Capítulo 79: Ataque de pânico.

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Parecia que um zumbido tinha invadido meus ouvidos quando comecei a andar para trás, para me afastar da janela e da cena que passava na frente dos meus olhos. Era minha mãe que estava ao lado do presidente, amarrada como um brinquedo pessoal dele. Minha mãe, que eu jurava que estava morta, mas estava bem ali.

—Hannah, você está bem? —Amber tentou se aproximar de mim, mas eu me escorei na parede e deslizei para o chão, sentindo uma falta de ar absurda, enquanto meu coração estava tão apertado a ponto de doer. —Hannah, fale comigo, por favor. Você está bem? O que está sentindo?

Balancei a cabeça negativamente, lembrando da voz de Cold repetindo na minha cabeça que minha mãe havia morrido. Me lembrando de quando acordei na Zona Hospitalar e tive certeza que Ethan era a única coisa que havia me restado. Mas minha mãe estava ali, completamente viva.

—Hannah, respire. —Amber puxou meu rosto, me obrigando a olhar pra ela. Eu estava tremendo dos pés a cabeça, sentindo meu peito subir e descer com força. —Você está tendo um ataque de pânico. Apenas respire com calma, querida. Vai ficar tudo bem. Respire com calma. Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.

Não, não ia ficar tudo bem. Ela estava lá. Estava lá com o presidente, viva, para que ele fizesse o que desejassem. Minha mãe estava viva. A mulher que foi instruída a cuidar de mim e que me criou como uma filha. Que me deu uma família e me amou mesmo quando não tínhamos o mesmo sangue. Mesmo quando eu era apenas um trabalho dele. Ela estava viva esse tempo todo e eu não fazia ideia.

—Hannah, olhe pra mim. —Amber apertou minhas bochechas, já que eu havia fechado meus olhos e os apertava com força a ponto de doer. —Eu sei que isso é uma supresa e tanto. Tenho certeza que Cold não fazia ideia que ela estava viva. Isso foi uma jogada de Michael. Ele deve ter escondido ela de todo mundo esse tempo todo. —Afirmou, me fazendo comprimir os lábios ao pensar tudo que ela deveria ter passado todo esse tempo. —Mas Cold vai dar um jeito nisso, está bem? Confie nele. Cold não deixaria que nada acontecesse com ela.

Amber me puxou até que eu estivesse entre seus braços e me abraçou apertado, querendo me confortar o máximo possível. Meus pensamentos foram até Ethan e o que ele pensaria quando descobrisse sobre isso. O quanto ele se sentiria culpado por não saber que ela estava viva e por ela ter ficado presa esse tempo todo, nas mãos do presidente. Ele ficaria sabendo disso assim que a mensagem fosse entregue aos rebeldes e eu não consigo imaginar como ele irá reagir a isso.

—É a minha mãe, Amber. A minha mãe está presa com o presidente! —Afirmei, sem acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo, depois de tudo que passamos para sair das mãos dele.

—Vai ficar tudo bem. —Amber deixou um beijo na minha testa, enquanto eu negava com a cabeça. —Apenas respire. Cold dará um jeito nisso, Hannah. Te dou a completa certeza de que Cold vai dar um jeito nisso.

Eu queria realmente acreditar que tudo ficaria bem, mas estava começando a achar que não íamos conseguir nosso final feliz nesse mundo em destruição.

[...]

Fiquei sentada no sofá depois que me acalmei, encarando as paredes do apartamento. Estava esperando Cold voltar, contando cada segundo que se passava, pensando em milhares de formas de entrar na Zona Presidencial e tirar minha mãe das mãos do presidente. A lista de coisas pelas quais eu o odeio, está crescendo muito rápido a cada segundo. Espero que Cold o mate. E espero que ele sofra muito quando isso acontecer.

Amber tinha razão no final das contas. O presidente sempre tem um plano B. E o plano dele era esse o tempo todo. Se ele não pudesse me usar contra Ryder, ele usaria minha mãe para isso, por isso ele a manteve escondida esse tempo todo. Ele sabia a importância que ela tinha pra Ethan e eu. Ele sabe que Ryder vai fazer qualquer coisa por ela quando souber que ela está viva, presa nesse lugar.

A única coisa que o presidente não sabe, é que tínhamos a intenção de derruba-lo do topo. Mas todos nós subestimamos o presidente. Aposto que nem mesmo Cold, no seu belo jogo de xadrez, podia imaginar que ele faria uma jogada desse nível. O presidente tinha uma bela carta na manga e nós caímos direitinho no jogo dele.

Ergui a cabeça quando a porta se abriu e Cold passou por ela, com uma expressão tão séria que marcava toda sua mandíbula. Laís estava logo atrás dele, parecendo mais nervosa do que eu jamais tinha visto, seguida por Gates, que era a calmaria em pessoa, bem diferente dos outros dois.

—Eu vou dar um jeito nisso. —Afirmou, no instante em que me viu ficar de pé, sem esperar que eu falasse qualquer coisa. —Vou dar um jeito nisso, Hannah.

—Você sabia que ela estava viva? —Questionei, fazendo Cold soltar uma risada descrente.

—É óbvio que não, Hannah. Se ela estivesse viva eu já teria contado a você. Foi eu quem te contou que ela havia morrido, porque foi isso que me passaram! —Argumentou, soando um pouco ofendido com a minha pergunta. Mas eu estava tão confusa. Eu só queria entender como chegamos a esse ponto. —O presidente a escondeu muito bem. Eu não sabia que ela estava presa.

—E agora? —Caminhei até parar na frente de Cold, esperando que ele tivesse qualquer coisa pra mim. —Precisamos fazer alguma coisa, Cold. Não posso deixá-la presa com ele. Se ele não conseguir o que quer, vai matá-la. Você sabe disso.

—E também não pode fazer nenhuma burrada. —Cold rebateu, engolindo muito lentamente. —Logo os rebeldes vão saber sobre isso. Precisamos esperar notícias de Ryder. Não vamos fazer nada precipitadamente, sem saber o que eles pensam sobre isso.

—É a minha mãe, Cold. —Insisti, vendo ele soltar um suspiro pesado e passar a mão pelos cabelos.

—Eu sei. Eu sei que é. Mas não posso fazer nada arriscado agora. Não quero que ele pegue você de novo. —Cold envolveu os braços na minha cintura, me puxando para mais perto. —Vamos resolver isso. Espere seu irmão. Tenho certeza que ele terá uma ideia muito melhor do que apenas chegar batendo na porta e mirando a arma.

—Bater na porta e mirar a arma é tudo que eles tem feito. —Gates murmurou, me fazendo lembrar que não estávamos sozinhos ali. Olhei na direção que ele estava, vendo-o abrir a geladeira como se estivesse em casa. —Não ia ser nada de novo até aí.

—Se não pretende ajudar, então fique de boca fechada. —Laís rosnou as palavras pra Gates, que soltou uma risadinha debochada, mostrando o dedo do meio pra ela.

Soltei uma respiração pesada, erguendo as mãos para esconder meu rosto, percebendo que estávamos ferrados naquele momento.



Continua...

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