Fiquei imóvel no chão, ouvindo o barulho dos destroços caindo, enquanto meu corpo tremia violentamente com uma pontada de dor nas pernas. Quando tudo finalmente parou, eu podia ouvir meu coração batendo na minha garganta, enquanto meus olhos ardiam pela quantidade de poeira que havia se erguido no ar. Meus olhos se abriram aos poucos, observando o corredor escuro, antes de eu olhar por cima do ombro e ver o corredor frechado com os destroços da explosão.
—Hannah! —O grito de Tyler me fez soltar um suspiro de alivio, enquanto tentava me livrar dos pedaços que haviam caído em cima de mim, para ficar de pé. —Hannah? Por favor, fala comigo!
—Eu estou bem! —Gritei de volta, trincando os dentes quando puxei minhas pernas, sentindo uma fisgada de dor que me tirou o fôlego, antes de eu conseguir me sentar no chão, vendo o rasgo na minha calça e o corpo fundo na minha pele, imundo e manchado de sangue. —Machuquei minha perna, mas estou bem!
—Eu já mandei um sinal para os outros pedindo ajuda. —Tyler afirmou, enquanto eu arrancava um pedaço da minha camiseta para enrolar no ferimento na minha perna, sentindo o suor escorrer pela minha testa quando o calor se concentrou ali, latejando e queimando, quanto mais sangue saia. —Vou dar a volta para chegar até você. Fique ai, está bem? Eu não vou demorar.
—Tudo bem. —Soltei um suspiro pesado, esfregando meu rosto com força, antes de olhar para o corredor trancado e depois para o outro, tão silencioso e escuro, que fez os pelos do meu corpo se arrepiarem. Me arrastei até onde a arma havia caído, fazendo uma careta quando vi o comunicador destruído. Se antes eu já achava que o mundo estava contra mim, agora eu tinha certeza absoluta.
Fiquei rígida, apertando as mãos ao redor da arma quando ouvi o barulho do que pareciam ser passos se aproximando. O sangue gelou nas minhas veias, enquanto a ansiedade deixava meus músculos dormentes. Mas me obriguei a ficar de pé, cambaleando até a parede mais próxima quando minha cabeça pesou e a minha visão escureceu por um segundo. Não podia me dar ao luxo de desmaiar naquele momento, quando minha vida estava literalmente em jogo ali.
Comecei a caminhar, mantendo a arma erguida para que pudesse atirar se fosse necessário, enquanto procurava qualquer lugar para me esconder. Cada passo era dolorido, com minha perna machucada mais se arrastando do que qualquer outra coisa. O gosto amargo invadindo minha boca, como se meu estômago soubesse que alguma coisa estava errada. Olhei pra trás quando as paredes estremeceram ao meu redor, se rachando como se tivessem se preparando para desabar.
—Não, não, não... —Andei mais rápido, apertando a mandíbula para não gritar com as fisgadas que tomavam minha perna, me roubando cada fôlego.
Virei em um corredor, mirando a arma dos dois lados antes de entrar em uma sala e me escorar na parede, pressionando a arma contra meu peito, enquanto o sentia subir e descer com força. Os passos no corredor se aproximaram, me obrigando a me esconder na parte mais escura da sala, atrás de alguns móveis caídos. O sangue latejando na minha testa quando ouvi as vozes baixas, que certamente não eram de um soldado. Podia ver meu pontinho solitário no mapa, piscando em vermelho, que deixava claro que eu estava sozinha.
—Não tem ninguém aqui. —Uma voz masculina resmungou, com os passos ficando mais próximos até pararem. —Deve ter morrido soterrado ou ficado pro outro lado.
—Vamos dar a volta e checar. —Outra voz resmungou, mais grossa e firme que a outra. —Diga para os outros matarem qualquer um que encontrarem. Sem mais prisioneiros por aqui. Eles só nos trouxeram problemas.
Os passos começaram a se afastar, me fazendo soltar um suspiro aliviado, mesmo que o medo ainda corroesse minhas veias. Minha perna formigando, enquanto a faixa que eu havia amarrado sobre o ferimento já estava ensopada de sangue, escorrendo até o chão. Torci para não ter deixado um rastro pelo caminho e que eles não notassem, porque duvidava muito que tinha alguma chance com eles.
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Em Destruição
Ficção GeralO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...