Eliot hesitou. A arma abaixando na mesma hora. O outro soldado estava olhando pra nós, ainda com a arma erguida, mas estava longe demais para saber o que estava acontecendo ali, apesar de poder imaginar que estávamos fugindo. Aquilo me deixou mais nervosa ainda, sem saber como Eliot iria reagir a tudo.
—O que vocês estão fazendo? —Eliot questionou, se aproximando mais ainda, sem qualquer menção de nós ameaçar ou apontar aquela arma pra nós de novo. Mas o fato de estar segurando uma me deixava inquieta. —Por que estão aqui fora?
—Fomos convocados. —Falei, vendo a expressão dele se suavizar mais ainda quando me ouviu e me olhou, soltando um suspiro baixo.
—Eu sei, gatinha. Vocês deveriam estar junto com os outros e não aqui. Tem noção da encrenca em que se meteram? —Indagou, balançando a cabeça negativamente, antes de olhar de relance para o soldado que estava mais atrás. —E me meteram também, porque não posso apontar uma arma pra vocês.
—Não posso deixá-los ir para aquele lugar, Eliot. —Minha mãe deu um passo à frente, com uma expressão suplicante para o nosso amigo. Toda a determinação dela havia sumido e dado lugar a desespero de novo. —Temos que sair daqui. Por favor, nos ajude.
—Eu...
—O que está acontecendo aí, Ward? —O outro soldado gritou, dando uns passos para mais perto de onde estávamos, parecendo desconfiado. Eliot olhou dele para nós, parecendo completamente perdido por alguns segundos. —Preciso chamar reforço?
—Não era assim que eu esperava morrer, sabiam? —Eliot resmungou, soando mais sarcástico do que irritado ou preocupado, antes de se virar para o outro. —Tudo sobre controle. Apenas espere aí!
—O que está acontecendo? —O soldado fez menção de puxar o comunicador, provavelmente desconfiando não só de nós, mas de Eliot também. —Prenda todos eles. Vou chamar reforços.
—Eliot? —Ethan o chamou, fazendo-o girar a cabeça e encarar meu irmão, parecendo não saber o que fazer naquele momento. Ele disse que não apontaria uma arma pra nós, mas isso não significava que ele não poderia mudar de ideia se estivesse sobre pressão. —Cara, por favor...
—Vocês vão me explicar essa merda depois e é melhor terem um lugar pra mim onde pretendem ir. —Afirmou, me fazendo soltar uma risada nervosa com o tom brincalhão na voz dele, em um momento tão sério como aquele. —Corram lá pra fora e não esperem por mim. Isso aqui está prestes a virar o caos.
—O que vai fazer? —Indaguei, vendo Ethan cruzar o espaço entre nós e agarrar meu braço e o de nossa mãe. Eliot sorriu, puxando a trava da arma.
—Começar a festa. —Ele se virou e atirou na direção do outro soldado, fazendo meu coração disparar. Não tive tempo de absorver aquilo, porque Ethan já estava me arrastando para fora daquele galpão, enquanto um aviso sonoro disparava no complexo no mesmo instante que mais tiros eram dados, tanto por Eliot como pelo outro soldado.
Soltei um grito quando senti uma bala passar raspando pela minha perna, enquanto corríamos até as portas do galpão. Ethan nos soltou quando a alcançamos, agarrando a corrente que o prendia, com um cadeado, antes de soltar um palavrão. Minha mãe apertava aquele rastreador sem parar, enquanto Eliot corria na nossa direção praticamente de costas, atirando sempre que um novo soldado surgia e atirava na nossa direção.
—Abaixem as cabeças! —Gritou, soltando um xingamento quando uma bala atingiu de raspão o braço dele. O medo borbulhou no meu sangue quando mais soldados apareceram, mirando e atirando na nossa direção. Ethan ainda tentava abrir as portas, se chocando contra elas junto com a nossa mãe. O tempo pareceu desacelerar quando Eliot foi atingido por um tiro na perna e a arma caiu das suas mãos.
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Em Destruição
Fiction généraleO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...