Capítulo 11: Dormitório.

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Cold saiu do elevador eu o segui em silêncio, tentando me encolher com os olhares que recebia dos soldados que passavam por nós dois. Quando alguns soldados saiam de algumas salas, eu tinha me um vislumbre de alguns deles treinando, corpo a corpo, com armas e até mesmo com facas. Aquilo me deixou apreensiva, porque não gostava da ideia de matar ninguém, ao mesmo tempo que não queria levar um tiro na cabeça.

A única vez que eu ergui a mão para ferir alguém foi quando eu tinha 15 anos. Um garoto tentou me beijar a força, quando ficamos sozinhos na sala onde tínhamos aulas. Eu acabei dando um soco na cara dele e o deixei com um olho roxo. Mais tarde naquele dia, Ethan quebrou seu nariz quando o contei o que havia acontecido. Acabou de uma forma um pouco trágica para o garoto, mas gostei de bater nele, porque odiei quando ele tentou me tocar.

—Um segundo. —Cold pediu, parando ao lado de uma das portas, antes de a abrir, me dando a visão dos alvos no fundo da sala, que eram atingidos por milhares de tiros, ficando praticamente irreconhecíveis. Um homem com feições mais velhas se aproximou, dando uma boa olhada em mim antes de se dirigir a Cold.

—Posso ajudar, Sr. Andrews?

—Preciso da soldada Summers. Pode liberá-la pra mim? —Cold indagou, e o estranho assentiu, se afastando para dentro da sala. Não conseguia ver quem estava lá dentro, mas sabia quem Cold havia chamado. Isso me fez agradecer a Eliot internamente, porque aquilo me deixava menos nervosa, já sabendo o que esperar.

Os tiros pararam por um momento, fazendo o silêncio da sala ser preenchido pelo que eu imaginava ser o barulho das armas sendo carregadas. Logo os tiros iniciaram de novo, me fazendo dar um passo para trás e soltar uma respiração pesada. Logo uma mulher de cabelos loiros apareceu, parando na frente de Cold, com as mãos para trás e uma expressão totalmente neutra, como se esperasse por ordens dele.

—Laís, essa é a Hannah. Ela vai ocupar a cama que está vazia no seu dormitório. —Cold gesticulou na minha direção, fazendo os olhos escuros de Laís se concentrarem em mim.

Ela parecia não ter mais de 20 anos. Mas era visivelmente mais forte do que eu, além de mais alta. Os cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo, com fios lisos e brilhantes, que eu tinha quase certeza de que iriam até o meio das suas costas quando soltos. Era bonita, com o rosto fino e as bochechas levemente coradas, além da boca longa, pintada com um leve tom de vermelho. Seu porte a fazia parecer que havia nascido para estar naquele lugar, em meio aquelas pessoas. Assim como Cold parecia.

—Hannah, essa é a Laís. Ela vai ser sua companheira de dormitório. Há mais duas, que Laís poderá te apresentar mais tarde, quando deixarem o treinamento para se recolherem. —Cold afirmou, me encarando por um segundo interminável quando terminou de falar, com algo passando nos olhos, antes de engolir muito lentamente e se virar para Laís de novo. —Por favor, Laís, mostre o dormitório pra ela e o restante do centro de treinamento. Você está liberada do restante dos seus afazeres hoje.

—Pode deixar, senhor. —Ela acenou com a cabeça pra ele, parecendo respeitá-lo acima de qualquer outra coisa.

—Amanhã logo cedo eu irei buscá-la para iniciar o treinamento. Tudo que precisa já está no dormitório e Laís vai explicá-la sobre o funcionamento dos horários. —Cold se virou pra mim de novo, a expressão séria dando lugar a algo diferente, que eu não sabia intensificar, mas que me deixou sem jeito. —Alguma dúvida, Srta. Hawking?

—Não. —Minha língua pareceu pesar uma tonelada na minha boca. —Obrigada, Sr. Andrews.

Vi o contrair da sua mandíbula quando me ouviu chamá-lo daquele jeito. Mas foi rápido demais, porque ele logo já estava se afastando, desaparecendo dentro do elevador. Aquilo me fez soltar uma respiração pesada, com as bochechas doendo com a tensão que tomava conta do meu rosto, porque não sabia como agir diante dele ainda.

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