Me preparei para dizer alguma coisa pra ela, sendo pega de surpresa quando ela se inclinou e me abraçou. Cold soltou minha mão quando ela fez isso, mas ainda estava sorrindo enquanto olhava pra nós duas.
—É um prazer enorme conhecê-la, Hannah. —Ela se afastou, segurando minhas mãos, enquanto soava tão genuinamente feliz por me conhecer. —Cold nunca trouxe ninguém até aqui, então tenho certeza de que é importante.
—Ah, eu... —Senti meu rosto esquentar, porque não sabia bem como reagir aquilo. —É um prazer conhecê-la também.
—Hannah ainda é uma novata por aqui. Foi convocada ainda esse ano. —Cold afirmou, como se quisesse explicar o porquê de nunca ter me trazido até ali.
Mas eu só conseguir pensar em como eu havia sido a primeira a entrar no seu apartamento, depois do que Eliot disse, e que agora Cold estava me trazendo para conhecer sua madrasta. Ela havia se afastado de mim para abraçar Cold também. O primeiro momento que o vejo demonstrar qualquer sentimento por outra pessoa. Sendo sua mãe ou não, ele era próximo de Amber. Não tinha dúvidas que por aquela foto no seu apartamento, ela o havia criado.
—Estava esperando o momento que alguém iria amolecer isso aqui. —Amber tocou o peito de Cold, piscando pra ele antes de se afastar para se sentar.
O presidente nos observava com uma diversão esquisita. Vi os olhos dele passearem pela esposa enquanto ela se sentava de frente para Cold, olhando para qualquer lugar daquela mesa, menos pra ele. Cold puxou a cadeira para que eu me sentasse também, se ajeitando ao meu lado, mas com os olhos em Amber, assim como o pai.
—Agora que minha esposa se juntou a nós e as apresentações terminaram, vamos pedir para servirem o jantar. —O presidente estalou os dedos para um dos funcionários na entrada da sala.
Ninguém o respondeu e Amber continuou sem dirigir os olhos na direção do marido. Engoli em seco, encarando meu prato vazio, percebendo que seria uma longa noite.
[...]
—Então, Srta. Hawking, como anda o treinamento? —O presidente indagou, enquanto a comida parecia uma pedra de gelo na minha boca toda vez que eu mastigava. —Soube que foi a senhorita e seu irmão que prenderam aquela rebelde. Estávamos atrás dela há um bom tempo, então não posso deixar de agradecê-la por isso.
—Sim, foi eu e meu irmão. Foi um acaso, na verdade. —Falei, sentindo minha língua pesada quando ergui a cabeça para encarar o presidente. —Tivemos sorte de encontrá-la quando estávamos levando um civil para fora do setor 2.
—E esse machucado no seu rosto? —Amber se inclinou-se obre a mesa, indicando o corte na minha sobrancelha, um pouco roxo também, do último treinamento onde levei alguns bons socos no rosto.
—Apenas marcas do treinamento. —Dei de ombros, abrindo um sorriso pra ela. Mas Amber comprimiu os lábios, como se não gostasse nem um pouco disso.
—Esses treinamentos estão cada vez mais agressivos e pesados. —Ela estalou a língua, negando com a cabeça. —Não me admira onde estamos chegando com isso.
—Amber. —O presidente lançou um olhar afiado na direção dela, apesar do nome ter saído de forma calma dos seus lábios. —Se formos levianos com nossos soldados, eles vão ser facilmente mortos em um ataque. Quanto mais agressivo o treinamento, mais eles aprendem a fazer o serviço direito.
Amber o ignorou, limpando o canto dos lábios com um guardanapo. Por um segundo fiquei com pena dela, porque não conseguia imaginar como era ser casada com alguém como o presidente. A forma como ele olhava pra ela e falava, como se ela fosse sua posse e não sua esposa.
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Em Destruição
General FictionO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...