14. ALANA

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Já passam das oito da noite e aqui estou eu, deitada olhando para o teto pensando em como me sinto em relação aos últimos acontecimentos. Talvez fosse melhor me afastar de Kalel, amizade ou o que quer seja nunca vai acontecer. Não posso nutrir algo por alguém que nunca vou ter. Uma lágrima escorre no canto dos meus olhos. Tudo tem dado errado desde que entrei naquela faculdade e a verdade é que já estou começando a me cansar. Seco as lágrimas que insistem em escorrer pelo canto dos meus olhos e assim que pego meu celular ele vibra.

"Eu e a Katarina não estamos mais juntos"

Essa é a mensagem que recebi de Kalel e sigo paralisada lendo e relendo aquela mensagem. Digito algumas coisas mas logo em seguida apago. O que eu deveria mandar?
Me sento na cama e volto a digitar.

" 🙁 que pena, apesar dela ser insuportável vocês formavam um belo casal"

- Não acredito que acabei de mandar isso - digo pra mim mesma e bato de leve com o aparelho na minha testa.
Aguardo por alguns minutos e não recebo mais nenhuma mensagem, penso em ligar mas o que eu poderia dizer a ele?
Estou ansiosa, bloqueio e desbloqueio o celular torcendo para que chegue alguma mensagem que infelizmente não vem. Decido desligar o aparelho e ouço meu pai me chamar. Saio do meu quarto e vou até a sala.
- Oi Pai - Corro em sua direção.
- Oi filha - respondeu fechando a porta.
- Pedro?

- Oi Alana - Sorriu

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- Oi Alana - Sorriu.
Pedro era alto corpo atlético cabelos negros corte social. Olhos castanhos escuros e um rosto bem simétrico quase perfeito. Estava impecavelmente lindo com uma camisa social preta, calça jeans escura e um tênis - O quê está fazendo aqui? - o olhei por completo.
- Não vai me abraçar? - abriu os braços e veio em minha direção.
- Ah, claro.
Nos abraçamos, um abraço repleto de carinho e saudade. Não posso negar, sentia falta daquilo.
- Quanto tempo - se aproximou para beijar meu rosto mas eu me afastei.
- Si..Sim - respondi sem graça - Você ainda não me disse o que veio fazer aqui?
- Não está óbvio? Vim ver você - acariciou meu rosto.
- Pai? - o encarei enfurecida.
- O quê? Ele me procurou disse que queria te ver então combinei de ir buscá-lo no aeroporto.
- Poderia ter me avisado primeiro - olhei pra mim mesma analisando meu estado - Olha como estou? - apontei pra mim.
- Está perfeitamente linda.
- Gentileza sua Pedro - voltei a olha lo - mas então, pensei que fosse voltar só daqui dois anos.
- Bom, eu ia mas precisei voltar antes, minha mãe precisa de mim.
Seu semblante era triste e isso me incomodou um pouco. Sempre o via feliz e radiante mas hoje não.
- Aconteceu algo com ela ?
- É o meu pai ele está doente.
- O que ele tem?
- Ainda não sabemos, mas os médicos suspeitam de câncer.
- Pedro eu sinto muito - o abracei.
- Eu precisava muito disso - me apertou contra seu corpo - precisava de você - suspirou enquanto afagava meus cabelos.
- Eu também sinto muito Pedro - disse meu pai um pouco mais sério - o que pudermos fazer pra ajudar estaremos aqui.
- Claro - concordei de imediato.
- Entra, sinta-se em casa. Vou pedir uma pizza pra comemorar o seu retorno.
Logo meu pai se apressou em pegar o telefone e correu pro quarto para se trocar e concluir a ligação enquanto eu e Pedro ficamos na sala. Nos sentamos no sofá e por um breve momento o silêncio tomou conta do ambiente. Em Minha mente pensava em mil coisas ao mesmo tempo e uma delas era a mensagem de Kalel. Nem sei por que ele veio na minha cabeça naquele exato momento nem tínhamos nada, mas aquela mensagem e me deixava preocupada e confusa sobre tudo que vinha sentindo nos últimos dias.
- Você está bem?  parece longe.
- Estou bem - Sorri sem jeito - mas me conta, como estava sendo o intercâmbio?
- Estava incrível você ia amar conhecer o Canadá.
- Tenho certeza disso - o analisei com cuidado - conheceu alguém por lá?
- Claro, várias pessoas.
- Não, não dessa forma você me entendeu.
- Uma garota, Nick.
- E vocês?
- Sim, mas acabou eu não parava de pensar em outra pessoa - me encarou.
- É mesmo? - o encarei de volta - essa outra pessoa também é de lá?
- Na verdade não.
- Então?
- É garota mais linda que eu já conheci na vida. Cabelos negros, olhos azuis como o mar e a boca avermelhada como uma cereja -
Pedro passou a mão em volta da minha cintura me puxando para perto de seu corpo passando a ponta do seu nariz sobre minhas bochechas que se encontravam avermelhadas naquele momento. O ar quente que saia de seus lábios enquanto falava me fez estremecer - eu senti sua falta - suspirou em meu ouvido.
- A pizza já está à caminho - Meu pai aparece de repente me fazendo saltar para o outro lado do sofá - Atrapalho?
- Claro que não - resmunguei tentando acalmar minha respiração.
- Bom, vou ao mercado comprar um vinho tinto. Tomem cuidado vocês dois.
- PAI? - minha voz saiu mais forte do que eu planejava.
Ele sorriu - Já volto.
Revirei os olhos e me voltei para Pedro que gargalhava da situação
- Não teve graça.
- Teve sim, não precisava ter saltado pra tão longe de mim.
- Talvez fosse melhor manter uma distância segura.
- Eu não mordo Alana - me encarou - a não ser que você queira.
- É..não quero - Sorri.
- Tudo bem.
- Você parece tão diferente, mais maduro, não sei.
- Passei quase um ano fora, as coisas mudam rápido.
- Percebi, acho que só eu continuo a mesma.
- Acho que você cresceu alguns centímetros - brincou.
- Não achei graça nenhuma.
- Desculpa, amo quando faz essa carinha de brava me desmonta sabia ?
- Então... - Tentei mudar de assunto - meu pai sabia que vc viria ou foi apenas um acaso?
- Bom, eu já estava com planos de voltar por causa do meu pai e queria ver você então falei com o seu pai e combinamos de eu vir aqui primeiro. Inclusive te trouxe um presente - se virou para pegar algo na mochila - Toma, é apenas uma coisa boba pra você se lembrar de mim.
- Que lindo, um chaveiro da folha de bordo - elevei a altura dos meus olhos para admirar.
- Você gostou ?
- Eu amei - o olhei - Obrigada.
Passados mais alguns minutos meu pai chegou e a pizza também. Entre muitas conversas e risadas fomos levando a noite. A companhia de Pedro era incrível do mesmo jeito que eu me lembrava a quase um ano atrás quando ele foi embora.
 
"Relembrando o passado...
- Eu consegui. Vou pro Canadá - me abraçou forte.
- Sério?
- Que foi? Você não parece muito feliz com a notícia - me encarou.
- Eu estou é só que você vai pra muito longe de mim.
- Podemos continuar juntos, a distância não é o problema.
- Claro que é Pedro, não vai funcionar - lágrimas quentes começaram a escorrer descontroladamente por meu rosto.
- Ei - segurou meu rosto me obrigando a olha lo - a gente pode tentar pelo menos?
- Eu não quero te magoar e nem me magoar.
- Você quer que eu fique ?
- Claro que não. É uma oportunidade única, você precisa ir.
- Eu não perder você  - ele beija meus lábios."
 
- Bom, a pizza e a conversa está muito agradável mas eu preciso dormir.
- Tudo bem pai.
- Você - apontou pra Pedro - Estou de olho.
- Não se preocupe Sr. Marco tudo sobre controle por aqui.
- Eu espero que sim.
- Boa noite pai - me despedi sem graça.
Meu pai se levantou beijou minha testa se despediu de Pedro e subiu as escadas - Não fiquem até muito tarde.
- Entendemos Pai - revirei os olhos - Meu pai acha que sou uma criança.
- Mas você é!
- Tenho dezoito anos agora. Enfim, uma adulta.
- Claro - se aproximou - por quê parou de responder minhas mensagens ?
- Eu estava sofrendo Pedro precisava me afastar nossos horários não batiam e eu não te tinha mais como antes, aquilo estava me magoando de mais.
- Desculpa, eu não sabia que estava te fazendo tão mal.
- Não era você, mas a situação em si.
- Mas agora estou aqui e quero você - acariciou meu rosto.
- Você vai voltar pro Canadá?
- Eu não sei.
- Tudo bem - me afastei.
- Ei - passou a mão pelos meus cabelos - a gente pode fazer dar certo.
- Não posso, não tenho maturidade pra isso. Não quero me envolver agora de novo pra quando estivermos no melhor dos momentos você ter que partir.
- Você já tem outra pessoa?
- N..não - meu pensamento se volta para Kalel quando ouço aquela pergunta.
- Tudo bem, tá ficando tarde eu preciso ir embora - se levantou - posso te ver no final de semana ?
- Ah, claro.
- Eu te ligo pra combinarmos melhor.
- Eu espero.
- Bom - suspirou - vou nessa, me acompanha até a porta?
- Claro - Sorri.
O levei até a porta e novamente o silêncio ficou eminente. Ele parecia pensativo e distante ao mesmo tempo e eu não tinha muito o que falar. Parte de mim queria se jogar nos braços dele e a outra repetia o nome de Kalel. Aquilo me deixava confusa - Até mais.
- Até.
Ele me abraçou forte como se não tivesse a intenção de me soltar mas acabou soltando.
Seu perfume ficou grudado em meu rosto e cabelo. Fecho a porta e volto pro meu quarto. Já passa da meia noite e preciso dormir caso queira acordar cedo pra ir a faculdade.

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