Em Destruição

Capítulo 48: Eu vou contar até cinco.

Eu, assim como todos os outros soldados ficamos de pé assim que o presidente se ergueu e analisou o rastreador nas mãos dele. Meu sangue estava gelado e meu peito subia e descia de forma acelerada. O presidente ergueu os olhos e varreu todos os soldados. Eu sentia cada músculo do meu corpo vibrar e meu cérebro funcionar mais rápido que o normal, enquanto a adrenalina corria solta pelo meu corpo.

Parei de respirar quando Cold chegou ao seu lado, analisando o que o pai segurava nas mãos, enquanto o presidente olhava para o rosto de cada soldado que estava no chão e se levantava. Por sorte eu era a mais baixa dali e não foi difícil meu corpo ser escondido pelos soldados que se ergueram na minha frente. Mas o medo ainda me consumia, porque Cold saberia nas mãos de quem aquilo estava antes.

—Pode me dizer o que é isso? —Ele mostrou o rastreador para Cold e eu engoli em seco, vendo os olhos de Cold se demorarem no objeto nas mãos no pai. Nenhuma expressão passou pelo rosto dele quando ergueu a cabeça e encarou o presidente.

—Um rastreador. —Cold respondeu simplesmente, enquanto o silêncio naquele corredor me permitia ouvir os batimentos irregulares do meu coração.

—E o que ele faz no meio dos soldados? —O presidente quase rosnou as palavras, enquanto eu sentia minha começar a se fechar a uma sensação de estar quase desmaiando quando meu cérebro parou de receber oxigênio. —Isso aqui estava com um de vocês. Eu quero saber agora mesmo quem era!

Eu encarei o chão ao ouvir a voz fria do presidente, como se ela pudesse partir o mundo ao meio em meio segundo. Não ousei olhar pra Cold e nem para o presidente. Estava tão imóvel que meus músculos até mesmo doíam pela força que eu usava para me manter no lugar e não dar qualquer sinal que me entregasse.

—Vocês sabem qual a consequência para quem não segue as regras. —O presidente prosseguiu, enquanto eu sentia o suor se concentrando nas minhas mãos pelo nervosismo. —Então eu sugiro que falem logo.

Finalmente ergui os olhos e me movi o suficiente para ver o presidente, vendo o rosto dele contorcido em pura fúria. Seus olhos avaliavam todos os soldados com extrema atenção, como se ele pudesse detectar qualquer traidor ali. Meu corpo me traiu, me fazendo olhar na direção de Cold. Aquelas duas íris verdes estavam sobre meu rosto, inexpressivas e apagadas. Não havia absolutamente nada lá naquele momento, mas a atenção dele em mim era a confirmação que eu precisava para ter certeza de que ele sabia que aquilo estava nas minhas mãos. Que eu havia tirado do seu escritório, se é que ele já não soubesse antes.

—Eu fiz uma pergunta! —O presidente vociferou, e meus pés se moveram levemente para trás no susto.

Meus olhos começaram a arder com lágrimas quentes e descontroladas, porque eu estava a beira de não conseguir mais esconder meus sentimentos no meio daquela situação, com todo o medo e o nervosismo que me consumiam. Mas eu observei Cold fazer um movimento quase imperceptível com a cabeça. Um único sinal negativo que eu sabia perfeitamente o que significava.

—Eu vou contar até cinco. —Ele começou a andar pelo corredor e analisar os soldados que abriam espaço assim que ele se aproximava. —Se ninguém se manifestar, Cold vai matar o primeiro soldado que eu apontar.

Arregalei os olhos e encarei Cold, vendo-o tirar a arma da cintura e analisar quantas balas tinha, com uma calma assustadora. Meu sangue gelou dos pés a cabeça, se tornando puro gelo em segundos, enquanto meu estômago afundava na sensação mais desagradável e desesperadora possível.

—Um... —O presidente começou, abrindo um sorriso que fez meu estômago virar brasa, trazendo ácido até minha boca. —Dois...

Fechei meus olhos com força e vi ele apontar para um dos soldados mais a frente, que deu um passos para trás como se fosse correr, enquanto engolia em seco. Os olhos desesperados varrendo todos os colegas, como se ele implorasse para que qualquer um deles falasse algo. Para que o culpado aparecesse.