MEU EU EM VOCÊ

43. ALANA

Acordo com o meu celular despertando, tento me levantar mas percebo que Kalel está me abraçando. Me livro de seu braço cuidadosamente e me levanto. Hoje está muito frio então opto por vestir uma calça jeans, meu allstar e um moletom azul escuro. Vou até o banheiro ajeito meus cabelos, escovo os dentes, coloco meus livros na mochila e vou pra cozinha fazer café.
Assim que termino volto pro quarto com uma xícara na mão e me sento a beira da cama.
- Você já está pronta ? – Kalel pergunta ainda sonolento – a gente podia faltar hoje, aí você volta a se deitar aqui comigo.
- Proposta tentadora mas não posso. Preciso ir a escola e logo em seguida procurar um apartamento ou kitnet que seja.
- Não sei porque essa pressa toda.
- Eu não quero causar problemas.
- Você não é problema Alana eu já disse.
- Você vai a aula?
- Não – ele se deita de bruços.
- Por que ?
- Vou procurar um lugar pra você. Não quero que por desespero você escolha qualquer lugar.
- Não precisa Kalel.
- Eu sei, mas vou mesmo assim.
- Certo – me levanto e confiro a hora no celular – acho que preciso sair agora.
- Tá bom, eu levo você – ele se levanta – preciso só de cinco minutos.
Concordo com a cabeça e vou pra sala, há uma grande de chance de que ao ver ele se trocar eu me jogue em seus braços e desista de ir a aula hoje.
Exatos Cinco minutos e ele aparece vestindo uma calça jeans preta, tênis e um moletom branco. Está incrivelmente sexy, seus cabelos estão bagunçados mas de um jeito que o deixa ainda mais lindo. Fico admirando sua beleza quando ele passa as mãos em frente ao meu rosto.
- Alana? Está me ouvindo?
- Ah, oi?
- Você vai se atrasar.
- Ah, claro. Vamos!
Pego minhas coisas e saio primeiro enquanto ele tranca o chalé e destrava o carro para que eu entre.
- Queria poder ficar mais tempo com você – ele dá a partida no carro.
- Eu também, acredite mas se quero ser alguém preciso estudar – dou uma risada.
- Vou te buscar assim que as aulas acabarem tudo bem?
- Por mim tá tudo bem – dou de ombros.
Ele abre um sorriso e acaricia minha coxa enquanto dirigi.
O chalé parece ser longe da faculdade e imediatamente me arrependo de não ter acordado mais cedo. Kalel parece tranquilo enquanto eu sigo inquieta e preocupada com o horário. Ele percebe e acelera um pouco mais, o que me assusta no início mas acabo me acostumando.
- Chegamos meu amor – ele estaciona próximo ao portão principal – quer que eu te leve até o portão?
- Tá parecendo meu pai – dou uma risada mas logo sinto um aperto no peito – não precisa.
- Tem certeza?
- Sim, eu acho que consigo entrar em segurança.
- Tudo bem – ele se aproxima e me beija – boa aula pra você amor.
- Obrigada.
- Tem certeza que não quer voltar comigo? A gente pode fazer um sexo matinal e...
- Kalel! – o repreendo e sinto minhas bochechas queimarem.
- Ok, ok não está mais aqui quem falou.
- Tchau garoto.
Abro a porta do carro e saio aos risos. Ele buzina e em seguida se afasta, fico observando enquanto seu carro se afasta sem me dar conta de que estou no limite do horário.
- Vai se atrasar mocinha.
Uma voz fala quase ao pé do meu ouvido e eu me assusto.
- Alex?
- Oi gata. Vamos logo!
Ele segura minha mão e me puxa pra dentro. Andamos freneticamente até chegar a primeira aula. Me sento no lugar de sempre, Alex ao meu lado e Jéssica atrás de mim. As aulas custam a passar e já estou me sentindo entediada e com saudades de Kalel. Esse seria nosso primeiro dia juntos como namorados por aqui, mas como ele não está me sinto um pouco sozinha. Olho ao redor e noto que Katarina também não veio a aula. Será que eles estão juntos? Não, ele não faria isso. Tento livrar minha mente desses pensamentos, pego meu celular e mando uma mensagem para ele.

Amor como vão as coisas? Conseguiu achar algo?
Estou com saudades.

Guardo meu telefone na mochila e volto minha atenção a aula. O sinal do intervalo toca, junto minhas coisas e sou interrompida por Jéssica.
- Oi amiga, você sumiu depois da viagem.
- Ah, eu estava exausta e aconteceu muita coisa nesse final de semana.
- Entendo, quer conversar sobre ?
- Ah, não é nada de mais – abro um sorriso.
- Tá bom – ela sorri – Não vi Katarina e nem Kalel. Você e ele ?
- Ah, a gente é complicado.
Não sei por que mas não quis contar a Jéssica os últimos acontecimentos, talvez seja medo de que não dure e eu esteja criando expectativas de mais.
- Sei como é. Só espero que ele não esteja com a Katarina. Eles sempre estão juntos e hoje nenhum dos dois veio.
- Eles não estão juntos.
- Como você sabe ?
- Não sei, quer dizer foi só um palpite.
- Sei não viu, pelo que conheço daquele dois não seria a primeira vez que matam aula pra se pegar.
Meu estômago revira e sinto vontade de vomitar. Será que eles estão juntos? Pego meu celular enquanto Jéssica tagarela pra ver se Kalel respondeu mas não tem nada o guardo novamente.
- Celular novo? – Jéssica pergunta.
- Sim, o meu estragou quando caí na água, então ganhei esse – mostro o aparelho.
- Ele é muito bonito.
- Obrigada.
- Então agora a mocinha tem um celular ? – Alex se aproxima.
- Ah, tenho sim – mostro a ele que pega da minha mão – Eí – esbravejo.
- Calma pequena, só coloquei meu número aqui e dei um toque no meu celular pra salvar o seu – ele me devolve – Bom, agora preciso ir.
- Não vai assistir o último horário?
- Na verdade não, tenho uma entrevista de emprego em uma lanchonete daqui há quarenta minutos.
- Sério?
- Sim – ele sorri.
- Bom, espero que consiga.
- Eu também.
- Se estiver precisando de mais gente por lá e você puder me indicar, também preciso trabalhar.
- Te indico com certeza.
- Obrigada e boa sorte.
- Valeu.
Ele beija meu rosto e se despede de Jéssica. O intervalo acaba e voltamos pra última aula que por sorte passa rápido.
Pego meu telefone pela milésima vez essa manhã e procuro por alguma mensagem de Kalel mas não a vejo. Isso está começando a me irritar. Resolvo ligar mas chama até cair na caixa postal. Ótimo, onde será que ele se meteu que não consegue atender o celular? Saio da sala o mais rápido possível na esperança de que ele esteja me esperando do lado de fora mas estou equivocada. Solto um suspiro e ao procurar por seu carro novamente me deparo com Pedro.
- Oi Alana – ele se aproxima.
- Oi Pê – Eu o abraço.
- O quê você está fazendo aqui?
- Primeiro não quero que fique brava comigo.
- Que foi?
- Seu pai, ele ...
- Te pediu pra vir aqui me convencer a voltar pra casa, estou certa.
- Sim...
- Bem previsível.
- Ele disse que você está diferente de mais, ainda mais depois que começou a sair com Kalel...
- Meu pai mente! Bom, se veio aqui pra isso tá perdendo seu tempo eu não vou voltar.
- Você sabe que seu pai te ama e só quer o melhor pra você né?
- Não, ele quer o melhor pra si mesmo.
- Não fala isso Lana..
abro um sorriso tímido – Lana... - algumas lembranças de quando estávamos juntos vem a tona.
- Você não se importa que eu te chame assim né?
- Claro que não Pê, é que faz tanto tempo desde a última vez, não esperava ouvir você me chamar assim mais.
- Por um momento eu pensei o mesmo – ele sorri – quer almoçar comigo, sabe, pra gente conversar melhor.
- Eu estou esperando o Kalel.
- Tudo bem se eu esperar com você?
- Tudo bem, é bom que tenho companhia, mas só se você prometer não falar do meu pai?
- Mas Lana...
- Então pode ir embora!
- Tudo bem, não vou falar.
Nos sentamos na praça que tem em frente ao campus e começamos a conversar. Ele disse que sua mãe estava tento um quadro de melhora agradável o que me deixou extremamente feliz. Ele contou que arrumou um emprego e que estava dando aulas de inglês para crianças em uma dessas escolas de línguas estrangeiras. Disse estar amando e que seus alunos são incríveis. Eu estava amando saber de tudo isso e me sentindo muito feliz por ele, queria poder contar o que realmente aconteceu nos últimos dias mas ainda não estou pronta pra falar.
- Não quero ser chato, mas já se passou uma hora. Tem certeza que ele vem?
- Já passou isso tudo? – quase grito.
- Já sim.
- Droga – pego meu celular e ligo novamente mas dessa vez caí direto na caixa postal – idiota!
- Ele não atende ?
- Agora nem chama mais – reviro os olhos – Não acredito que ele me deixou aqui plantada.
- Pode ter acontecido algo – ele se levanta – Vem, vamos almoçar depois te levo até onde você está ficando.
- Aceito o almoço, mas rejeito a carona.
- Você quem manda.