Capítulo 25: Lá fora não existem câmeras.

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Não demorou para o presidente chegar e a notícia correr pelos corredores. Eu estava em uma das salas de treinamento, tentando acertar o alvo a alguns metros com uma pistola, quando Gates entrou e atravessou a sala para sussurrar com Neo. Segundos depois meus colegas já estavam sussurrando sobre a chegada do presidente e que Cold havia encontrado o soldado que estava de guarda durante à noite, mas que havia desaparecido. Agora todos faziam teorias sobre o que iria acontecer.

—Ele vai ser morto. —Ethan falou, chegando ao meu lado quando parei de atirar para recarregar a arma. Olhei pra ele, erguendo as sobrancelhas ao ouvi-lo afirmar aquilo. —Sawyer falou que o soldado não havia sido atacado pelos rebeldes e que ele os ajudou. Alguém o encontrou tentando fugir do complexo algumas horas atrás.

—Tentamos fugir e não estamos mortos. —Afirmei, falando o mais baixo que conseguia, para que os outros não ouvisse. —Será que Eliot não está certo? Será que eles não estão mesmo nós deixando aqui, só pra saber se não temos ligações com os rebeldes, já que fomos pegos sumido. —Me inclinei para mais perto do meu irmão, vendo a expressão dele endurecer com aquela possibilidade. —Sei que estamos evitando falar disso todos esses dias, mas não podemos ignorar que alguém aqui de dentro ajudou nossa mãe aquele dia, Ethan. Ela tinha um comunicador e alguém abriu aquela porta pra gente.

—E o que quer fazer? Descobrir quem é a pessoa? —Ethan questionou, com um tom rude que me fez bufar em frustração. —Estamos aqui a duas semanas, Hannah. Quem quer que seja que ajudou nossa mãe aquele dia, sabia nossos nomes. Se conseguiu ter acesso ao sistema das portas, também pode saber que nós dois estamos aqui. Se não veio atrás de nós, algum motivo tem. Não vamos mexer em algo que pode nos ferrar aqui dentro.

—Não foi isso que eu quis dizer. Eu só... —Parei de falar quando Gates chegou ao nosso lado, com o sarcasmo escorrendo pelos olhos quando olhou de Ethan pra mim. Os lábios se curvando pra cima em um sorriso falso.

—O que vocês dois tanto sussurram, hein? —Indagou, fazendo Ethan e eu trocarmos um olhar demorado. Ele não era pior que Neo e ficava quieto na maior parte das vezes, mas era um filha da puta, como Sawyer mesmo disse. Os cabelos repicados e as tatuagens que cobriam os braços largos e o pescoço davam a ele um ar sério e arrogante. —Talvez queiram compartilhar com o restante de nós.

—Talvez você queira cuidar da sua vida. —Rebati, vendo uma veia saltar na testa de Gates, antes de ele me olhar de cima a baixo, com os lábios se repuxando em um sorriso malicioso.

—Sua irmã tem uma língua muito solta, Hawking. Talvez você queira educá-la. —Ethan ficou rígido na minha frente e eu o segurei, porque sabia o que Gates estava fazendo. —Ou eu mesmo posso fazer isso. Seria uma delicia colocar minhas mãos nela.

—Ethan, não! —Segurei seu braço quando ele fez menção de ir pra cima de Gates, vendo o sorriso que se abria nos lábios de Neo ao observar tudo. Meu sangue ferveu, enquanto minhas mãos formigavam para bater nos dois. Mas era exatamente isso que eles queriam, que brigássemos primeiro na frente de todos, para sermos punidos por indisciplina. —Todo mundo sabe que o Gates gosta de dar um de machão, mas que não tem coragem pra fazer nada do que fala.

Gates trincou os dentes, me lançando um olhar tão furioso que eu senti que ele estava prestes a vir pra cima de mim. Mas Neo chegou antes, empurrando-o para longe, enquanto eu cerrava meus punhos, me preparando para o que quer que ele pretendesse fazer. Mas Neo apenas me encarou, balançando a cabeça negativamente por um segundo longo e interminável.

—Já que vocês dois estão mais interessados em conversar do que treinar, podem se retirar. —Neo mandou, apontando para a porta como se estivesse falando com dois cachorros. —E só voltem quando servirem de alguma coisa.

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