16. ALANA

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Abro a porta da sala delicadamente com medo de que meu pai esteja em casa. Não sei porque já que a esse horário ele está trabalhando mas a minha paranoia de que ele saiba que não fui as últimas aulas hoje falam mais forte.
Subo pro meu quarto, coloco minha mochila ao lado da cama, tiro meu tênis e pego meu celular. Mando mensagem pra Jéssica mas não tenho resposta. Queria tanto dizer a ela tudo o que estava acontecendo, não tinha mais ninguém além dela e do Kalel.
Resolvo então pegar o presente que Kalel me deu e fico admirando aquele pequeno bilhete de desculpas.
Passar o dia com ele foi perfeito. O lugar, a vista, as conversas..
Me deito na cama abraçando o bilhete e o livro e acabo adormecendo.
                              ***
Algumas horas depois acordo com o barulho da porta se fechando e pego meu celular para conferir a hora.
- Meu Deus já são quase oito da noite e eu não fiz nada - digo a mim mesma.
Me levanto pego meu caderno e começo a colocar as atividades em dia. Poderia terminar aquele trabalho, mas agora falta tão pouco e quero ter a presença de Kalel comigo, não sei o que vem depois, então prefiro aproveitar nosso momento.
- Alana ? - meu pai bate na porta - Posso entrar?
- Pode sim.
- Passei pra ver como você está - meu pai entra no quarto.
- Estou bem.
- Tem muito dever pra fazer hoje ?
- Um pouco - faço uma careta.
- Pensei que pudéssemos ir ao cinema ou jantar fora hoje. O que você acha?
- Cadê o meu pai e o que você fez com ele? - o encaro.
- Qual é, não fazemos isso desde os seus treze anos - ele se senta a beira de minha cama.
- Exatamente e você nem gosta muito de cinema.
- Eu amo ir ao cinema - ele sorri.
- O quê dizer da última vez que fomos e você nos fez sair na metade do filme porque descobriu que ele tinha quase duas horas de duração ein?
- Aquele filme era chato, não dava pra ver duas horas.
- Claro que era - dou uma gargalhada.
- Então, vamos ou não?
- O jantar eu aceito.
- Ótimo - ele se levanta e caminha em direção a porta - vou tomar um banho.
- Vou logo depois de você.
- Ah, eu chamei o Pedro. Você se importa?
- Pensei que fosse só nós dois.
- Se você quiser posso retirar o convite.
- Não, tá tudo bem.
- Certo.
Ele saí do quarto e dou continuidade a minhas atividades.
Meu celular vibra e o nome de Kalel aparece na tela. Meu coração acelera e dou um pulo da cama.
- O..oi? - Começo a andar de um lado para o outro.
- Pensei que não fosse me atender - o grave da sua voz fazia minha respiração ficar totalmente descompensada.
- Por que eu não atenderia você?
- Não sei, talvez não tenha me perdoado ainda.
- Calma, estou trabalhando nisso - abro um sorriso.
- Espero que sim.
- Então.. por que me ligou?
- Queria ouvir sua voz.
- Ah - é só o que consigo responder. Meu cérebro não está funcionando direito. Ele disse mesmo que ligou pra ouvir minha voz?
- Como foi o seu dia?
- Bom eu acho. Dormi a tarde toda.
- Então você é dorminhoca?
- Não! - me apresso em responder - acho que nossa manhã foi cansativa de mais - quase sussurro.
- Verdade. Também estou bem cansado.
- Como foi no trabalho?
- Cansativo. Tomei um banho dei uma relaxada me sinto melhor.
- Que bom.
- Queria poder ver você.
- Vai ver, amanhã - me sento no chão.
- Agora quero dizer.
Permaneço em silêncio digerindo o que ele acabou de dizer.
- Alana? Está por aí ainda?
- Sim, estou!

- Alana minha filha, vá se arrumar logo se não vai ficar muito tarde - meu grita do corredor.
- Tá bom pai, já vou!

- Desculpa, era meu pai me chamando.
- Você vai sair com ele?
- Ah sim, vamos jantar fora.
- Programa de pai e filha.
- Não exatamente - me arrependo de dizer aquilo.
- Vai mais alguém com vocês?
- Um amigo, nada de mais - bato com a palma da mão em minha testa.
- Um amigo seu ou dele?
- Você é bem curioso - dou uma leve risada.
- Tá. Entendi. Vou desligar agora - ele responde de forma seca.
- A gente pode conversar mais um pouco.
- Não quero atrapalhar, também tenho algumas coisas pra fazer por aqui.
- Tá bom.
- Até amanhã.

Antes que eu possa responder ele já havia desligado. Solto um suspiro de decepção comigo mesma por ter a língua maior que a boca e me levanto para tomar banho.
Quando volto, visto uma camisa branca mais coladinha e uma saia preta jeans cintura alta que deixa minhas pernas a mostra. Ajeito a blusa por dentro da saia, visto minha jaqueta de couro e calço meus coturnos. Jogo meus cabelos de lado e faço uma maquiagem mais leve.
Me olho no espelho conferindo o look e gosto do que vejo.
- Uau, você está linda - meu pai aparece na porta trajando uma calça jeans, uma camisa preta e sua jaqueta.
- Você também não está nada mau - abro um sorriso.
- Pronta?
Pego meu celular em cima da cama - Sim.
Eu o sigo até o carro e logo chegamos ao restaurante. Pedro está sentado em uma mesa ao lado de uma enorme janela.
Ele está tão lindo, usando uma calça jeans preta e uma blusa jeans de manga comprida que deixa seus músculos mais evidentes, aliás, quando é que ele ficou tão forte assim?

Ele está tão lindo, usando uma calça jeans preta e uma blusa jeans de manga comprida que deixa seus músculos mais evidentes, aliás, quando é que ele ficou tão forte assim?

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- Olá - ele se levanta para nos receber - Marco? - ele estende a mão e cumprimenta meu pai - Alana, você está linda.
- Obrigada - abro um sorriso sem graça.
Conversamos a noite toda. Pedro continuava a mesma pessoa agradável de tempos atrás. Meu pai e ele sempre se deram muito bem e eu gostava disso.
- Bom, acho que já podemos ir - meu pai confere a hora no relógio.
Pedro chama o garçom junto com meu pai eles racham a conta.
Nos levantamos e saímos do restaurante.
- Preciso ir ao banheiro - meu pai anuncia - volto já - ele se afasta.
- Como você consegue ficar cada vez mais linda? - Pedro se aproxima.
- Impressão sua - me afasto batendo o quadril no carro.
- Sinto sua falta - ele apoia uma de suas mãos no carro me encurralando.
- Pedro.. - Eu o alerto.
- Só queria que você soubesse. Não sentiu a minha?
- Por um tempo sim, mas depois me acostumei.
- Então isso significa?
- Significa que eu segui a minha vida e você a sua.
- Mas agora estamos aqui - ele se aproxima.
- Acho melhor não começarmos com isso - eu o encaro.
- Tudo bem - ele se afasta e sinto toda tensão ir embora quando o vento bate em meu rosto e meu pai aparece.
- Agora sim podemos ir - meu pai abre o carro - mande lembranças aos seus pais por mim Pedro - meu pai acena e entra no carro. Eu o acompanho e logo saímos.

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