25. ALANA

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- Oi linda.
Eu reconheço aquela voz, fico paralisada e me viro calmamente para olhar quem é.
- Não vai querer que eu te leve em casa? - Kalel se aproxima, abaixa o vidro do passageiro e diminui a velocidade.
- Pensei que você já tivesse ido embora. Não te vi no final da aula - me aproximo.
- Eu tive que sair um pouco mais  rápido. Vem, entra.
- Não sei se é uma boa ideia. Acho melhor eu ir de ônibus mesmo.
- Vamos garota precisamos conversar.
 Penso em resistir mas também seu que ele não vai me deixar em paz enquanto não aceitar. Abro a porta, entro, ajeito o cinto e o coloco sobre meus ombros até a cintura e o fecho.
- Você está linda hoje - ele me observa.
- Obrigada.
- Então - ele olha pra estrada e acelera - está pronta pra dizer que você também me quer ?
- Oi? - projeto meu corpo pra frente e o encaro.
- Isso mesmo que ouviu.
- Eu não te quero - fiz careta.
- Engraçado que mais cedo não foi isso que pareceu.
- Está falando sobre o beijo? Olha aquilo foi, sabe, calor do momento. Ando meio carente ultimamente então...
- Eu percebi isso. Até por quê uma hora você beija o Pedro na outra você me beija.
- Vai começar com as suas grosserias?
- Estou brincando - ele sorri - agora sério, por que não admiti logo que me quer igual eu quero você?
- Eu tenho medo.
- De quê?
- De ser apenas uma conquista pra você. Como você pode gostar de mim? Eu sou totalmente o oposto da Katarina. E, você e ela sabe, vocês combinam muito - uma ponta de decepção saí junto com a minha voz.
- Não é questão de combinar Alana - ele para o carro no acostamento e me encara - É questão de sentimentos. Eu gosto da Katarina, vivemos uma história mas acabou. Há muito tempo por sinal. Eu estava acomodado, mas quando te vi, você mexeu comigo de uma forma que eu não sei explicar. Sim você é totalmente diferente dela e talvez seja por isso que eu queira tanto você. Olha, eu estou te pedindo uma única chance, só uma...
- Kalel...
- Alana?
- Ah que se dane - Eu o puxo pela camisa e o beijo. Suas mãos deslizam pelo meu corpo até o cinto de segurança e com uma das mãos ele o destrava e me puxa pra cima de seu colo. Não hesitei, na verdade agora eu não consigo mais pensar com clareza. Subo em seu colo passando a mão por seus cabelos e o beijando com mais força. Seus lábios beijam meu rosto e depois meu pescoço arrancando alguns gemidos dos meus lábios. Ele me deixa louca. Eu nunca fui de fazer isso mas ele provocava essas coisas em mim. As coisas começaram a ficar  mais indecentes do que eu esperava até que fomos interrompidos por uma batida na janela do carro o que me fez pular para o banco do passageiro totalmente desajeitada. Sinto um alívio em perceber que seus vidros eram escuros.
- Calma - ele me olhou - respira devagar.
Enquanto eu tentava me recompor Kalel abaixou o vidro e pra nossa "sorte" era um guarda civil.
- Tudo bem por aqui ? - ele espiou pela janela.
- Tudo sim senhor.
- Por que estavam parados aqui no acostamento? Você sabe que é proibido certo?
- Há sim - ele sorri e apoia a mão no rosto de forma descontraída - Eu e a minha namorada estávamos discutindo a relação e ela não me deixava prestar atenção na estrada então precisei parar rapidinho.
- O quê? - Pergunto incrédula.
- Algum problema mocinha? - o guarda se dirige a mim.
- Ele é inacreditável - balanço a cabeça indignada.
- Tá vendo? São os hormônios ou coisa assim.
- Dessa vez eu vou deixar passar mas que não tenha uma próxima. Podem ir - o guarda se afasta do carro.
- Obrigado.
Kalel deu a partida no carro e seguimos rumo a minha casa.
- Sério?
- O quê? eu precisava me livrar dele.
- Jogando a culpa em mim?
- Não foi totalmente mentira. Se você me agarra daquele jeito enquanto dirijo seria um problema.
- Idiota, eu não faria isso.
- Eu sei - ele sorri e o seu sorriso se torna a coisa mais linda que eu já vi na vida. Ele estava tão leve como se tivessem tirado um peso de suas costas. Totalmente diferente das últimas vezes que nos falamos.
Não demorou muito e já chegamos em minha casa.
- Prontinho linda.
- Obrigada - abro um sorriso.
- Aquele beijo, você sabe antes do guarda e tal. Ele quer dizer alguma coisa ?
- Quer dizer dizer talvez a gente possa tentar
- Está falando sério? - ele quase grita.
- Ei não precisa gritar - o alerto.
- Desculpa, é que você não tem noção do quanto estou feliz.
- Eu também.
- Você não vai se arrepender eu prometo - ele segura meu rosto delicadamente.
- Espero que cumpra suas promessas.
- Eu vou. Então, quando vou poder subir e conhecer sua casa?
- Calma, devagar. Tudo no seu tempo.
- Claro, desculpa tolice minha.
- Tá levando isso muito a sério - digo de forma tranquila.
- Com certeza estou. Eu quero muito isso - apontou pra gente - e vou te fazer a mulher mais feliz desse mundo.
- Agora eu tenho que ir - o beijei.
-Espera - ele me segura pelo braço - quer sair comigo?
- Quando?
- Hoje!
- Bem em cima da hora não acha?
- Tá bom, te pego as 20h.
- Ok - suspiro derrotada - Vamos aonde?
- Surpresa.
- okay.
Saí do carro e o observei ir embora. Entrei pra casa saltitante e cantarolando. Aquele momento era meu e dele. Não sei como isso aconteceu, mas agora é tarde e eu estou apaixonada. Liguei pra Jessica pra contar a novidade mas ela não me atendeu, depois repensei se deveria mesmo contar eu nem sei como será na escola ou em qualquer lugar que seja. Até pouco tempo ele estava com a Katarina. Meu Deus Katarina ela vai me odiar ainda mais por tudo isso. Ele diz que é amigo dela desde a infância será que irá ficar do meu lado ou será isento nessa parte? Tudo isso me apavora, mas estou sofrendo antes da hora e a melhor coisa no momento é aproveitar a lembrança recente de seu beijo e seu cheiro grudado em mim.

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