queria poder estar lá fora curtindo com você.
- Podemos ligar o botão do fodas e ir.
- Podemos, mas não é o ideal.
- Eu não me importo você sabe né?
- Eu sei - o beijo - preciso voltar.
- Você não ficou quase nada.
- Você pode voltar comigo e a gente troca uns olhares.
- Não me provoca.
- Parei - levanto as mãos - Vamos?
- Tudo bem.
- Vou na frente.
- Ok.
Me levanto e começo a caminhar, saio do ônibus e olho pra trás mas não vejo Kalel, na dúvida decido continuar quando sinto suas mãos passarem por minha cintura e me puxar pra trás. Ele me encara e me beija.
- Não pode sair sem me beijar linda.
Dou um sorriso, me despeço e volto para a cachoeira e ele vem logo atrás mantendo uma distância razoável para que as pessoas não nos vejam juntos.

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