Abri os olhos sentindo a pior dor de cabeça do mundo. Meus ossos pareciam estar fora do lugar, porque tudo latejava e doía. Minha cabeça girava, fazendo meus olhos pesarem e minha visão ficar embaçada. Levei a mão até minha testa, tentando me lembrar do que havia acontecido e porque eu estava sentindo que havia sido revirada de dentro pra fora.
Quando olhei ao redor, me dei conta de que não reconhecia o quarto em que eu estava. Não era meu dormitório ou o dormitório de Ethan, assim como não era aquele quarto branco e esquisito da Zona Hospitalar. Tudo ali era elegante, com uma cama de casal grande, com um edredom preto macio embaixo de mim, além de travesseiros brancos tão macios que parecia que minha cabeça estava deitada nas nuvens.
Tentei me levantar, querendo descobrir aonde eu estava e voltar pro meu próprio dormitório. Minha cabeça girou quando fiquei de pé, antes do meu corpo ir pra frente e eu cair de joelhos no chão, soltando um grunhido de frustração quando minha cabeça latejou tanto que parecia que estava prestes a explodir, fazendo meu estômago se revirar.
—Hannah? —Escutei a voz de Cold, além de ver a porta se abrindo na minha frente, por onde ele passou, vindo apressadamente na minha direção quando notou que eu estava no chão. —O que está fazendo?
—Eu só... —Meu coração chegou a garganta quando ele me pegou nos braços e me ergueu. Meu rosto bateu contra seu ombro, enquanto o calor se espalhava pelo meu rosto quando ele me levou de volta pra cama, me soltando ali com um cuidado de partir o coração. —Onde eu estou? Por que você está aqui? O que aconteceu?
Ele riu, se afastando quando eu já estava confortável na cama, mesmo que meus olhos estivessem arregalados e meu coração batesse tão rápido, que eu tinha certeza que teria um ataque do coração a qualquer segundo.
—Esse é meu quarto. Você levou uma surra e tanto de Neo e eu te trouxe pra cá. Estava tentando cuidar de você, antes de encontrá-la caída da cama. —Comentou, como se tudo aquilo fosse tão natural. Como se falar que estava cuidando de mim não soasse tão bizarro pra ele, como soava pra mim. —Não se preocupe com Neo. Já cuidei disso.
—O que? —Fiz uma careta, sentindo meu peito se apertar quando tentei imaginar o que ele teria feito com Neo. Mas preferi espantar qualquer pensamento relacionado a isso, porque Neo merecia qualquer coisa que Cold tivesse feito com ele. —Por que me trouxe pra cá e não pro setor 1?
—Porque eu quis. —Foi a resposta dele, enquanto me estendia um comprimido de remédio e um copo de água. —Beba. Imagino que está com dor. Isso vai ajudar.
Peguei o remédio e bebi, não querendo discutir com ele naquele momento, mesmo que me sentisse completamente confusa. Ele se afastou, se sentando em uma poltrona no canto do quarto, ao lado de um armário onde eu podia ver dois porta-retratos. Minha atenção se focou neles, observando a foto de uma mulher de cabelos escuros com um bebê no colo, sorrindo tanto que eu podia sentir a felicidade dela. A outra era de uma mulher ruiva, enquanto abraçava um garoto que parecia ter 10 anos, ambos olhando para a foto e sorrindo. Podia ver as semelhanças do garoto e de Cold, sabendo que era ele.
—Quem são elas? —Indaguei, vendo-o me lançar um olhar demorado, erguendo uma das sobrancelhas, como se quisesse deixar claro que aquilo não era da minha conta. —Ouvi dizer que ninguém entra no seu apartamento. Então por que eu estou aqui?
—Você está fazendo muitas perguntas hoje. —Cold murmurou, com algo caloroso passando pelo rosto neutro quando me observou no meio da sua cama. Aquilo me deixou inquieta, ao mesmo tempo que meu sangue parecia ferver nas veias ao vê-lo me olhar daquela forma. —O que mais ouviu sobre mim?
—Que tem uma coleção de armas aqui. —Falei, vendo os olhos dele ficarem maiores, como se aquela informação fosse interessante. Ou talvez ele pudesse notar a curiosidade estampada no meu rosto. —Você realmente tem? Posso ver?
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Em Destruição
General FictionO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...