24. ALANA

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Kalel volta pro bar e sinto um aperto no meu peito, tento controlar as lágrimas mas não consigo.
- Me leva daqui - peço em meio aos soluços
- Claro, Você quer ir pra onde? - Pedro questiona destravando o carro.
- Pra casa - abro a porta e me ajeito no banco do passageiro.
- Você gosta dele.
- O quê? - o encaro.
- Kalel, você gosta dele.
- Claro que não, ele é um idiota.
- Eu te conheço Alana, você nunca perde a linha e pra chegar a esse ponto tem algum sentimento. Você me beijou logo após nós conversarmos sobre isso e eu me desculpar.
- Eu sei me desculpa.
- Parece que o jogo virou não é mesmo? - ele sorri.
- idiota - sussurro.
- Estou brincando, não fica brava comigo. Mas você não pode me usar para fazer ciúmes nele.
- Não quero fazer ciúmes em ninguém.
- Claro que não.
Ele dá uma risada mas logo se recompõe quando percebe que não ri junto - Você deveria ligar pra ele.
- De jeito nenhum. Ele é um babaca egoísta.
- Quando é que você começou a falar dessa forma?
- Acho que agora - dou uma risada em meio as lágrimas.
- Mas sério, aquilo foi golpe baixo. Sabe, o beijo. Ele só estava com ciúmes.
- Eu não sou nada dele pra ele se comportar daquela forma.
- É difícil controlar o ciúmes pra algumas pessoas.
- Problema dele - reviro os olhos. 
- Só estou tentando ajudar.
- Pois não tente. Não existe eu e Kalel e nem nunca vai existir.
Suspiro revivendo aquelas palavras até chegar em casa. O resto do trajeto foi feito em silêncio não queria mais conversar, me sentia exausta de mais pra isso.
- Bom, entregue sã e salva.
- Obrigada Pedro e desculpa tá bom?
- Tudo bem.
Nos abraçamos e em seguida entro pra casa troco de roupa rapidamente e me jogo na cama. Pego meu celular e mexendo no Instagram pude ver uma foto que me fez sentir ódio por me sentir mal por ter feito o que fiz mais cedo. Era uma foto postada por Katarina onde a mesma beijava o rosto de Kalel e suas mãos a entrelaçava pela cintura. Senti meu estômago embrulhar e joguei o celular pra longe de mim.
***
O final de semana passou mais rápido que eu imaginava. Não fiz absolutamente nada além de ficar no meu quarto o tempo todo e adiantando as matérias escolares.
A segunda-feira chegou, não estava animada pra ir a faculdade porém mesmo assim me levantei, tomei um banho, me vesti peguei a mochila e desci. Meu pai me aguardava na cozinha, eu o ignorei o final de semana todo depois daquela conversa ridícula. Hoje não foi diferente, entrei na cozinha o cumprimentei e saí. Vou pra aula de ônibus, não quero encarar meu pai e nem mesmo ter que voltar naquele assunto sobre a nova sua namorada.
Quando chego e não vejo Jéssica decido não esperar, entro e vou direto pra sala. Aos poucos a sala vai se enchendo mas nada de Jéssica, Kalel ou Katarina que seja. Recosto minha cabeça nos braços, coloco os fones e fecho os olhos.
- Alana?
- Me deixa - mudo minha cabeça de lado.
- Eu até poderia mas acontece que não pode dormir na sala de aula.
- Uí - dou um pulo - me desculpa professor eu comecei a ouvir música e...
João era meu professor de história, aparentava ter mais ou menos uns quarenta anos e 1,60 de altura. Não era nada atraente mas era muito charmoso.
- Tudo bem, quer ir ao banheiro se recompor ?
- Não tô legal, tá tudo bem.
- Ok - sorriu - Voltando ao que eu estava falando, no sábado iremos fazer uma excursão a lugares históricos de Minas Gerais. Sairemos no sábado as 8h e retornaremos no final da tarde. Lembrando quê, não é opcional todos devem ir pois haverá um trabalho depois.
- Você vai né?
- Pelo jeito não tenho escolha Jéssica - me virei pra trás - por quê você não me acordou?
- Desculpa eu tentei e você ficou aí resmungando.
- Droga.
- Aconteceu algo? você está péssima.
- Kalel - revirei os olhos.
- Ixi...
- Pois é.
Voltei a me virar pra frente e mais uns minutos a aula chegou ao fim. Kalel não olhava pra mim, nenhum gesto, nada. Eu não deveria me importar com isso, afinal contas ele está com a Katarina de novo. Mas a verdade é que eu me importo, quero falar com ele nem que seja pra brigarmos, mas pelo jeito ele não.
A hora do intervalo chega. Jéssica e eu saímos da sala direto para o ginásio.
- O quê rolou com você e Kalel?
- Ele é um idiota. Vamos mudar de assunto.
- Vamos - ela sorriu - eu acho que estou namorando.
- O QUÊ?
- Não grita.
- Com quem ? quando isso aconteceu?
- Lembra do Erick que mexeu comigo aquele dia ?
- Sim.
- Ele pegou meu número e começamos a nos falar enquanto eu estava fora. Na festa do Kalel acabou rolando e eu tô muito apaixonada.
- Se ele não for idiota feito o amigo vai em frente.
- Espero que não seja - ela da uma gargalhada.
- Bom, acho que ele quer que você fique com ele agora - disse apontando com a cabeça para o Erick que vinha em nossa direção - Vou deixar os dois pombinhos agora.
- Não amiga, pode ficar.
- Não gosto de ser vela. Byee
Me afasto deles e vou pra biblioteca pego um livro qualquer e começo a ler pra passar o tempo. Hoje o intervalo será maior devido a reunião de professores após o intervalo. Nada melhor como eu me esconder aqui longe dos olhos de todos pra passar esse tempo.
- Você está bem ?
Dou um pulo da cadeira quando ouço aquela voz grossa e sedutora me perguntar. Fico ainda mais em choque quando vejo quem é. Kalel bem ali na minha frente mais charmoso que o normal ou meus olhos estavam sendo traiçoeiros comigo pra achar ele perfeitamente lindo no dia de hoje ?
- Sim estou - minto.
- Sua cara diz o contrário.
Dou de ombros - Tanto faz - volto minha atenção pro livro quando ouço a cadeira sendo puxada e ele se senta - Vai me ignorar?
- Aqui é uma biblioteca e estou lendo não sei se você percebeu.
- Ok - ele tira um livro e começa a ler.
- Tá de brincadeira - sussurro e dou uma risada.
- Posso ler aqui, não posso?
- Claro - digo sem desviar o olhos do livro.
Por alguns instantes ficamos em silêncio mas percebo que ele mais me olha do que lê.
- Você não vai falar comigo ? - ele cochicha.
- O quê você quer ?
- Quero entender por que você beijou o Pedro de novo.
- Porque eu quis Ok?
Ele sorri - Pedro me ligou sabia? Ele me contou que você só fez aquilo pra me fazer ciúmes.
- A é ? foi antes ou depois da sua namoradinha postar uma foto de vocês? - me levanto e percebo que ele vem atrás.
Entramos num corredor vazio onde ele me encurrala na parede apoiando as duas mãos sobre ela deixando apenas centímetros de distância entre nós.
- Depois do que o Pedro me falou, eu sei que você também gosta de mim.
- Sério? - dou uma gargalhada.
- Sério.
- Me deixa sair por favor.
- Você quer mesmo que eu deixe?
- Claro que quero.
- Você tem certeza ?
Ele se aproxima roubando todo o meu ar. Posso sentir minha respiração acelerar enquanto olho em seus olhos. Meu peito sobressalta mais rápido do que o normal.
- Seu corpo diz o contrário.
- Para de fazer isso - sussurro.
- Eu paro e me afasto se você admitir.
- Admitir o quê?
- Que também não consegue ficar longe de mim.
- Na verdade é você quem fica aparecendo nos lugares que estou- abro um sorriso.
- Fala logo - ele beija meu pescoço delicadamente.
- Aí caralho - eu quase me desmonto.
- Diz...
Ele beija o canto dos meus lábios e eu o encaro mais uma vez, mas agora não por muito tempo pois acabo sedendo ao meu desejo e o beijo.

Um beijo tão voraz que chega a ser indecente

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Um beijo tão voraz que chega a ser indecente. Suas mãos passam por detrás da minha nuca adentrando meus cabelos me puxando pra mais perto enquanto minhas mãos agarram sua camisa com tanta força que tenho medo até que se rasguem. Sinto uma onda de calor me invadir dos pés a cabeça, não quero mais que esse momento acabe mas somos interrompidos quando ouvimos o sinal tocar e nos afastamos.
O encaro e vejo seus lábios vermelhos devido a pressão do beijo o que me dá vontade de pular nele de novo. Meu Deus o que há de errado comigo?
- Vou entender isso como um sim - ele sorri - vou passar hoje na sua casa pra te ver linda.
- N..não eu..
Antes mesmo de eu falar qualquer coisa ele se afasta e vai pra sala. Fico uns minutos paralisada mas logo caio na real quando Jéssica me chama. Voltamos pra sala, a aula agora é de inglês. Nossa professora como sempre muito bem vestida e animada. Não consigo olhar pro Kalel sem que meu rosto fique corado, sei que as vezes ele me olha também mas disfarça melhor que eu.
- Se continuar a olhar assim pra ele todo mundo vai perceber que você tá caidinha.
- Quê? - me viro para olhar pra Jessica.
- Tá vendo nem escuta a gente - ela sorri.
- Tá tão óbvio assim?
- Ah tá sim.
- Ele me beijou.
- O quê? quando?
- Um pouco antes de entramos na sala. Quer dizer eu o beijei.
- Meu Deus você é mais atrevida que eu imaginava.
- Cala a boca. Ele não me deu muita opção.
- Ah claro.
- Estou atrapalhando as mocinhas aí?
- Claro que não professora. Desculpa.
- Então como eu estava falando quero que vocês me apresentem um trabalho. Uma música de sua escolha em inglês óbvio. Vocês podem cantar, recitar ou apenas ler mas tem que apresentar. Esse trabalho vale muitos pontos então preparem o inglês.
- É individual ? - Jéssica questiona.
- Sim! E você tem exatamente um mês para me apresentar.
O sinal toca para anunciar o término das aulas. Procurei por Kalel mas não o encontrei. Ele saiu e eu nem percebi.
- Vamos?
- Sim.
- Já sabe que música vai apresentar Alana?
- Ainda não amiga.
- Não sendo aqueles rocks que você ouve tá ótimo - ela sorri.
- Como você sabe que gosto desse estilo de música?
- Olha suas roupas garota. Tá meio que na cara.
- O quê tem de errado com elas? - me analiso.
- Nada, só falta umas cores.
- Acho que tá perfeito.
Nós duas caímos na risada e seguimos por caminhos diferentes.
Coloco meus fones e vou caminhando até o ponto que não é tão perto quanto eu me lembrava.
- Oi gatinha, quer uma carona?
Reviro os olhos e continuo andando sem olhar pro lado pensando ser algum homem de meia idade com fetiche em garotas mais novas.

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