Os dias seguintes passaram silenciosos e estranhos. Voltei para o treinamento quando minha perna já estava melhor, me esforçando para melhorar o máximo possível. Parei de perder qualquer refeição, sabendo que precisava me alimentar bem se quisesse ficar forte o suficiente para ganhar no corpo a corpo com alguém. Ethan se dedicava a me ajudar a ser melhor, assim como Sawyer, que costumava me dar algumas dicas de como vencer alguém do tamanho dele, quando estávamos só nós três no dormitório deles.
Vi Cold algumas vezes nesses dias, mas sempre desviava os olhos quando ele se aproximava e evitava ao máximo chegar perto dele ou precisar falar com ele. Eu estava agindo assim como qualquer outro soldado, que abaixava a cabeça e aguardava as ordens dele, apesar de ele nunca dirigir nenhuma palavra na minha direção também. Talvez nós dois concordássemos em como isso era uma merda completa no final das contas.
—E aí, gatinha? —Eliot se sentou na minha frente no refeitório, se atrapalhando com aquelas muletas. Fiz uma careta pra ele, observando-o começar a devorar o café da manhã. —Você anda um pouco quieta esses últimos dias. Está tudo bem?
—Está tentando juntar informações sobre a minha vida pra fazer fofoca por aí? —Indaguei, arrancando uma gargalhada dele.
—Eu não faço fofoca sobre você ou sobre Ethan. Na verdade, só faço sobre as pessoas que eu não gosto. —Ele deu de ombros, piscando pra mim quando eu ri, balançando a cabeça negativamente antes de encarar minha bandeja de comida. —Mas, sério, o que está rolando? Você tem treinado como o diabo nos últimos dias. Está fazendo até mesmo Sawyer te dar algumas dicas quando estão no dormitório.
—Ela aprende rápido, sabia? —Sawyer apareceu na mesma hora, se sentando ao meu lado com sua bandeja de comida. —E tem evoluído bastante nos últimos dias.
—A intenção é essa. —Afirmei, abrindo um sorriso confiante. —Sawyer é uma parede enorme perto de mim. Se eu conseguir lutar com ele corpo a corpo, então posso lutar com qualquer um. —Dei uma cotovelada de leve nele. —Além de ele ser um ótimo professor.
—Obrigada. Você é minha aluna favorita. —Falou, me arrancando uma gargalhada quando se inclinou e beijou minha bochecha.
—Estou me sentindo trocado! —Eliot exclamou, olhando para nós dois. —Eu sou seu melhor amigo. Eu deveria estar te ajudando nos treinamentos.
—Você não está conseguindo nem se ajudar, Eliot! —Sawyer apontou para as muletas. —Quanto tempo você vai ter que ficar com isso aí?
—O médico disse de 8 a 12 semanas. —Eliot revirou os olhos e bufou, como se odiasse aquela informação. —É uma merda sabia? Me sinto um idiota andando com isso por aí, enquanto todo mundo pode ir treinar, menos eu.
—Tyler também não está treinando. —O lembrei, abrindo um sorriso. —Inclusive, ele vai receber alta hoje a noite. Podemos ir busca-lo no setor 1, o que vocês acham? Não tenho certeza se ele recebeu mais visitas além de mim lá.
Eu fui o visitar muitas vezes nesses dias que ele esteve internado, passando algumas horas conversando com ele. Tyler era silencioso e não revelava muito sobre si mesmo na maior parte do tempo, se ocupando em me fazer perguntas e ouvir tudo que eu tinha pra contar sobre minha vida. Mas mesmo assim eu gostava. Sentia que ele era um dos poucos amigos que fiz de verdade naquele lugar.
—Do que estão falando? —Laís se sentou ao lado de Sawyer, enquanto eu ficava rígida na cadeira.
—Do quanto você é linda, raio da minha vida. —Eliot murmurou, abrindo um sorriso enorme que iluminou todo seu rosto quando encarou Laís, enquanto ela revirava os olhos. Desviei os olhos para minha comida, pronta para ignorar todo o clima esquisito que ficou no ar. —É impressão minha, ou vocês duas não estão se falando?
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Em Destruição
General FictionO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...