36. KALEL

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- Você está estranho - Katy coloca sua mão sobre minha coxa enquanto dirijo.
- Só estou cansado.
- Posso te ajudar a relaxar se quiser - ela sobe a mão por minha barriga e depois desce parando sobre o botão da minha calça.
- Estou dirigindo Katarina - chamo sua atenção.
- Isso nunca foi problema antes - ela se afunda no banco do passageiro emburrada.
- Agora é! - abro um sorriso sem graça.
- Por que? Ainda é sobre aquela garota?
- Podemos conversar sobre isso quando chegarmos em casa?
- Tudo bem, mas só se prometer ir a festa comigo.
- Eu não estou pra festa hoje Katy.
- Então não vou ouvir o que tem pra me falar - ela revira os olhos.
Fico em silêncio, tenho certeza que depois da nossa conversa nem na minha cara ela vai querer olhar mais, não que eu queira isso. Queria mesmo é que ela entendesse que amo outra pessoa e que minha felicidade pertence a ela. Sei que não vai ser fácil, mas eu preciso fazer isso, não posso deixar Alana escapar de novo, logo agora que estamos tão próximos e que eu a pedi em namoro.
Foi no calor do momento eu sei, mas quando a ouvi dizer que me amava não pude me controlar, a emoção falou mais alto e afinal de contas é isso que eu quero, que ela seja minha namorada e que todo mundo saiba disso, inclusive aquele emo idiota.
Algum tempo depois, chego em casa estaciono o carro na garagem. Desço e Katarina me acompanha. Ao entrar na sala vejo meu pai e minha mãe sentados tomando vinho.
- Estávamos esperando por vocês - minha mãe se levanta e vem em nossa direção.
- Katy - ela a abraça - que saudade de você.
- Eu também Caroline. Como foi a viagem?
- Ah foi incrível, da próxima vez, você e Kalel podem vir a Londres conosco.
- Eu adoraria - Katy sorri e se vira para meu pai - Olá Sr. Manoel - ela aperta sua mão - Espero que tenha conseguido fechar negócio por lá.
- Estamos quase querida.
- Bom, eu vou subir pra tomar um banho e me arrumar pro jantar - Katy anuncia.
- Vá sim querida - minha mãe sorri - Você deveria ir também Kalel.
- Assim que ela terminar eu vou mãe.
- Já volto.
Katarina sobe as escadas e vai se arrumar.
Ela era de casa, as vezes parecia morar mais aqui do que com os pais. Foi assim desde sempre.
- Kalel - minha mãe me chama.
- Oi - me sento ao seu lado no sofá.
- Já contou a ela sobre sua aventura insana com aquela garota?
- A gente tem mesmo que falar disso agora?
- Sua mãe me contou filho - meu pai interrompe - quantas vezes terei que te dizer que você e Katarina já tem o futuro traçado?
- Vocês não podem escolher com quem eu devo ou não ficar. Não é sobre vocês, é sobre mim e a minha felicidade.
- Você tem razão filho, mas se lembre que pra todas as suas escolhas existem consequências.
Eu os encaro cheio de raiva por toda essa conversa estúpida, penso em dizer mais alguma coisa mas desisto logo em seguida. Não quero me estressar mais do do já estou. Pego minhas coisas e subo pro meu quarto. Entro de uma só vez e me deparo com Katarina usando apenas uma lingerie branca que por sinal ficava muito bem em seu corpo.
- Ah, desculpa. Não sabia que você estava se trocando aqui - Digo me virando de costas.
- Tá tudo bem, você já me viu de todas as formas e ângulos possíveis - ela sorri e se aproxima - Não precisa se envergonhar, você não é disso.
- Eu.. - Me afasto - vou esperar lá fora.
- Não - ela me impede - me faz companhia.
- Eu não posso Katy...
- Por que não?
- Se veste por favor? - continuo sem olhar pro seu corpo.
- Tá bom.
Ouço sua movimentação e logo em seguida ela me chama. Não posso mais adiar isso, preciso que ela saiba.
- Katy? - me viro para olha lá.
- Sim - ela me encara curiosa.
- Preciso que te falar algumas coisas, mas antes de começar quero que tente entender o meu lado.
- Fala logo - ela parece impaciente.
- Eu ... eu amo a Alana
- Você o quê?
- Shh - eu a interrompo - me escuta primeiro. Eu amo ela e também amo você. Mas com ela é diferente, ela me faz sentir coisas que eu nunca senti. Quando estou longe dela sinto um vazio é como se faltasse algo em mim. Sei que você me ama e que temos toda uma história juntos, mas infelizmente eu não posso corresponder da forma que você merece e não quero te magoar. Não é justo com você eu manter você o tempo todo por perto sabendo que amo outra pessoa e que ela também me ama. Sei que não estou na posição de te pedir absolutamente nada, mas gostaria que você entendesse meu lado.
- Tudo bem Kalel - ela responde de maneira firme.
- Tudo bem?
- Sim, se você ama ela então, fique com ela.
- Simples assim? - Eu a encaro.
- Sim, não sou de implorar. Nós nascemos pra ficar juntos e isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde.
Quer viver a sua aventura? então vai.
- Não é uma aventura.
- Não vou discutir isso com você.
- Tudo bem, acho até melhor.
- Depois do jantar você vai aquela festa comigo.
- Desculpa mas não vou.
- Então você quer que eu desça chorando agora e conte pros seus pais o que acabou de me dizer? Tenho certeza de que eles não irão gostar.
Passo a mão pelos cabelos pensando se devo deixar que ela faça seu show e eu aceito as consequências que sei que serão pesadas ou se vou a uma festa com ela.
- Tudo bem, assim que terminar o jantar nós vamos a festa.
- Obrigada - ela se aproxima pra me beijar mas eu a impeço - Ah, desculpa, força do hábito - ela pega o celular - vou avisar ao Alex que vamos e pegar o endereço.
Enquanto ela pega o endereço e termina de se arrumar, pego minha roupa e vou tomar banho. Logo em seguida descemos para o jantar que ocorre tudo bem por sinal. Katarina não diz absolutamente nada sobre a nossa conversa e age como se nada tivesse acontecido, o que me assusta um pouco.
Como ela pode aceitar tudo assim tão rápido? Ela não é assim, mas talvez ela apenas tenha entendido o meu ponto de vista e queira a minha felicidade assim como quero a dela.
- Filho - minha mãe se levanta e vem até mim com um envelope e me entrega - Aqui está seu presente de aniversário.
A olho desconfiado e abro o envelope que contém um cartão de felicitações e uma chave - Obrigado mãe, obrigado pai - abro um sorriso - essa chave é?
- Lembra que levamos você a um chalé mês passado?
- Sim, eu me lembro.
- Pois bem ele é o seu presente.
- Uau - digo pouco surpreso.
- Não gostou?
- Gostei, é claro que gostei só não precisavam exagerar.
- Não é exagero meu amor - ela sorri - falar em exagero por onde anda sua irmã?
- Deve estar com os amigos dela.
- Manoel você tem que conversar com aquela garota, aqueles amigos dela, não acho que são boa companhia.
- Deixa ela em paz mãe, ela só quer se divertir.
- Ela deveria ser igual a você.
- Ela deveria ser exatamente como é desde que seja feliz - limpo a boca com o guardanapo - Bom, vamos Katy.
- Aonde vocês vão?
- A uma festa mãe - me levanto.
Ela abre um sorriso - divirtam-se eu e seu pai também vamos sair.
- Foi um prazer estar com vocês - Katy os cumprimenta e me acompanha até o carro.
- Não vai avisar a sua namoradinha que vamos a festa? - seu tom é de deboche.
Eu deveria avisar mas ela vai ficar puta comigo e eu sei disso - vou avisar quando chegarmos - digo sem tirar os olhos da estrada.
- Você acha mesmo que vocês dois vão dar certo? Olha pra você Kalel, família rica de tradição e ela é só ela. O que ela tem a te oferecer?
- Amor?
- Amor Kalel? Hoje tudo gira em torno de grana.
- Ela nem sabe que eu tenho essa grana toda.
- E quando souber, mesmo que não te ame, ela só vai ficar por causa do seu dinheiro.
- E você é diferente? - a desafio.
- Por favor né Kalel, se tem uma coisa que minha família tem é dinheiro e eu não preciso do seu, já a Alana...
- Ela também não precisa, ela não é assim!
- Então porque não conta a verdade pra ela?
- Por que o meu dinheiro não importa.
- Você tem medo - ela sorri - medo de que eu esteja certa. Você viu como ela e o Alex se parecem? Eu diria até que são almas gêmeas mas talvez o seu dinheiro a segure quando ela perceber que gosta dele.
- Cala a boca Katarina - quase grito.
- Ok, ok não está mais aqui quem falou.
Minha vontade é de dar meia volta e deixar Katy em casa, mas eu disse que viria com ela e não costumo voltar atrás. Alana não precisa saber sobre minha situação financeira porque ela me ama independente de qualquer coisa.

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