Capítulo 74: Senti sua falta.

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Me afastei de Cold, ouvindo meu próprio coração batendo na minha cabeça, enquanto tentava absorver toda aquela informação. Tinha pensado em Gates o tempo todo. Tinha imaginado que ele era o Traidor depois de tudo que ele fez.

—Não pode ser. —Sussurrei, agarrando meus cabelos, me sentindo completamente perdida naquele momento.

—Mas é. —Cold rebateu, soltando uma risada sarcástica. —Foi eu o tempo todo, Hannah. Quando saímos eu deixava claro que queria Tyler junto, porque sabia que ele era seu irmão. Quando fomos naquela missão, não pensei duas vezes antes de colocá-lo ao seu lado. Eu coloquei Ethan no mesmo dormitório que Tyler, porque sempre soube quem ele era de verdade. —Cold ficou de pé, parecendo uma pessoa completamente diferente do que eu imaginava. —Eliot fingir estar com o pé quebrado também foi coisa minha. Eu sabia que se algo desse errado, ninguém desconfiaria do cara da muleta. Além disso, ele é seu amigo. Eu tinha certeza absoluta que na primeira merda que acontecesse, ele correria até os rebeldes para tentar te ajudar.

Cold começou a se aproximar de mim e eu a me afastar, até minhas costas baterem em uma das paredes do quarto. Meus dedos se fecharam no tecido da camiseta, enquanto Cold parava na minha frente, praticamente me engolindo com aqueles olhos quentes.

—Laís também era apenas outra peça do meu jogo. Ela descobriu que eu era o Traidor a algum tempo. Eu quase a matei pensando que ela me entregaria. No final, nós acabamos nos tornando aliados. —Prosseguiu, com os olhos fixos nos meus, sem nem mesmo piscar. —Eu precisava que ela ficasse de olho em tudo que acontecia ao redor de você quando eu não estivesse por perto.

—E Gates? —Indaguei, vendo Cold tombar a cabeça de lado. —Onde Gates entra nisso tudo? Ele me avisou sobre o presidente. Ele correu pra ajudar você quando eu o avisei que você tinha levado um tiro.

—Gates tem uma história interessante. Ele era um órfão, da Zona Civil, e foi um dos poucos jovens a ser trazido de lá até a Zona Militar, sem parar por outra zona de contenção antes. Ele odiava isso aqui. Desde o início ele arrumava confusão, destruía e sabotava coisas e chamava mais atenção do que deveria. —Cold balançou a cabeça negativamente, como se Gates tivesse dado muito trabalho a ele. —Ele fez amizade com Neo e aquele bando de babacas com muita facilidade. Mas era só um disfarce. Eu prestei atenção nele nos anos que ele passou aqui, vendo-o armar situações que fazia os soldados brigarem entre si. Ele fez dois dos seus colegas de dormitório se matarem por conta de um simples boato. Então, eu o chamei pra trabalhar comigo. Ele odiava esse lugar e eu prometi que se ele trabalhasse comigo, no final esse lugar deixaria de existir. Ele desconfiou de mim no início, mas quando o contei sobre ser o Traidor ele aceitou. Então eu o coloquei no mesmo dormitório que Tyler. Mais uma peça para eu usar como desejar.

—Você estava jogando com a gente o tempo todo? —Questionei, vendo Cold assentir, como se aquilo fosse algo tão natural pra ele.

—Estou tentando sobreviver como todo mundo. Mas enquanto os rebeldes querem apenas ajudar as pessoas e fugir para uma cidade no litoral... —Ele se aproximou mais até seu rosto ficar a centímetros do meu. —Eu vou ficar aqui até o final. Até eu derrubar a última peça.

—Isso não é um jogo, Cold.

—Pra mim é. Sempre foi. Estou jogando a mais tempo do que você ou qualquer um daqui pode imaginar. —Afirmou, enquanto meu corpo estremecia com a proximidade dele e a ansiedade borbulhava nas minhas veias. —Ajudei os rebeldes porque queria ver o presidente perder cada vez mais. Queria que ele entendesse que não é o rei desse lugar. E agora, só estou esperando o momento certo para derruba-lo de uma vez por todas.

—E depois vai virar o novo presidente? —Indaguei, arrancando uma risada amarga de Cold.

—Eu não ligo pra essa merda, Hannah. Pra esse complexo ou para as zonas de contenção. Isso aqui não é absolutamente nada pra mim, além de uma prisão. —Exclamou, enquanto eu engolia em seco, sentindo meu coração parar de bater quando ele ergueu as mãos e as colocou na parede ao lado do meu rosto. —Eu não me importo se no futuro vou ter que viver em um prédio abandonado. Mas eu não vou parar até ter ganhado esse jogo.

Eu virei o rosto, não conseguindo mais encarar Cold. Cada informação pesando na minha cabeça como uma bomba prestes a explodir. Eu imaginava como os rebeldes agiriam se soubessem que Cold é o Traidor, que os ajudou esse tempo todo.

—Você nos usou esse tempo todo como uma vingança contra o seu pai? —Questionei, piscando várias vezes antes de olhar nos olhos de Cold, desejando entender tudo aquilo.

—Sim. —Ele não hesitou em responder. —Não vou fingir que me importo com os rebeldes, porque na verdade, eu não ligava pra eles nem um pouco. Não me importaria se eles se destruíssem junto com o presidente. Pra mim, o que importava, era vê-lo perdendo tudo que tinha. —Cold usou a mão enfaixada para segurar meu rosto, o trazendo em direção ao dele. —Mas agora tem você. E eu me importo com você, Hannah. Me importo de verdade. Quero proteger você e quero que tenha um futuro bom o suficiente nesse mundo.

Fechei meus olhos, ouvindo aquelas palavras perfurando meu coração. Me lembrei de quando o vi caído, sangrando, quando pensei que ia perdê-lo. Quando senti que estava perdendo uma parte de mim junto com Cold. Eu o amava. Eu o amava a tanto tempo e havia sido tão fácil fingir que isso não estava acontecendo dentro de mim.

—Eu quero ficar com você, Hannah. Só eu e você. Como eu havia prometido, lembra? —Questionou, com os lábios roçando nos meus, fazendo uma eletricidade deliciosa correr pelo meu corpo.

—Quando tudo isso acabar? —Cold balançou a cabeça que sim, me devorando com os olhos quando tive coragem de encara-lo. —E o presidente?

—Vamos lutar juntos, até ele cair. —Afirmou, envolvendo meu rosto com as duas mãos. —E depois, vamos ter nossa liberdade juntos.

A boca dele encontrou a minha antes que eu tivesse a chance de responder. Os lábios devorando os meus enquanto sua língua mergulhava dentro da minha boca, me levando para um lugar bem longe dali. Me agarrei aos ombros dele, o puxando para mais perto de mim, até o corpo de Cold estar esmagando o meu contra a parede, fazendo uma faísca correr entre nós dois e iniciar um incêndio dentro de mim.

—Senti sua falta. —Cold sussurrou, deslizando as mãos por baixo da camiseta, deixando minha pele completamente arrepiada. Ele deu um único impulso, me erguendo até que minhas pernas estivessem ao redor do seu quadril. —Senti falta disso. —Ele me beijou com força e necessidade, mordendo meu lábio e tirando tudo que conseguia de mim em um único beijo. —E disso... —As mãos dele deslizaram pelo meu corpo, acariciando a linha da minha coluna, antes de descer para minha bunda. —Senti falta de fazer isso...

Meu rosto pegou fogo quando os dedos dele passaram pelo elástico da calcinha, antes dele apertar minha bunda, esfregando o quadril contra o meu, o que arrancou um gemido de nós dois, que foi engolido pelo nosso beijo afobado.

—Mas principalmente... —Ele afastou o rosto do meu. Nossas respirações aceleradas se cruzando, enquanto meu coração parecia que ia explodir em milhares de pedaços dentro do meu peito, quando ele segurou minha mão e colocou a palma sobre seu peito, onde eu podia sentir seu coração bater tão acelerado quanto o meu. Ele manteve minha mão ali, apertando minha mão contra seu coração. —Senti sua falta aqui.

Eu o beijei, pensando se amor era uma palavra pequena perto de tudo que eu estava sentindo naquele momento. Perto de tudo que eu sentia por ele.


Continua...

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