57. KALEL

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Observo minha irmã se afastar juntamente com Alana sem poder fazer nada. Ela não me quer por perto. Sinto o desespero tomar conta de mim. E se ela nunca mais quiser me ver? Eu não sei viver sem ela e preciso fazer algo pra mudar essa situação.
Ando de um lado para o outro até que decido voltar pra lanchonete.
- Katarina? - a pego pelo braço - que merda é aquela no seu Instagram?
- Do que você está falando? - ela me encara.
- Aquelas fotos - tiro meu celular do bolso e as mostro.
- Meu Deus, eu não sabia que... - ela pega meu celular e analisa as fotos - quem fez isso?
- Não se faça de boba Katy, você sabe quem fez isso.
- Não, eu não.. - ela tenta puxar algo da memória - sua mãe pediu meu celular pra fazer algo, não sei o que exatamente. Claro! Foi ela, só pode ter sido ela.
- Você vai amanhã comigo na casa da Alana contar o que realmente aconteceu.
- Ah eu não vou fazer isso não - ela fecha a cara - entenda isso como um sinal, pra você voltar pra mim - ela passa a mão pelo meu peito.
- Para de agir dessa forma - retiro sua mão - nós já conversamos sobre isso. Pensei que tivesse entendido.
- Eu entendi Kalel - ela fecha a cara - eu faço o que está me pedindo - ela revira os olhos.
- Obrigado.
- Agora vem curtir a festa comigo?
- Tá louca? Nós dois hoje já deu muita dor de cabeça, vou pra casa.
Me afasto rapidamente dela e vou novamente para o lado de fora da lanchonete na esperança de encontrar Josephine mas em vão. Decido então pegar meu celular e ligar pra ela que atende no quarto toque.
- Oi - ela sussurra.
- Aonde você está?
- Estou aqui na casa da Alana. Ela acabou de pegar no sono.
- Como ela está?
- Muito triste. Até pouco antes de dormir ela ainda estava chorando.
- Eu sou um imbecil mesmo - bato com a palma da mão na testa.
- Você só quis ser gentil com a Katy e nossa mãe agiu de má fé.
- Eu não posso manter esse tipo de contato com a Katarina. Ela não respeita meu espaço e muito menos meu relacionamento.
- Isso é verdade, você tem que colocar limites Kalel - ela suspira - Bom vou aproveitar que ela está num sono profundo e vou voltar pra te pegar.
- Ok, estou te esperando aqui fora.
- Tá bom, tchau.
- Tchau.
Desligo o telefone e o coloco no bolso. Me recosto na parede ao lado da porta da lanchonete e só consigo pensar em Alana e em como vou resolver as coisas com ela. Sei que agora ela não quer nem ouvir falar meu nome, mas não posso deixar esse mau entendido estragar tudo que vivemos até aqui. Encosto a cabeça na parede, fecho os olhos e logo sou retirado dos meus pensamentos.
- Como pôde fazer isso com ela seu idiota - Alex saí pela porta e se aproxima - Você não merece aquela garota.
- Quem merece? Você? - me afasto da parede e dou uma gargalhada - você não sabe de nada. Cuida da porra da sua vida.
- Sim, eu mereço - ele me empurra e bato com as costas na parede - Jamais faria isso com ela seu otario.
- Você quer mesmo brigar comigo seu emo de merda? - eu me aproximo e o encaro.
- Seu escroto.
Ele me acerta o primeiro soco, saio cambaleando pra trás e sinto o gosto de sangue na minha boca. Cuspo no chão e limpo o sangue que escorre com as costas da mão enquanto ele me observa.
Se eu bater nesse idiota a Alana vai me odiar, mas a verdade é que agora ela já odeia, então não vai fazer muita diferença. Em um movimento rápido eu acerto um soco em seu rosto o que faz com que ele perca o equilíbrio, eu me aproximo e o empurro, ele caí direto no chão. Aproveito essa oportunidade de  fragilidade para chutar sua barriga.
- Kalel você está ficando louco? - Josephine grita e me puxa pela camisa - Qual o seu problema? - ela se abaixa para ajudar o Alex a se levantar - você está bem? - ela o questiona.
- Sim, estou! - ele se levanta rápido, a afasta e vem novamente em minha direção.
- Não! - ela corre e para no meio de nós dois - vocês não vão fazer isso.
- Você tem sorte que essa garota veio te defender, porque eu ia quebrar cada parte dessa sua carinha de playboy - Alex me ameaça.
- Josephine saí da frente que eu quero ver esse idiota quebrar a minha cara como está dizendo.
- Não Kalel - ela se aproxima de mim - Vamos embora, agora! - ela grita.
- Se esconde mesmo atrás de mulherzinha seu covarde - Alex me provoca.
- Eu vou matar esse cara - passo pela Josephine que me segura com toda sua força.
- Alana não vai gostar nada disso, vamos embora por favor... - ela quase chora.
- Você não merece que eu suje minhas mãos com quebrando a sua cara - eu digo com os dentes semi cerrados.
Permito que Josephine me leve até o carro, peço a ela as chaves mas ela faz que não e praticamente me joga no banco do passageiro.
As pessoas estavam tão intertidas  com a festa que nem se deram conta de que eu e o Alex estávamos prestes a nos matar do lado de fora e sinto um alívio por isso. Não me perdoaria se a festa do meu amigo tivesse acabado por uma briga idiota.
- Coloca o cinto Kalel - Jô da a partida no carro.
- Sério? - a encaro.
- Anda logo garoto - ela diz impaciente.
Me ajeito no banco, coloco o cinto irritado e abaixo o quebra-sol para conferir o meu rosto.
- Filho da puta - eu resmungo analisando o ematoma que ficou em meus lábios.
- Você é um idiota - Josephine me olha de rabo de olho.
- Já ouvi isso um monte de vezes só hoje - reviro os olhos.
- Porque é verdade. Que ideia aquela de brigar com aquele cara Kalel? Imagina se a polícia passa por ali? Imagina a Alana descobrindo que você foi pra delegacia por brigar com alguém no meio da rua? Nossos pais?
- Ok, eu já entendi Jô.
Ela respira fundo e solta o ar lentamente - O que vai fazer em relação a Alana?
- Amanhã vou até a casa dela com a Katarina e ela vai explicar tudo.
- Sério? Você vai levar a Katy até a casa dela?
- Você tem uma ideia melhor? Porque eu duvido que ela queira ir a um encontro comigo depois dessa merda toda.
- Amanhã a gente pensa nisso.
- Eu tô com tanta raiva - passo a mão pelos cabelos - eu preciso dela, não vou dormir hoje a noite - faço uma pausa e a observo - me leva pra casa dela.
- Você só pode estar brincando né Kalel.
- Não, não estou! Da meia volta e me deixa lá. Nem que eu durma no portão.
- Kalel a garota está dormindo, tá chapada e eu tranquei em casa e joguei as chaves por debaixo da porta, ela não vai te atender hoje. Amanhã você fala com ela.
- Eu não consigo Jô - meus olhos se enchem de água - é doentio eu sei, mas eu não vou conseguir passar a noite longe dela.
- Vocês nem vão se falar hoje, qual a diferença?
- A diferença é que vou estar perto dela e assim que ela acordar vou tentar me explicar de novo.
- Kalel - ela respira fundo tentando manter o controle - são quase quatro horas da manhã.
- Josephine me leva agora!
- Eu não vou fazer isso Kalel.
- Caralho! - grito e bato a mão no painel do carro - me leva agora Josephine!
- Ok, eu levo - ela responde em tom de derrota dando meia volta no carro - você precisa se tratar Kalel.
- Eu preciso da Alana é só isso.
- Você precisa dar espaço a ela.
- Espaço? Por um mau entendido?
- Sim, ela precisa absorver as coisas primeiro e ter o tempo que precisa pra encarar uma conversa com você.
- E se ela não quiser mais falar comigo? Eu não vou arriscar.
- Ela te ama Kalel, com certeza vai querer te ouvir.
- Eu não vou arriscar. Só me leva de volta depois eu vejo no que isso vai dar.
Ela me analisa por um breve tempo e depois foca no caminho pra casa de Alana.
Me sinto aflito, meu coração está apertado de mais. Ver ela daquela jeito por um erro meu me deixa ainda mais destruído por dentro. Preciso vê-la, não preciso conversar mas preciso estar perto pra saber que vai ficar tudo bem.
Nada daquilo era pra ter acontecido se eu tivesse sido firme, se tivesse me imposto melhor. Agora corro o risco de perder o amor da minha vida por um mau entendido, mas eu vou lutar por ela, por nós.

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