Eu e Eliot caminhamos pelos corredores silenciosos, notando que o som de tiros estava diminuindo, até não haver mais nenhum. Me perguntei se isso significava que tínhamos ganhado, mas ainda não havia recebido qualquer aviso de Ryder e muito menos de Cold. Tinha medo de algo ter dado errado com um dos dois, mas estava tentando manter qualquer pingo de sanidade.
Eliot tocou meu braço quando viramos em outro corredor, nos deparando com um mar de corpos de soldados. O cheiro de sangue fez meu estômago se revirar por completo, enquanto o peso da morte de todos eles fazia meus ombros caírem em frustração. Queria poder salvar todos eles, mas sempre haveria alguém para ficar ao lado do presidente, mesmo ele estando completamente errado. Neo era a prova disso.
Em meio a todos os caídos, eu e Eliot encontramos Gates, completamente imóvel e de olhos fechados. Mas sua mão estava pressionando o ferimento na barriga com força o suficiente para os seus dedos ficarem brancos e nos dar certeza que ele ainda estava vivo. Eu e Eliot nos aproximamos, antes de nós abaixarmos ao lado de Gates, o que o fez abrir os olhos.
—Ah! —Gates revirou os olhos e bufou, com o rosto mais branco que um papel, assim que encarou nós dois. —Se eu tô olhando pra cara de vocês dois, é porque eu morri e fui direto pro inferno.
Eliot riu, enquanto eu balançava a cabeça negativamente, sem acreditar que até mesmo naquele momento Gates agia daquela forma. Gates fez uma careta para Eliot, como se sua risada naquele momento o ofendesse. Mas depois voltou a fechar os olhos, pressionando os lábios, enquanto a mandíbula se contraia como se ele estivesse com dor.
—Bom... —Eliot olhou pra mim, dando de ombros, com um sorriso nos lábios. —Pelo menos a gente sabe que ele está bem.
—Vamos sair daqui. —Afirmei, abrindo um sorriso fraco ao segurar o braço de Gates, enquanto Eliot fazia o mesmo. Gates gemeu de dor quando o colocamos sentado no chão, parecendo ficar tonto, ainda tentando conter o sangramento.
—Por que voltaram? —Indagou, escorando a cabeça no meu ombro, como se não suportasse mais o peso dela. —Pensei que todo mundo ia comemorar lá fora quando tudo isso acabasse...
—E que íamos deixar você aqui pra morrer sozinho? —O olhei, vendo Gates apenas fechar os olhos e soltar um suspiro cansado, com os próprios lábios brancos. —Sabe, era uma ideia muito tentadora mesmo. Mas não deixamos nenhum dos nossos para trás. —Afirmei, acenando para Eliot e nós erguemos Gates com dificuldade, escutando os barulhos que cortavam a sua boca, de pura dor. Segurei a mão dele que estava sobre o ferimento, o ajudando a pressionar o sangramento. —Apenas respire e aguente mais um pouco, Gates. Você fez um ótimo trabalho até aqui.
Ele não respondeu, mas o vi acenar com a cabeça com dificuldade, antes de Eliot e eu o carregarmos com cuidado para fora dali, procurando por qualquer um que pudesse o ajudar.
[...]
Eu e Eliot deixamos Gates na Zona Hospitalar, sendo cuidado por alguns médicos e enfermeiros que ainda estavam lá, enquanto os outros se espalhavam pelo restante do complexo, tentando encontrar e ajudar todos os feridos. Ainda servia um obrigado a Gates, mas tinha quase certeza de que assim que eu falasse com ele, ele me mostraria o dedo do meio.
Assim que passei pelas portas para o pátio externo, vi a destruição e o caos que havia ficado ali. A maioria dos soldados já havia se rendido e o ataque tinha parado a alguns poucos minutos. Olhei para o outro lado do pátio, vendo a silhueta de Ryder ao lado de Lara. Ele abriu um sorriso assim que me viu e veio na minha direção, enquanto eu corria até ele.
—Você está bem? Achou sua mãe? —Questionou, enquanto me abraçava apertado e eu balancei a cabeça afirmativamente, sentindo a felicidade crescer dentro de mim. —Esta tudo bem agora. Acabou. O presidente está morto.
—Você está bem? —Me afastei para observá-lo e ele assentiu com a cabeça, ainda sorrindo. Alívio tomou conta do meu peito ao vê-lo ali, bem na minha frente, completamente bem e seguro —Eu preciso te apresentar a minha mãe. Ela estava perguntando de você e quer muito te conhecer.
Parei quando Ethan se aproximou de nós dois e olhou de mim para Ryder. A indiferença entre eles não estava mais ali, mas a tensão sim, como se os dois ainda não soubessem como agir um com o outro. Mas eu podia ver o alívio no rosto de Ethan, como se ele também estivesse feliz por vê-lo bem e inteiro.
—Deu certo? —Ethan questionou, com as mãos fechadas em punho ao lado do corpo, parecendo estar segurando várias coisas dentro de si naquele momento.
—Sim. Eu mesmo me certifiquei que ele não voltará dos mortos. —Ryder afirmou e Ethan assentiu com a cabeça. Os dois se encaram por um segundo até Ryder soltar uma risada. —Vem cá, cara.
Ethan soltou uma risada quando Ryder o puxou para um abraço, fazendo meu coração praticamente se derreter quando percebi que meus dois irmãos estavam finalmente se dando bem. O abraço deles foi rápido, fazendo a tensão desaparecer no mesmo instante.
—Ryder? Onde o Cold está? —Questionei, olhando ao redor, me dando conta de que Cold não estava em nenhum lugar do pátio. O sorriso que estava no meu rosto sumiu, enquanto o medo esmagava meu coração, com a possibilidade de alguma coisa ter acontecido com ele. —Ele está bem, não está?
—Hannah, ele... —Ryder parou de falar quando um chiado invadiu todos os alto-falantes, chamando a atenção dos soldados e rebeldes que estavam por ali.
—Atenção, aqui quem fala é Cold Andrews. O presidente está morto. —Declarou, com a voz ecoando pelos auto-falantes. —Repetindo, o presidente está morto... Abram os portões. Derrubem as cercas de contenção. —Olhei para Ryder e Ethan ao meu lado, abrindo um sorriso largo e abraçando os dois. —Hoje damos início a uma nova era... Vamos construir uma nova nação juntos.
Epílogo...
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Em Destruição
Ficção GeralO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...