Dois meses depois...
Abri os olhos, me deparando com o quarto já iluminado pelo luz do dia, enquanto ouvia a voz de Ethan e Lara no andar de baixo, discutindo sem parar, logo cedo. Me virei para procurar Cold, encontrando o outro lado da cama vazio, o que me fez soltar um suspiro pesado, antes de ficar de pé.
Me arrumei e desci as escadas, parando no último degrau quando encontrei meu irmão e a garota de cabelos ruivos. Ambos pareciam irritados, mas também havia a faísca de algo mais caloroso entre eles. Não tinha certeza se eles notavam isso, mas com certeza todos que viam suas discussões de fora, notavam sim.
—Eu já falei que não. Você não manda nada aqui, Ethan! —Lara estava parada com as mãos na cintura, de frente para Ethan, que tinha as mãos cruzadas na frente do corpo e exibia uma expressão séria.
—E você acha que manda só porque é filha do novo presidente? Da um tempo, okay? —Ethan retrucou impaciente. —Você já era atrevida. Agora está mil vezes pior.
—Eu achei que eles iriam se entender uma hora. —Amber parou ao meu lado ao descer as escadas, fazendo uma careta ao observar a discussão dos dois. —Mas parece que só piora.
—Isso aí é amor. —Eliot desceu as escadas e parou atrás de mim, passando um braço no meu ombro. —Uma hora dessas quando a gente ver os dois já vão estar juntos.
—Eu acho mais fácil eles se matarem. —Laís murmurou, e só então notei que ela estava atrás de Eliot na escada.
Soltei uma risada vendo a expressão irritada de Lara, enquanto Ethan tinha um sorrisinho sarcástico nos lábios, como se tivesse vencido a discussão. Balancei a cabeça negativamente, pensando no momento que eles forem se dar conta do que está acontecendo entre eles.
Deixei os dois discutindo, caminhando até a saída da casa, antes de franzir a tenta por conta do sol fraco que bateu contra o meu rosto. Encarei a rua, observando as casas que estavam sendo construídas ali e outras que já estavam completamente prontas. Depois que o presidente morreu, Hogan tomou a frente de tudo. Agora ele estava no complexo tentando ajudar quem havia ficado lá, mas agora sem aquilo parecer uma prisão.
—Hannah? —Abri um sorriso assim que vi Ryder se aproximando. Ele estava com um sorriso, um pouco suado e sujo, porque assim como o restante de nós, estava ajudando na construção das casas. —Tudo bem?
—Ethan e Lara estão discutindo de novo. —Falei, fazendo-o soltar uma risada e então negar com a cabeça, provavelmente pensando o mesmo que o restante de nós. —Terminaram?
—Sim, temos oficialmente nosso primeiro mercado aqui na cidade. —Ryder abriu um sorriso maior ainda, se aproximando e apertando minhas bochechas. —Sua mãe está ajudando na organização de lá agora. Tenho certeza que tudo vai ficar perfeito!
—E Cold, você o viu? —Indaguei, mas Ryder balançou a cabeça negativamente, antes de se afastar quando Gates o chamou.
Gates, que havia preferido vir para a cidade do que ficar no complexo, resmungando que iria colocar fogo em tudo se tivesse que andar por aqueles corredores de novo. Mas apesar de tudo, assim que chegou aqui, ele se esforçou ao máximo para ajudar em tudo que fosse necessário, sem que ninguém precisasse pedir.
Kai também estava ali, ajudando na organização das crianças órfãs, para que cada uma delas ganhasse uma nova família. Sawyer estava o ajudando com elas também, mesmo que ainda parecesse um pouco perdido pela mudança do complexo pra cá. Acho que ele ainda estava absorvendo o choque de saber que Cold era o Traidor, Gates era nosso aliado e Tyler não estava morto, além de ser meu irmão.
Amara, que eu imaginava que voltaria a ver um dia, também estava aqui na cidade, ajudando as pessoas na distribui de mantimentos e roupas. Ela não costumava falar comigo e muito menos olhar pra mim. Mas estava tentando se reaproximar de Ryder, mesmo que ele não desse qualquer sinal de que gostaria de tentar de novo.
Parei no início da floresta, onde eu podia ver a praia ao fundo e Cold sentado sobre a areia branca. Ele não falava com ninguém. Ajudava quando era necessário, mas nunca tentando se aproximar de quem quer que fosse. Na maior parte do tempo ele preferia fazer algo sozinho do que contar com a ajuda de alguém.
Caminhei até a praia, tirando o tênis e as meias, deixando-os na grama ao lado dos sapatos de Cold. Então caminhei até onde ele estava, sentindo a areia macia nos meus pés. Cold estava sentado, com os braços erguidos sobre os joelhos, olhando para o mar azul, com uma expressão pensativa e até mesmo um pouco perdida.
—Atrapalho? —Questionei, fazendo Cold olhar pra mim e negar com a cabeça.
Abri um sorriso e ele se ajeitou quando fiz menção de sentar no seu colo, abrindo espaço para que eu de fato fizesse isso, deixando minhas pernas ao redor do seu quadril, enquanto o abraçava pelos ombros, sentindo suas mãos envolverem minha cintura.
—Sozinho de novo? —Beijei a ponta do nariz de Cold, vendo o pequeno sorriso que se abriu nos seus lábios.
—Gosto do silêncio. Acordei com seu irmão discutindo com Lara de novo. —Ele soltou um suspiro baixo que me arrancou uma risada. —E você? Está bem?
—Estava te procurando. —Afirmei, encostando minha testa na de Cold, enquanto encarava aqueles olhos verdes que haviam se tornado tudo pra mim. —Estou preocupada com você.
—Eu estou ótimo, Hannah. —Retrucou, erguendo a mão e a deslizando pela minha bochecha. —Eu queria liberdade e tenho isso. Além de ter você, que é o centro do meu universo agora. —Ele abriu um sorriso quando me viu sorrir e puxou meu rosto, mergulhando os lábios na minha boca. —Amo você, cérebro de gelatina.
—Também amo você. —O beijei de novo, sentindo meu coração prestes a explodir de felicidade, antes de olhar para sua outra mão, observando aquela luva. —Acho que você não precisa mais disso. —Falei, puxando a luva e a retirando. Cold fez uma careta, como se aquilo ainda fosse desconfortável pra ele, mas não retrucou, enquanto eu a deixava na areia ao seu lado, deslizando os dedos pelas marcas e cicatrizes. —Gosto dela assim.
—Seus gostos são certamente estranhos. —Cold mordeu meu lábio, causando um arrepio por todo meu corpo, enquanto envolvia minhas bochechas com as suas mãos, me deixando sentir o calor delas. —Gostaria de ter algo mais do que isso com você.
—Como assim? —Fiz uma careta. —Isso parece um pedido de casamento.
—É, não sou bom com essas coisas. —Murmurou, deixando um beijo no canto dos meus lábios, antes de afastar as mãos.
—Então está me pedindo em casamento? —Indaguei, vendo-o dar de ombros, escorando as mãos na areia ao lado do seu corpo, enquanto olhava para cada detalhe do meu rosto.
—Não. —Falou, tombando a cabeça de lado e me lançando um sorrisinho travesso.
—Que pena, porque eu teria aceitado. Uma pena que não esteja. —Afirmei, umedecendo os lábios com a língua, enquanto Cold me analisava com uma expressão pensativa, como se não soubesse se eu estava mesmo falando sério.
—Talvez seja um pedido de casamento. —Sussurrou, inclinando o rosto para perto do meu, até nossas respirações se misturarem. —Você realmente aceitaria?
—Sim. Com toda certeza, sim! —E Cold me beijou de novo, sobre a areia macia e a imensidão do mar azul atrás de nós.
~~Fim!~~
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Em Destruição
General FictionO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...