64. KALEL

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Quando a chamo ela se retrai um pouco mas não vai embora e sinto um alívio por isso. Ela está melhor que das últimas vezes que consegui ver ela sem que ela me visse.
Todo final de tarde ela se aproximava da janela pra ver o sol se por e eu a observava mesmo que de longe. Acompanhei seu processo de terapia através de Josephine. Não foi fácil e tenho sofrido todo esse tempo longe da minha menina e vê lá aqui diante de mim faz com que meu coração se encha de alegria. Queria poder abraça-la sentir seu corpo mas ainda não sei se esse é o momento ideal. Preciso ir devagar mesmo que meu coração peça pra avançar todos os sinais possíveis.
- Ah, oi - ela responde timidamente - ouvi o violão e.. não sei, só vim parar aqui.
- Preciso preparar a música pro trabalho de inglês - eu a encaro.
- Pensei que fosse apresentar outra, lembro de você me dizer qual era. Por que mudou?
- Essa me faz lembrar de uma coisa - desvio o olhar - você.. - faço uma pausa - quer entrar?
- Ah não, tô bem aqui - ela cruza os braços sobre o peito.
- Seus ematomas eles.. - droga! - desculpa eu não quis...
- Tudo bem - ela sorri.
Que saudade eu estava daquele sorriso
- estão desaparecendo.
- Sim - Me levanto, coloco o violão sob a cama e a observo de longe - como você está? Sabe, a terapia tem ajudado você?
- Ah tem sim - ela parece diferente - amanhã volto pra casa do meu pai.
- Ah - é só o que consigo responder.
- Acho que vou voltar pro quarto - ela aponta para o quarto com o polegar por cima do ombro - Ainda tenho q escolher minha música pro trabalho.
- Você vai voltar pra faculdade? - dou um passo em sua direção.
- Ah, vou - ela responde sem jeito.
- Que bom isso é um ótimo sinal - dou mais um passo.
- É sim - ela se retrai mais um pouco e eu hesito.
- Se precisar de ajuda posso tocar a música que você escolher e você canta.
- Eu não canto Kalel - ela abaixa a cabeça e sorri - vou só ler ela e tá ótimo.
- Ok, não está mais aqui quem falou - passo as mãos pelo cabelo e a encaro.
Meu corpo se incendia quando meus olhos encontram os dela. Juro que estou tentando manter o controle mas isso tá ficando insuportável ou ela saí agora ou eu vou ignorar tudo o que venho lutado até aqui.
- Não vou te prender mais aqui, pode voltar pro seu quarto se quiser.
- Você quer que eu volte?
Me assunto com sua pergunta - claro que não, você sabe que não - me apresso em responder.
- Posso ficar se quiser.
Ela da um passo para em minha direção e meu corpo paralisa. Acho que estou sonhando, ela tem me evitado todo esse tempo e agora está caminhando em minha direção.
Não consigo reagir, minha respiração fica descompassada e parece que vou desmaiar a qualquer momento.
- Você está bem? - ela já está bem próxima.
- E..eu - não consigo nem formular uma frase.
- Posso sair se quiser ...
- Não! Fica! Por favor.
Ela sorri e meu coração acelera.
Não sei se posso toca-la mas é isso que quero, meu corpo anseia pelo dela.
- Kalel ... - ela fica a um passo de distância de mim - queria poder dizer algumas coisas...
- Tudo bem pode falar. Quer se sentar?
- Vou tentar ser rápida - seu tom de voz muda e me sinto aflito.
- Ok.
- Primeiro quero te pedir desculpas por tudo que você vem passando desde que.. bem, você sabe - ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha - você não merecia passar por isso.
- Tá tudo bem, a culpa não foi sua e o que aconteceu com você nem se compara com todo o resto. Eu é quem deveria me desculpar por não ter ficado com você naquele final de semana.
- Não, você não tem culpa de nada e eu sei que foram as circunstâncias eu entendo isso, mas eu não sei quando vou estar preparada pra isso - ela aponta pra nós dois.
- O que você quer dizer com isso? - sinto um frio percorrer a minha espinha.
- Você não merece ficar preso a uma pessoa que está uma bagunça.
- Eu não quero mais ouvir Alana - o desespero toma conta de mim.
- Você precisa me ouvir - ela me encara - você merece ser feliz Kalel e eu não posso fazer isso agora.
- Minha felicidade só existe se você estiver nela seja como for Alana.
- Não, você está errado. Antes de toda essa merda você era tão radiante e agora está apagado e a culpa é minha.
- Para de falar isso! - eu altero a voz mas logo me arrependo.
- Escuta, eu amo você mas agora não dá pra gente ficar junto. Talvez em um outro momento..
- Você não pode estar falando sério ... - caminho de um lado para o outro - eu amo você Alana, eu faço tudo por você sem pensar duas vezes. Eu daria a minha vida por você. Eu espero o tempo que for necessário por você mas por favor não me deixe - as lágrimas enchem os meus olhos - sem você eu me sinto perdido.
- Por isso que precisamos nos afastar pra você voltar a se encontrar sozinho.
- Porra Alana - não consigo mais conter as lágrimas - o que significa meu amor por você afinal? Me diz.. Não significa Nada?
- Kalel não é isso...
- O que é então?
- Só não quero ficar com você pela metade.
- Isso não pode estar acontecendo...
- Me perdoa.
- Para de pedir perdão, eu só quero que você olhe nos meus olhos e diga que não me ama mais, só assim eu vou sumir da sua vida - a encaro - vamos lá, olha pra mim e diga que não sou nada pra você.
- Você sabe que não posso fazer isso - ela desvia o olhar.
- Não pode fazer isso mas pode me abandonar? Não entendo.
- Kalel por favor, você precisa me entender...
- Me recuso a entender você e aonde quer chegar com isso - me afasto - se quer me deixar, vá em frente e saí do meu quarto.
Permito que a indiferença tome conta de mim e enxugo as lágrimas que escorrem por meu rosto. Ela me encara com os olhos cheios de lágrimas e não consigo mais me conter, corro até ela e faço a única coisa que não deveria ser feita mas eu preciso fazer.
Me aproximo dela e antes que ela possa fugir eu a beijo.

Sinto toda uma descarga elétrica percorrer meu corpo ao sentir seus lábios nos meus

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Sinto toda uma descarga elétrica percorrer meu corpo ao sentir seus lábios nos meus.
Ela permanece imóvel mas não se afasta eu aproveito e a envolvo em meus braços. Quando dou por mim percebo que ela abre a boca dando passagem a minha língua.
Suas mãos passam por meus cabelos e pousam sobre meus ombros já as minhas enlaçam sua cintura e a puxo pra mais perto.
- Não me deixe - eu sussuro em meio ao beijo - eu te amo minha menina.
- Não podemos.. - ela afasta seus lábios dos meus e me encara com lágrimas que molham todo o seu rosto.
- Nós podemos sim! Será que você não entende que nascemos um para o outro? Você não enxerga isso?
- Desculpa, eu...
- Alana, eu tenho te esperado por todo esse tempo. Penso em você o tempo todo, me culpo o tempo todo por tudo o que aconteceu com você - a encaro - se você não me ama mais e quer me deixar, tudo bem eu vou seguir minha vida, agora dizer que isso é o melhor pra mim não vou aceitar porque o melhor pra mim é você!
Vejo seus olhos brilharem, o brilho que eu não via a muito tempo e sinto meu peito pular de alegria e antes que eu possa dizer qualquer coisa ela me beija novamente e dessa vez com mais vontade. Sinto minha bermuda ficar apertada e só consigo pensar na saudade que eu sentia daquele corpo colado no meu.
Envolvo seus cabelos em minha mão e os puxo de leve para trás deixando seu pescoço a mostra. Me aproximo e o beijo passando a língua levemente e ela solta um gemido que me faz estremecer.
Que saudade eu estava da minha menina.

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