55. KALEL

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Acordo com o barulho do despertador e o desligo antes que a minha menina acorde. Ela tem trabalhado tanto, queria que ela me deixasse pagar essa kitnet para que não precisasse se matar tanto no trabalho e ainda carregar o peso da faculdade mas ela é muito cabeça dura.

As semanas passaram tão rápido e me sinto feliz por ter passado todos os dias aqui com a minha menina. Hoje já é sábado dia de ir visitar a minha avó. Queria tanto que ela fosse comigo, tenho certeza que ela iria amar a fazenda que minha avó mora, mas também sei que o risco de acabar sendo "maltratada" por ela era grande, então prefiro não arriscar. Na hora certa ela vai conhecer aquele lugar incrível.
Me levanto tomo um banho rápido e me arrumo com todo cuidado.
Pego minhas chaves e quando estou prestes a sair ouço sua voz sonolenta.
- Vai sair sem nem se despedir? - ela ainda está de olhos fechados.
- Me perdoa meu amor, não queria acordar você - me aproximo e beijo seus lábios - volto logo eu prometo.
- Hmm - ela se senta - já estou com saudades.
- Eu também - acaricio seu rosto - vê se não trabalha muito ok? - abro um sorriso.
- Consegui folga pra hoje.
- Sério?
- Sim, me avisaram ontem a noite esqueci de comentar com você.
- Bom que você descansa.
- Sim e coloco as coisas da faculdade em dia.
- Acho que vou ficar aqui com você - abro um sorriso.
- De jeito nenhum! Vai lá ver sua avó mais tarde nos vemos na festa do Rick.
- Sério, eu quero ficar com você..
- Kalel, vai logo - ela abre um sorriso.
- Tá bom - beijo seus lábios - Até mais tarde meu amor.
- Até.
Me levanto, saio da casa da minha garota e entro no meu carro.
Gasto exatos trinta minutos para chegar na minha casa, meus pais, minha irmã e Katarina estão do lado de fora ajeitando as coisas no porta-malas.
- Bom dia - me aproximo.
- Ah, oi meu filho que bom que chegou - minha mãe me abraça e beija meu rosto - agora que não mora mais aqui, pensei que nem iria vir.
- Não vamos começar tá bom? - me aproximo do meu pai - você não me disse que Katarina ia com a gente.
- Sua vó quer ver ela - ele fecha o porta-malas - ela ainda não sabe que vocês não estão mais juntos.
- Mais vai saber, porque eu vou dizer a ela.
- Filho por favor, sua vó não está nas melhores condições pra se preocupar com isso agora.
- Oi my litlle brother - Jô se aproxima.
- Oi - abro um sorriso sem graça - não sabia que você também ia.
- Eu também não, mas rolou uma certa chantagem pra eu ir - ela revira os olhos - eu não queria ficar sem meu carro, então ...
- Pra quê esse tanto de coisa? Vão ficar lá o final de semana?
- Parece que sim.
- Bom, eu não vou. Tenho compromisso.
- Explica isso pros nossos pais - ela da uma risada.
- Vamos? - minha mãe nos chama e abre a porta de trás do carro.
- Ah, eu vou no meu carro.
- Não, você vai junto com a gente - ela me encara.
- Vocês vão voltar hoje?
- Domingo a noite meu bem.
- Então, vou no meu carro porque tenho compromisso hoje à noite.
- Não, nós vamos no carro do seu pai e fim de papo.
- Então eu não vou - fecho a cara e a encaro.
- Ei Marta, deixa o garoto.
- Obrigado pai.
Minha mãe revira os olhos e entra no carro totalmente revoltada com a postura do meu pai. Josephine e Katarina entram no carro e por último meu pai.
Entro no meu carro e o sigo pela estrada.
A casa da minha avó é um pouco longe, gastamos exatamente 1h30 pra chegar lá. Assim que chegamos, estaciono o carro logo atrás do carro do meu pai e os ajudo a descer as malas. Katarina mal olhou pra mim e por mais que queira falar com ela penso que é melhor manter dessa forma.
- Animado pro sábado em família? - Jô se aproxima.
- Super animado - digo com tom de irônia.
Entramos com as malas e lá estava minha avó como sempre muito bem arrumada. Se tinha uma coisa que ela era é vaidosa. Os cabelos brancos perfeitamente penteados, unhas pintadas de vermelho e um vestido de corte reto branco.
- Meus amores - ela se aproxima - como é bom ver vocês - ela abraça Josephine - Como você está linda meu amor, tirando esses arames na sua cara. Meu filho, você não vai mandar ela tirar isso da cara não? - ela olha na direção do meu pai que apenas abre um sorriso em forma de resposta.
- Também estava com saudades vovó - Jô a abraça e revira os olhos.
- Katarina sempre impecável - ela a abraça - meu neto tem muito bom gosto - ela a encara com um belo sorriso nos lábios.
- Kalel meu filho - ela se vira pra mim - está ainda mais forte que a última vez que vi você. Está lindo, aposto que deixa várias garotas suspirando por você - ela me abraça - mas logo, logo vai se casar com essa belezura aqui né? - ela aponta pra Katarina.
Eu não respondo apensas observo tudo aquilo sem dizer nada. Falar agora que eu e Katarina não temos nada pode estragar todo o final de semana e minha mãe me mataria por isso. Apenas dou um sorriso simpático e ela vai até meus pais para cumprimentá-los.
- Venham, vamos tomar café.
Ela nos leva até a área onde ela fez questão de montar uma mesa enorme com várias diversidades.
- Come Josephine você está muito magrinha.
- Claro vó.
Nós sentamos a mesa e começamos a comer. Meus pais e minha avó mantém uma conversa calorosa. Aproveito a distração deles pra mandar mensagem pra Alana, mas quando pego meu celular percebo que não tem sinal.
- Vó tem wi-fi aqui? - os interrompo.
- Não meu querido - ela abre um sorriso.
- Quem não tem wi-fi em pleno século vinte e um? - Josephine fala quase que sussurrando.
- Nossa avó - cochicho pra ela que caí na risada.
- Bom, terminei o café e vou dar uma volta por aí, ver se tem sinal em algum lugar por aqui - me levanto e saio da mesa antes que digam qualquer coisa.
Saio terreiro a fora observando a paisagem desse lugar que é perfeito.
Muitas árvores espalhadas pelo quintal e um pequeno lago logo a frente.
Caminho mais um pouco até o estábulo e nada de sinal.
- Droga! - quase grito.
- Assim você vai assustar os cavalos - Katarina se aproxima.
- Oi - digo totalmente sem jeito.
- Oi - ela sorri e coloca o cabelo atrás da orelha.
- Não sabia que você iria vir.
- Seus pais disseram que sua vó não anda muito bem e que eu deveria vir. Espero que não seja problema pra você.
- Não é.
- Que bom - ela se aproxima - como vai o relacionamento com a Alana?
- Tá tudo bem e você como está?
- Melhor a cada dia - ela se movimenta pra frente e pra trás - mas sinto sua falta.
- Katarina, não vamos começar com isso. Você sabe que eu...
- Eu sei Kalel - ela abaixa a cabeça.
- Ei - me aproximo mais dela - não fica assim, você vai encontrar alguém que te ame de verdade e...
Ela passa aos mãos em volta do meu pescoço e me abraça forte - só queria que a gente tivesse dado certo - sua voz está trêmula.
- Desculpa - eu retribuo o abraço.
- Você pode passar o dia comigo? Como quando éramos crianças? Esse lugar tem tanta lembrança - ela se afasta mais sem retirar as mãos do meu pescoço.
- Tem mesmo - abro um sorriso - Podemos sim passar o dia juntos - a encaro - começando pelo...
- Pé de jabuticaba!- Falamos ao mesmo tempo - Claro, vamos! - ela me puxa pela mão.
- Sabe, estava com saudades daqui - Katarina pega uma jabuticaba a come e se senta na grama - Hmm, como isso é bom.
- É bom mesmo - abro um sorriso e também como uma jabuticaba e me sento ao seu lado - Também estava com saudades daqui.
- Lembra quando a gente cismou que os pintinhos eram nossos filhos?
- Você me obrigou a fazer aquilo.
- Não, não. Você até colocou o nome de um deles de Otávio - ela da uma gargalhada.
- Só porque você não parava de me encher - abro um sorriso.
- E quando você me ensinou a pescar? - ela abre um sorriso - eu peguei aquele peixe enorme que não parava de se mexer e eu não sabia o que fazer, até hoje tenho medo.
- Verdade, me lembro de você gritando toda histérica com o peixe na isca se mexendo.
- Nossa infância foi incrível de mais - ela se aproxima - Nosso primeiro beijo na barraca quando acampamos aqui fora lembra?
- Como esquecer - abro um sorriso - eu nem sabia beijar.
- Mais melhorou muito com o tempo - ela se aproxima.
- Bom, obrigado, você também melhorou.
- Talvez nós pudéssemos ...
Ela me beija, demoro um pouco pra entender se aquilo está mesmo acontecendo mas quando dou por mim logo a afasto - Katy por favor...

Ela me beija, demoro um pouco pra entender se aquilo está mesmo acontecendo mas quando dou por mim logo a afasto - Katy por favor

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- Desculpa Kalel - ela se afasta rapidamente - me deixei levar pelas lembranças, sério me perdoa.
- Tudo bem, mas não faz isso de novo.
- Prometo - ela levanta a mão em forma de juramento.
- Tá - é só o que consigo responder.
- Vamos esquecer esse pequeno deslize e voltar a curtir esse dia lindo juntos?
Eu concordo com a cabeça e continuamos nossa conversa como se nada tivesse acontecido, logo depois Josephine se junta a nós.
- Qual o compromisso que você tem hoje? Posso ir junto? não quero dormir aqui - Jô se senta ao meu lado.
- Aniversário do Rick. A galera vai comemorar na lanchonete nova que abriu.
- Vou com você.
- Ah, eu também vou - Katarina se manifesta - não vou ficar aqui sem vocês.
- Tudo bem, saímos daqui às 20h em ponto e de fininho pra quem ninguém tente nós barrar ok?
- Ok.
-Ta bom.

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