78. KALEL

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Uma semana se passou desde a última vez em que tive contato com Alana.
Não a vi desde então e lutei com todas as forças para não ir atrás dela.
A última vez que pensei poder ver ela foi quando fui até sua casa esclarecer as coisas para o pai dela que não aceitou nada disso de forma agradável.
Ele disse várias coisas pra mim e eu tive que ouvir calado, afinal de contas ele não estava errado.
Falta apenas uma semana para o meu casamento e Katarina praticamente já se mudou pra minha casa. Ainda não olhamos nenhum lugar para nós e talvez eu não queira isso de verdade.
Sinto falta da minha menina mas decidi seguir meu rumo assim como ela decidiu seguir o dela.
Estou no trabalho entediado quando minha mãe e Katarina entram em minha sala.
- Oi Amor passei aqui rapidinho pra te dar um beijo - ela beija meus lábios - estávamos fazendo compras e agora estamos indo fazer uma ultrassonografia para ver como está o nosso bebê - Katy passa a mão pela barriga.
- Vou com você - me levanto.
- Filho não precisa você tem muito trabalho aqui, eu vou acompanhar ela.
- Eu quero ir mãe, até hoje não fui ver meu bebê e nem ouvi o coraçãozinho dele.
- Meu amor, eu não quero atrapalhar você - elas se trocam olhares e depois me encaram - além do mais está tudo bem com o nosso baby.
- Espero que esteja mesmo. Só acho estranho que a sua barriga segue normal, queria tirar algumas dúvidas com o seu médico pra saber se realmente está tudo bem.
- Filho, algumas mulheres não desenvolvem toda essa barriga. Olha pra Katy ela é bem magra talvez a barriga apareça dos quatro meses pra lá.
- É meu amor e se tivesse algo errado o médico diria - ela sorri.
- Tudo bem, mas eu queria mesmo ir.
- Mas, não precisa - ela olha no relógio - estou atrasada já, vamos tia? - ela puxa minha mãe pelo braço.
- Mais - grito porém em vão.
Elas saem da sala me deixando sozinho com meus pensamentos.
Pego meu telefone e vago pelas redes sociais em busca de qualquer notícia da Alana que me bloqueou em praticamente tudo.
Desde que ela me deixou venho enfrentando problemas pra dormir tendo inclusive que fazer uso de remédios. Depois dela minha vida não é mais a mesma e temo que nunca mais seja.
Sigo olhando a tela do meu celular em busca de qualquer sinal da minha menina até que decido vagar pela rede social do Alex. Ele não me bloqueou inclusive acredito que fez isso na intenção de que eu veja tudo.
A primeira foto que vejo é minha menina montada sobre a moto dele extremamente sorridente. Ela parece feliz e talvez já tenha até me esquecido. Analiso por mais alguns segundos e logo em seguido bloqueio a tela do celular o jogando na gaveta.
Abro a tela do notebook e volto a focar no trabalho, preciso de algo que me destraia.
- Posso entrar? - Josephine bate na porta e logo em seguida entra.
- Já entrou né - abro um sorriso.
- Até parece que não gosta da minha presença super Man - ela faz careta.
- As vezes eu gosto, mas só as vezes.
- Claro - ela se senta a minha frente e começa a mexer nos papéis em cima da mesa - animado pro seu casamento arranjado? - ela me provoca.
- Animada pra ser titia? - eu a provoco de volta.
- Na verdade não, acho que não me dou bem com crianças - ela revira os olhos - estava pensando e você anda muito tenso. Acho que deveríamos sair pra tomar umas.
- Não estou no clima, mas obrigado.
- Extamanete por isso que deveríamos ir, daqui uma semana você vai ser tornar um homem casado e duvido que a Katy te deixe sair pra encher a cara com a sua irmã.
- Ela não tem que deixar nada.
- É esse o espírito da coisa - ela se anima - então vamos ..
- Hoje eu não estou afim.
- Cara, você nunca está - ela bufa e afunda na cadeira - e eu sei que tem haver com a Alana, puta mulherão que você perdeu ein idiota.
- Vai jogar isso na minha cara agora?
- Tá, tá desculpa, só queria desabafar.
- Já desabafou agora pode ir.
- Só vou se você sair pra beber comigo - ela faz bico.
- Você é chata ein garota.
- Sou sua irmã não dava pra esperar menos que isso - ela caí na gargalhada - anda, tenho certeza que o dono da empresa não vai se importar.
- Tá bom, tá bom.
Ela comemora com uma dancinha esquisita, fecha meu notebook e estica as mãos para que eu as segure.
Seguimos pelos corredores da empresa até chegar em seu carro.
- Vou no meu.
- Claro que não Kalel, se você ficar doidão eu levo você pra casa - ela da uma piscadinha - anda, entra - ela abre a porta.
- Só você mesmo viu - abro um sorriso.
- Só quero te ver feliz e dar umas boas risadas. Você sabe que no final vai dar tudo certo não sabe?
- Eu espero que sim - em minha mente só vem Alana.
Ela liga o carro e nos encaminhamos para o melhor bar de Belo Horizonte.

Algum tempo e lá estávamos, sentados em uma mesa próxima ao balcão e já até perdi as contas de quantos copos bebi mas agora me sinto até mais leve

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Algum tempo e lá estávamos, sentados em uma mesa próxima ao balcão e já até perdi as contas de quantos copos bebi mas agora me sinto até mais leve. Nem parece que a minha vida tem sido um verdadeiro inferno nos últimos dias.
Eu e Josephine estamos nos divertindo bastante, até juntamos nossa mesa com um casal do lado que nunca vi e se me perguntarem o nome já não me lembro mais.
Tomo mais um gole da minha bebida e dou risada das piadas ruins da minha irmã.
- Ei garotão, acho que você está ficando bastante empolgado - Josephine chama minha atenção.
- Você me chamou pra beber certo? - abro os braços e desabotoou os dois primeiros botões da camisa social preta - aqui estou querida irmã - pego o copo e levo a altura do meu rosto - vamos brindar a vida - abro um sorriso - não a minha, porque agora ela está com outro. Saúde - apresento o copo e logo em seguida bebo todo o líquido em uma golada só.
- Saúde - O casal brinda e sorri.
- Acho que devemos ir Kalel.
- Não, vamos ficar. Para de ser chata - faço careta e olho ao redor - Caralho - fico paralisado - eu realmente devo estar muito bêbado - dou uma gargalhada - posso jurar que conheço aqueles cabelos negros logo ali - aponto com a cabeça - aquele corpo - analiso com cuidado - aquelas pernas - quase me levanto.
- Tá falando de quem?
- Aquela garota logo ali - aponto pra garota que está de costas do outro lado do balcão - com aquele cara de jaqueta de couro e o cabelo... - faço uma pausa e minha ficha caí - Porra! É a Alana.
- Alana? - Josephine olha incrédula.
- Você sabia que ela iria vir aqui com ele não sabia? Por isso insistiu tanto que eu viesse.
- O quê? Claro que não, a gente mal se fala por sua causa.
- Minha causa?
- Sim, porque por um acaso sou sua gêmea e quando nos falamos ou nos vemos ela se lembra de você e por isso decidiu se afastar de mim também.
- Ela está tão linda - passo a língua pelos lábios - mas não está comigo - meu semblante muda - vamos embora, ela não precisa me ver assim - me levanto mas acabo me desequilibrando e caindo sentado de novo.
- Isso porque você não quer que ela te veja assim - Josephine revira os olhos - Vem, eu ajudo você - ela se levanta e passa meu braço por seu pescoço.
- E se eu fosse lá falar com ela? - digo enquanto firmo meu corpo.
- Você está bêbado, não acho uma boa idéia - o rapaz que está na mesa conosco se manifesta.
- Shhhh - faço sinal de silêncio - você não sabe de nada.
- Ele está certo Kalel, você mal se aguenta em pé, se conseguir chegar lá sem cair ou vomitar já é uma vitória.
- Eu te odeio Josephine - faço careta.
- Eu também amo você. Tchau gente, foi um prazer - ela retira o dinheiro da bolsa e deixa sobre a mesa.
- Tchau - digo com a voz arrastada - cuida dela viu, não perca ela pra um emo babaca como eu perdi - encaro Josephine - ela me trocou por um emo caralho - dou uma gargalhada.
- Geralmente eles são mais carinhosos - minha irmã zomba de mim.
- Idiota - reviro os olhos.
- Anda, vamos!
Queria ter ido até a minha menina e arrancado ela das mãos daquele imbecil mas entendo que foi melhor assim. Ela não precisa saber que tirei a noite pra afogar minhas mágoas depois de ver o quanto ela vem sendo feliz ao lado daquele emo.

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