Meu coração parou de bater dentro do meu peito, enquanto eu observava a expressão de Cold se iluminar, como se ele estivesse feliz por me ver ali. O que era impossível. Era uma mentira tão grande quanto as outras que ele havia contado pra mim antes. Mas ele estava ali, abaixando a arma e me olhando como se não existisse mais nada no mundo, com um sorriso se abrindo nos lábios.
—Isso é engraçado para você? —Questionei, ainda apontando a arma pra ele, sentindo meu coração se contrair ao encarar aqueles olhos verdes de novo, depois de tudo que aconteceu. —Brincar com os sentimentos dos outros? Enganar e mentir?
—Acha que eu estava fingindo esse tempo todo? —Cold indagou, dando alguns passos cautelosos na minha direção. Não respondi, porque estava mais ocupada tentando controlar os meus sentimentos, que ameaçavam esmagar meu coração naquele momento, quando Cold parou de andar no instante que a arma tocou o seu peito. —Se é isso que pensa, Hannah, então atire em mim. Mas não esqueça que eu e você nos conhecemos antes de tudo isso começar. Antes de eu sequer saber quem você era de verdade.
Engoli o nó que se formou na minha garganta, balançando a cabeça negativamente, enquanto apertava aquela arma com força entre minhas mãos. Mesmo que não tivesse mais balas, Cold não sabia disso.
—E isso muda o que, exatamente? —Questionei, com minha voz saindo mais baixa do que eu esperava. —Você descobriu quem eu era depois que eu tentei fugir, não é? Depois que encontrou aquele rastreador. Então o que isso muda, se você ainda estava fazendo o que seu pai mandou? Você ainda estava fingindo a porcaria do tempo todo. Nada foi real a partir do momento que coloquei meus pés nesse lugar!
—Mas é real, Hannah. —Cold rebateu, soando tão confiante que meu sangue ferveu de raiva. —Eu não estava fingindo com você. Acha mesmo que eu dormiria com você, sendo que minha obrigação era apenas te vigiar? Eu fiz isso porque eu queria e não por fingimento! —Exclamou, soltando uma risada fraca quando dei um passo para trás, estremecendo com as palavras dele. —Eu me apaixonei por você, Hannah... Esse tempo todo, tudo que eu tenho feito é tentar proteger você, porque eu me apaixonei!
—E por que não me contou sobre Ryder e sobre todo o resto? —Questionei, ouvindo o som do meu coração martelando dentro do meu peito, sentindo aquelas palavras dele me acertarem como um tapa. —Como espera que eu acredite em você, sendo que você sabia sobre tudo isso o tempo todo e não me falou absolutamente nada?
—Eu estava tentando te proteger! —Cold insistiu, passando as mãos nos cabelos como se estivesse frustrado. —O que acha que meu pai faria se soubesse que você tinha conhecimento de tudo? Isso que aconteceu com você e Ethan teria ocorrido muito antes, Hannah!
—Você apontou uma arma pra cabeça do meu irmão! —Exclamei, empurrando o cano da arma que eu segurava contra o peito de Ethan, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. —Você ia atirar nele!
—Não, eu não aí, porque eu tinha certeza de que você iria falar. Eu tinha certeza de que você faria qualquer coisa por Ethan, então foi fácil demais apontar a arma pra ele sabendo que eu não ia precisar puxar o gatilho. —A voz de Cold saiu baixa e controlada, enquanto eu via e sentia toda a tensão que exalava dele. —A única coisa que eu errei, Hannah, foi em ter colocado o seu nome naquela lista. Porque se eu não tivesse feito isso, Ethan teria sido recrutado sozinho e sua mãe não tentaria fugir. Você estaria segura, porque o presidente ia continuar sem saber onde você estava. —Afirmou, erguendo a mão para segurar o cano da arma, podendo sentir o quanto eu estava tremendo naquele momento. —Você não faz ideia do que eu senti quando descobri quem você era. Quando tive que ouvir da boca do presidente que Hannah Hawking era uma farsa!
Fechei meus olhos com força, sentindo o calor das lágrimas nas minhas bochechas, assim como a dor que tomava conta do meu peito, sem fazer ideia do que pensar naquele instante. Eu estava tão perdida e tão cansada, que eu só queria que tudo aquilo acabasse logo. Eu só queria desaparecer do mundo naquele momento.
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Em Destruição
Художественная прозаO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...