27. ALANA

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Olho o relógio pela milésima vez e já passa das 20h. Eu estava pronta a algum tempo, passei uma batom vermelho, uma sombra discreta e um delineado. Optei por Cabelos soltos, um vestido azul marinho um pouco mais justo e um coturno preto. 20:50h e nada do Kalel, nenhuma mensagem, uma ligação, aquilo estava me deixando ansiosa e eu odiava esperar. Esperei mais um pouco, por fim resolvi ligar e a chamada caiu na caixa postal.
- Ele não vem - sussurrei pra mim mesma - Onde eu estava com a cabeça quando...
- Posso entrar Alana ?
- Pode pai.
- Nossa, como você está linda.
- Obrigada - Sorri sem graça.
- Então, aonde você vai eu posso saber?
- Vou sair com um garoto que conheci na faculdade.
- Seu namorado?
- Não - me apresso em dizer - estamos meio que ficando - me sinto estranha em falar isso com meu pai.
- Ficando?
- Um pouco além da amizade - digo desconfortável.
- Ah, entendi - ele faz uma careta - pretende voltar que horas?
- É um encontro pai, não sei que horas vou voltar.
- Hoje é segunda feira, então deveria ter hora pra voltar não acha? E eu vou conhecer esse rapaz hoje?
- Pai, para - digo impaciente.
- Ok, não está mais aqui quem falou.
Ele saí e volto a me sentar na cama com o celular no colo esperando por algum sinal de Kalel.
Nove horas da noite, suspiro, me levanto e começo a andar de um lado para o outro pensando em tirar a roupa e ir dormir, até que meu celular vibra e o nome de Kalel aparece na tela.
Respiro fundo e atendo a chamada.
"Oi"
"Cheguei linda"
"Uma hora atrasado. Aconteceu algo?"
"Sim, minha irmã tava tendo uns problemas e eu tive que ajudar"
"ah" - é só o que consigo responder.
"Antes tarde do que nunca né?"
"Engraçadinho"
"Eu me convidaria para entrar mas você acha que ainda é cedo de mais, então você vir até mim querida?"
"Ok, estou indo"
Desligo o telefone, pego minha bolsa e saio do apartamento.
- Uau não sabia que tinha como você ficar ainda mais gata do que já é.
- Você também não está nada mau - abro a porta e me ajeito no banco do passageiro - Vai me levar aonde ?
- Surpresa! - ele me encara se aproxima e beija meus lábios - Vamos!
- Ok - meu rosto cora.
O caminho foi um pouco longo. Eu não fazia a menor ideia de onde estávamos indo mas estava curiosa e animada ao mesmo tempo.
Durante o trajeto conversamos bastante. Era incrível a nossa sintonia, como uma coisa se encaixava perfeitamente na outra quando se tratava de nós.
- Chegamos - ele sorri e estaciona o carro - sabe onde estamos?
- Na verdade não faço a mínima ideia - analiso a entrada do estabelecimento.
- No Taberna music club bar.
Ele entrelaça sua mão na minha e me conduziu até o bar. O jogo de luzes era incrível, as cores, as paredes estampadas com quadros de bandas de rock. Carros antigos como mostruário e uma banda de rock ao vivo.
- Isso é - Eu olhava ao redor - perfeito - o abracei - como você sabia ?
- Eu soube usar nosso tempo juntos no trabalho de inglês - Cochichou em meu ouvido.
- Você é incrível - o beijei - obrigada.
- De nada. Vem, vamos curtir nossa noite.
Ele pega minha mão e me puxa pra próximo do palco onde uma banda local se apresentava. O som deles era incrível e eu estava amando cada minuto naquele lugar. Kalel passou os braços por minha cintura me abraçando por trás enquanto nos moviamos ao toque da música.
Estava me divertindo como não fazia desde o início desse ano.
- Você quer comer ou beber algo ?
- Hm acho que não.
- Vamos, um drink talvez?
- Não sou acostumada a beber.
- Se não quiser tudo bem.
- Tá, um drink.
Nos sentamos em uma mesa do lado de fora e lá estávamos, eu no meu quinto copo de caipirinha de maracujá enquanto ele bebia apenas refrigerante.
- Acho melhor você parar agora -  Kalel tira o copo da minha mão.
- Nããão..
- Sério Alana, você já está bem bêbada.
- Você pode cuidar de mim enquanto estou bêbada. - me sinto mais solta do que antes.
- Seu pai vai te matar e me matar você sabe né?
- Só por que você me embebedou?
- Sim - ele passa a língua nos lábios enquanto olha sua bebida.
Me levanto, dou a volta na mesa e sento em seu colo pegando o copo novamente e levando aos lábios - Relaxa.
Sinto uma onda de calor quando me sento em seu colo. Meus hormônios estão gritando e a essa altura do campeonato já não respondo mais por mim e passo minha língua gelada por seu rosto e sinto seu corpo enrijecer. Suas mãos me agarraram forte pela cintura me apertando contra seu corpo.
- Precisamos sair daqui - ele sussurra em meu ouvido.
- Por quê? - me ajeito em seu colo.
- Porque eu quero você, agora!
- Ah, você me quer? - me levanto e começo e fico dentre suas pernas.
- Pode apostar que sim - ele me encara.
Abro um sorriso e mordo os lábios e percebo sua inquietação.
- Para de me provocar as pessoas podem estar olhando pra você que por sinal está muito gostosa - ele me segura pela cintura me analisando de cima embaixo.
- Deixa que olhem, não me importo - se estivesse sã com certeza me importaria, mas nesse momento apenas três coisas tem o total poder sobre mim. O álcool, os hormônios e Kalel.
- Pra mim é, para por favor.
- Relaxa lindo, dança comigo ? - me afasto e estendo a mão para que ele segure.
- Você tem sempre essa mania, de ficar bêbada e querer dançar?
- Talvez, vem?
- Não, vamos embora. Podemos dançar em outro lugar, só eu e você...
- Ah como você é chato.
Me recomponho e bebo o restante da caipirinha no copo em uma só golada.
- Fica aqui, vou lá pagar a conta.
- Sim senhor! - faço continência e logo em seguida caio na gargalhada.
Fico sozinha por um instante, a fila pra pagar o que foi consumido estava enorme, pensei em ir até lá, mas nem sei se sou capaz de chegar até Kalel sem cair no meio do caminho, então foquei em curtir a música.
- Oi- Um homem alto vestindo uma jaqueta de couro e cabelos cumprimos se aproximou - Você vem sempre aqui?
- Ah qual é ? - dei uma risada.
- Disse algo de errado ?
- Não, claro que não. só achei engraçado.
- Entendo. Bom, te achei linda e pensei que talvez pudesse beijar você..
- Desculpa mas estou acompanhada - meu semblante fica sério e movo a cabeça procurando por Kalel.
- Ele é seu namorado? - o homem aponta com a cabeça para Kalel.
- Na verdade não - me levanto afim de sair daquela mesa- Opa...
Eu perco o equilíbrio e pra evitar a queda me seguro nos braços do desconhecido.
- Que merda é essa Alana ?
- Não é nada disso - me recomponho rapidamente.
- Saí de perto dela idiota - ele o empurra.
- Calma cara eu só queria dar uns beijo na sua amiga.
Quando o desconhecido usa exatamente essas palavras vejo o olhar do meu Kalel se transformar e sei que não é coisa boa.
- KALEL NÃO! - grito.
Todos ao nosso redor param pra ver o que está acontecendo. Sinto a adrenalina se misturar com a bebida e fico ainda mais agitada.
- Ela não é minha amiga seu vacilão é minha namorada - ele volta a empurra lo.
- Foi mau aí cara - ele levanta as mãos em forma de rendição.
- Saí fora - Kalel se afasta.
O homem saí rindo de toda a situação enquanto o Kalel me olha com cara feia.
- Eu não fiz nada - tento me defender.
- Não, só estava agarrada nele.
- Eu me desequilibrei só isso.
- Claro!
Ele pega minha mão e saí me puxando diante de todas aquelas pessoas. Eu tropeçava nas pernas e agarrava firme seu braço para não cair. Ele abriu a porta do carro para que eu entresse e logo em seguida entrou. Seu silêncio era ensurdecedor, tento me explicar mas ele nem se quer olha pra mim.
- Você não confia em mim por que quer ficar comigo então? - digo sem paciência.
- Seu histórico não está muito bom não é mesmo.
- Idiota!
Cruzo os braços e me afundo no banco.
- Vou ter que colar você em mim em todos os lugares que a gente for ?
- Não, por que eu não fiz nada. E se não consegue confiar em mim então não dá pra levarmos isso adiante.
Ele me olha de rabo de olho e suspira derrotado - Desculpa, eu fiquei louco vendo você nos braços daquele cara. Não consegui controlar.
- Eu gosto de você, é você desde o primeiro dia que te vi. As coisas que fiz por impulso foram só pra te atingir de alguma forma porque você fazia o mesmo comigo. Mas se não confia ok, vamos terminar o que mal começou.
- Não, de jeito nenhum - ele acaricia minha coxa nua - Desculpa ter sido um babaca com você.
- Eu juro, só me apoiei nele porque ia cair.
- Tudo bem, esquece - ele segura minha mão e a beija.
- Vamos aonde agora ?
- Pra minha casa.
- Não acha que estamos indo rápido demais?
- Só quero ficar sozinho com você.

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