Capítulo 14: Eu me lembro de você.

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Cold perguntou por onde eu queria começar, o que me deixou um pouco surpresa. Deixei as armas de lado então, me lembrando do fato de ser menor e mais fraca ali, o que era uma coisa que eu tinha certeza de que precisava melhorar. Ele pareceu entender isso, me levando para uma das salas de treinamento que estavam vazias.

Haviam sacos de pancada pendurados em uma linha reta de um dos lados da sala, além de quatro tatames. Aquilo me deixou um pouco apreensiva, porque não estava nem um pouco ansiosa para lutar com alguém. Tinha certeza de que iria ser massacrada se tentasse. Mas Cold não parecia preocupado com isso, porque tirou a jaqueta que estava usando, ficando com uma camisa presa que caia bem demais nele, antes de dobrar as mangas até os cotovelos.

—Já bateu em alguém antes? —Indagou, caminhando até um dos tatames, antes de olhar pra mim e indicar com a cabeça que eu me aproximasse. Fiz isso, enquanto o olhava com cautela, sem saber o que esperar dele naquele momento.

—Sim. Dei um soco no olho de um garoto que tentou me beijar a força. —Afirmei, observando as sobrancelhas de Cold se unirem um pouco, antes dele assentir, ficando tão reto quanto uma estátua, deixando as mãos atrás das costas.

—Ficou roxo? —Questionou, e eu balancei a cabeça que sim, estranhando a pergunta. —Ótimo, significa que você tem força, o que é bom. Só precisa saber quanta força tem e aonde acertar o oponente, pra poder vencê-lo.

—Por que eu fui convocada se eu sou mais baixa que todo mundo aqui? —Indaguei, observando a expressão séria de Cold, como se ele não estivesse interessado em conversar sobre isso. —Sério, olha os meus braços. Meus ossos vão se quebrar se eu tentar dar um soco em um desses soldados que mais parecem uns brutamontes.

—Hannah! —Cold alertou, fazendo meu estômago dar um nó ao ouvi-lo me chamar pelo meu nome. —É exatamente por isso que você vai treinar, se exercitar e, principalmente, se alimentar direito. Isso vai fortalecer tanto seus ossos, quanto seus músculos. Precisa aprender a força que tem e aprendê-la a usar ao seu favor também. —Ele se aproximou de mim, me deixando um pouco nervosa quando começou a dar passos ao meu redor, me analisando. —Você é mais baixa, o que significa que precisa chegar mais perto do seu oponente se quiser acerta-lo no ponto certo. A garganta é um bom lugar, além das pernas, se quiser o colocar no chão.

Ergui a cabeça quando ele parou na minha frente de novo, só que dessa vez muito mais perto. Por um segundo, fui levada para aquele pátio, o ouvindo rebater aquele soldado para me defender. Agora tudo aquilo fazia sentido. Sabia porque Neo e o outro soldado se encolheram quando ele apareceu e então foram embora. Quanto mais eu pensava naquele dia, mais eu achava que era uma ilusão da minha cabeça.

—Podemos tentar? —Perguntou, me fazendo balançar a cabeça que sim, mesmo que eu estivesse com dúvidas sobre aquilo. —Muito bem, então tente me dar um soco.

—O que? —Soltei uma respiração pesada, vendo-o colocar as mãos nas costas de novo, deixando o rosto tão perto de mim que era realmente possível eu acerta-lo dali.

—Tente me dar um soco. —Repetiu, me fazendo morder o interior da bochecha e hesitar, fechando as mãos em punho antes de balançá-las ao lado do meu corpo, sentindo a ansiedade queimando nas minhas veias.

—Todos os recrutados foram treinados assim?

—Você não é os outros recrutados. —A mandíbula de Cold se contraiu quando ele falou, parecendo impaciente. —Mas se quer saber, não, eles não foram treinados assim. Eles tiveram todo um processo de iniciação. Mas você está atrasada uma semana, então eu vou pular direto para a prática e fazê-la tentar até se cansar, ou até conseguir me machucar. —Ele me lançou um olhar penetrante que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, além do meu coração dar um salto no peito. —Agora tente me dar um soco.

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