6. ALANA

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6. ALANA

Era segunda de manhã, eu realmente não queria me levantar, a cama estava tão quentinha e aconchegante que não me imaginava fora dela, mas eu não tinha muita opção, faltar me deixaria muito atrasada quando se trata da faculdade, então resolvo me levantar, vou ao banheiro e logo em seguida começo a me arrumar. Pensei em prender os cabelos mas hoje é o dia em que Jéssica vai revelar o que existe atrás daquele coque e dos óculos, em apoio a ela decido usar os cabelos soltos. Meu cabelo era enorme, batia na bunda praticamente e eu sempre o prendia num rabo de cavalo para mascarar o tamanho real. Dou mais uma conferida na minha roupa e desço correndo.
- Bom dia pai - beijo seu rosto - Podemos ir ?
- E o café, não vai tomar ?
- Não pai, como algo por lá.
Tudo bem, mas posso saber o motivo dessa pressa toda ? - ele questiona enquanto se levanta da mesa e pega as chaves do carro.
- Quero chegar antes da Jéssica.
- Por que ?
- Umas coisas aí, você não entenderia.
- Você pode tentar explicar ?
- Pai? - o encarei - É coisa nossa, podemos ir?
- Tá bom, já entendi.
Descemos as escadas do prédio e logo estávamos no estacionamento entrando no carro. Me ajeito no banco do passageiro, meu pai também se ajeita no do motorista. Ligo o pequeno aparelho de som e coloco Linkin Park. Meu pai nunca reclamou do meu jeito, muito pelo contrário sempre esteve nessa comigo. Apesar de andar sempre muito engomadinho, havia dentro dele um grande rockeiro assim como eu.
- Prontinho - ele abre um sorriso.
- Tchau pai, amo você - pego minha mochila e saio do carro bastante apressada.
- Também amo você.
Ele arranca com o carro e o vejo se afastar. Corro para a entrada principal me recosto no muro ao lado e aguardo ansiosamente pela chegada da minha amiga.
Os minutos foram se passando e percebo que ela estava demorando mais que o normal. Começo a andar de um lado para o outro, pego meu celular e mando uma mensagem.
" Cadê você?"
" Estou chegando. Você já entrou?"
" Ainda não, estou esperando você."
"Estou quase chegando agora."
Checo a última mensagem que ela mandou e continuo esperando. Ando de um lado e quando me viro pro outro lá está ela. Seus cabelos estão soltos com cachos nas pontas, ela está sem óculos, com um delineado que caí perfeitamente sobre seus olhos azuis. Uma blusa um pouco mais justa e uma calça jeans mais larga com um cinto preto e allstar.

 Uma blusa um pouco mais justa e uma calça jeans mais larga com um cinto preto e allstar

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- Uau, você está ainda mais linda que ontem - me aproximo e lhe dou um abraço.
- Sou uma ótima aluna, aprendi direitinho com você - ela sorri e joga os cabelos de lado - Vamos entrar?
- Está preparada pra deixar metade desse lugar de boca aberta?
- É, estou.
Ela sorri e pega minha mão me puxando pra dentro da faculdade. Quando passamos pelo corredor principal vários olhares se voltaram para ela com admiração, juro que ouvi até assobios. Ela aperta minha mão e percebo que apesar de parecer confiante ela está nervosa.
- Você está linda não se preocupe - cochicho em seu ouvido.
- Oi, você é nova por aqui? - o rapaz loiro de olhos castanhos se aproxima - Jéssica? é você?
- Sim, sou eu - ela responde timidamente.
- Nossa, você está.. hã, muito linda.
- Obrigada Erick.
- A gente podia sair qualquer dia desses, o que acha?
- É podia.
Ela abre um sorriso e me puxa pra dentro da sala - Você ouviu aquilo?
- Um dia e já arrumou um encontro? Garota, você é ligeira viu.
- Para - ela da uma boa risada de si mesma.
Ao entrarmos na sala a reação das pessoas não foram diferente, a cada passo que dava recebia um elogio. Caminhamos até nosso lugar e nos sentamos e então notamos que alguém vinha em nossa direção.
- Que cabelo é esse garota? - ela passa a mão pelos cabelos ruivos - e essa maquiagem? É essa garota - ela aponta pra mim - ela te convenceu a ser ridícula como ela né?
- Cala a boca, ela está linda! - Eu a defendo.
- Na verdade, está horrível.
- Você está totalmente equivocada! - Eu a repreendo e fico de pé - deixa a gente em paz.
- Sabe Jéssica, você deveria parar de andar com essa garota, ela está acabando com o pouco de senso que você tem, isso não é coisa de uma amiga fazer. Se eu fosse você tomava cuidado.
Olho imediatamente pra Jéssica e vejo seus olhos se encherem de lágrimas, ela me olha de volta e sinto uma ponta de desapontamento em seu olhar. Ela se levanta, pega a mochila, enxuga a lágrima que escorre por seu rosto com as costas da mão e ameaça sair mas eu a seguro pelo braço.
- Amiga não escuta o que ela diz. Ela só quer implicar com a gente.
- Me solta! - Ela se desvencilha bruscamente - onde eu estava com a cabeça quando deixei você fazer isso comigo? Agora está todo mundo me olhando como se eu fosse um bicho - ela pega a gominha em seu braço e prende o cabelo.
- Para com isso - tento impedi lá mas em vão - Você não esta vendo que ela está tentando te provocar?
- Não encosta em mim!
Ela grita e saí correndo da sala. penso em discutir com Katarina que agora esboça um sorriso maléfico em seu rosto mas decido que não vale a pena e vou atrás de Jéssica.
Passo correndo pela porta e percebo que Kalel vem em minha direção, para evitar o contato acabo tirando um pouco meu corpo, o que resulta em um baque do meu ombro contra a porta com bastante força. Paro um pouco e apoio a mão em meu ombro.
- Ei, você se machucou? - Kalel pergunta segurando um dos meus braços evitando que eu caísse.
- Me solta!
Me desvencilho e volto a correr a procura de Jéssica.
Procuro por toda parte e não a encontro, mando mensagens e até arrisco a ligar, mas ela não me atende. Já estava perdendo as esperanças quando paro em frente ao banheiro apoiando as mãos no joelho bastante ofegante e ouço alguns soluços vindos do banheiro feminino logo atrás de mim.
- Jéssica? - entro cuidadosamente no banheiro.
- Vai embora - ela ordena.
- Não vou - a encontro no vestiário - Eu sou amiga e o que aquela estúpida disse...
- Amiga? - ela me interrompe e se levanta furiosa - deixando eu vir assim pra escola ? - apontou para si mesma.
- Você está linda, recebeu vários elogios, mas parece que só a opinião da Katarina serve pra você.
- Óbvio! - Ela caminhava em minha direção - ela é a garota popular, se ela acha bonito todos acham. Se ela não acha bonito, ninguém mais acha.
- Entendi, são cachorrinhos dela, tá mais e daí? Nós não somos.
- Você não entende - ela recua e coloca a mochila nas costas.
- Não mesmo e talvez nem queira entender - ela me encara e logo depois da as costas pra mim saindo do vestiário - Aonde você vai ?
- Embora!
- Vai matar aula é isso?
- Não é da sua conta Alana e se eu fosse você voltava pra sala, entrar atrasada no horário da Valéria significa trabalho escolar extra.
- Não vou me atrasar.
- A é? Explica isso pra Valéria já que faz exatos vinte minutos que a aula dela começou.
- Droga - olho a tela do meu celular - Por favor Jéssica...
- Me faz um favor?
- Claro, qualquer coisa.
- Não fala mais comigo!
Aquelas palavras me atingiram como um tapa na cara. Não tive palavras para rebater tão pouco reação quando ela finalmente saiu e me deixou sozinha.
Após sua saída fiquei parada por mais alguns instantes digerindo tudo aquilo que havia acontecido. Eu sentia que havia perdido a única amiga que consegui fazer desde que cheguei nesse lugar. Respirei fundo, limpei minhas lágrimas e voltei correndo para a sala.
- Isso é hora de chegar a minha aula senhorita Alana?
- Desculpa Valéria, aconteceu um imprevisto e eu... precisava resolver.
- Ela teve uma DR com a namoradinha dela - Katarina grita ao fundo.
- Silêncio por favor - Valéria se vira para chamar a atenção e logo em seguida se volta pra mim - sinto muito, você deveria escolher melhor suas prioridades. Pode ir pra secretária, lá eles irão te orientar.
- Por favor... - junto as mãos.
- Sinto muito.

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